São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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JUCA KFOURI

O Museu do Futebol


Um grupo de 12 pessoas está na origem desse espaço que a memória esportiva deve agradecer a José Serra

NO DIA 4 de março de 2005, dois meses depois de ter tomado posse de seu curto mandato como prefeito de São Paulo, o atual governador paulista, José Serra, chegou pontualmente às 21h30 em minha casa para participar de uma reunião.
Lembro bem porque ele foi o primeiro a chegar ao encontro que pedira, dias antes, que fosse organizado com gente que pudesse contribuir com uma idéia dele, a de se fazer um Museu do Futebol na cidade de São Paulo.
Alguns nomes o próprio Serra indicou, como o nosso PVC, que impressionava o político pela memória, objetividade e, quem sabe, por desconfiar que ambos tivessem alguma coisa em comum.
Sei que juntamos um belo time: Paulo Calçade, desses caras que sabem tudo, mas não fazem alarde; Celso Unzelte, pesquisador valioso e que acabou sendo essencial para que a coisa andasse, assim como Marcelo Duarte, o homem das curiosidades, que não foi à reunião, embora devidamente convidado, mas que levou as coisas adiante com a conhecida competência.
Mestre Alberto Helena Jr., do "Diário de S.Paulo" e do Sportv, também não pôde ir, mas mandou por escrito a opinião de que o lugar do museu só poderia ser o Pacaembu. José Trajano foi outra ausência sentida no encontro, porque poucos são tão criativos, basta ver a ESPN Brasil que dirige.
Mas Ugo Giorgetti foi e estava certo de que Serra queria salvar o Brasil pelo futebol.
Não era bem assim...
No entanto o diretor do melhor filme sobre futebol já feito por aqui ("Boleiros") e colunista de mão cheia do "Estadão" abrilhantou o papo que teve ainda a generosidade do ex-craque Raí, porque, afinal, Doutor Sócrates teria de ser representado (atenção, é uma brincadeira sem graça com o Raí, que certamente achará graça).
Mas teve mais: teve o editor do "Lance!", Walter de Mattos Junior, que nasceu para empreender; Soninha Francine, que, então, nem sonhava em ocupar, como agora pretende, o lugar que era de Serra e está com Gilberto Kassab, anfitrião da inauguração de amanhã.
Curioso foi que chamei para reunião outro fazedor por excelência, José Luiz Portella, que andava distante de Serra fazia tempo, dessas rusgas que só os tucanos de bico grosso são capazes de entender.
Pois se reaproximaram naquela noite e hoje trabalham juntos.
A bola une, não só pune.
Tudo isso para lembrar que a inauguração de amanhã, três anos e meio depois da primeira reunião, é dessas coisas raras que merecem ser saudadas. Porque coroa uma iniciativa singela que assumiu proporção impensável, graças, também, à associação com a Fundação Roberto Marinho e seu pessoal particularmente talentoso, além de Leonel Kaz, um dos mais inquietos e mobilizadores intelectuais deste país, curador e diretor do museu.
A cidade de São Paulo ganhou um programa imperdível, podem ter certeza a rara leitora e o raro leitor destas mal traçadas linhas.
Como merecem ser visitados os museus do Corinthians -espetacular- e do São Paulo, pioneiro, na Paulicéia. E o do Santos, em Santos.

blogdojuca@uol.com.br

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