São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Com o acesso do Criciúma, região terá um terço dos integrantes da 1ª divisão do Brasileiro na próxima temporada

Sul terá presença recorde na elite em 03

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O sotaque sulista estará presente como nunca no Brasileiro em 2003. Com o acesso do catarinense Criciúma, que garantiu a vaga na primeira divisão ao lado do cearense Fortaleza anteontem, a região mais meridional do país terá 8 das 24 equipes da Série A na próxima temporada.
Ou seja: 33% dos times da elite serão da região com menos Estados no Brasil. Desde 1971, quando a primeira edição do Nacional foi realizada, nunca a participação sulista foi tão grande.
Na verdade, o Sul, que ontem classificou o Grêmio às semifinais, conheceu um crescimento vertiginoso nos últimos dez anos.
Em 1992, a região estava no fundo do poço. O Grêmio havia sido rebaixado um ano antes, o Coritiba não conseguia sair da segunda divisão, e Santa Catarina estava fora da elite. Dessa forma, apenas dois times do Sul (Atlético-PR e Internacional) -ou 10% do total de participantes- estavam na Série A do maior torneio do país.
Com o surgimento de forças intermediárias, como Paraná, Figueirense e Juventude, a situação mudou. Em 2001, 23% dos times eram sulistas. Na atual temporada, a participação subiu para 27%.
Agora, além de contar com o acesso do Criciúma, a região vai crescer por não ter tido nenhum time rebaixado.
O crescimento sulista se deu, principalmente, pelo declínio da parte com mais tradição na bola.
Na mesma temporada em que o Sul agonizava, o Sudeste tinha a maioria dos sócios da elite. Em 1992, 13 dos 20 clubes da primeira divisão -65% do total- eram paulistas, mineiros ou cariocas.
Em 2003, o cenário será diferente. Com o rebaixamento de Botafogo, Palmeiras e Lusa, além do fracasso de seus clubes na segunda divisão, o Sudeste terá 11 equipes na Série A na próxima temporada -46% do total.
O Centro-Oeste, que viu o Gama cair neste ano, será outra parte do país que irá ter uma fatia menor na elite na próxima edição.
O futebol do Sul tem outras características inéditas. A região é a única em que todos os Estados jogam a Séria A. Isso ainda acontece de forma bem distribuída -são três gaúchos, três paranaenses e dois catarinenses.
Se premia clubes bem organizados, a ascensão sulista enche o Brasileiro de times com pouca presença de público nos estádios.
Pelo balanço oficial divulgado pela CBF ontem, o Paraná teve a segunda pior bilheteria entre os dez Estados que contam com representantes na primeira fase do Campeonato Brasileiro-2002.
O Rio Grande do Sul, mesmo com as boas campanhas de Grêmio e Juventude, teve a terceira pior média, enquanto Santa Catarina foi a quinta unidade da federação com menos gente nos estádios no atual Nacional.
Apesar de as vagas do acesso já estarem decididas, a Série B ainda vai fazer uma final. A decisão será realizada em dois jogos. O primeiro acontecerá no sábado, em Fortaleza. Por ter feito melhor campanha, o Criciúma será campeão em caso de empate nos pontos e no número de gols marcados.


Texto Anterior: Notas
Próximo Texto: Memória: Política deixou região debilitada na década de 70
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.