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Latinos reinam de novo, e latinas seguem zeradas
Enquanto os homens de países que falam a língua confirmam em 2004 sua superioridade
no futebol, as mulheres continuam em segundo plano, sem grandes conquistas mundiais
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano em que a Fifa celebrou
seu centenário, o futebol confirmou ser latino, no masculino.
Quase todas as principais disputas da modalidade mais popular
do planeta tiveram vitoriosos latinos. As exceções, como sempre,
foram os torneios femininos.
As competições da Fifa apresentam um domínio histórico incontestável dos latinos. Esses venceram, por exemplo, 13 das 17 Copas disputadas até hoje. Ganharam 78,5% dos Mundiais sub-10 e
saíram com o título de todas as
edições do Mundial de futsal, que
neste ano teve em Taiwan sua
quinta versão sob a tutela da Fifa.
Considerando todos os torneios
oficiais da máxima entidade do
futebol e todos os torneios olímpicos masculinos (só os mais recentes tiveram de fato a Fifa como
incentivadora e co-organizadora), são mais de 60% de troféus
para os países de línguas latinas.
Argentinos, brasileiros, espanhóis, franceses, italianos, mexicanos, portugueses e uruguaios
reinam conjuntamente com suas
taças e medalhas diante de todo o
resto do planeta que joga bola.
Neste ano, Argentina e Paraguai
disputaram o ouro em Atenas, fazendo a primeira final sul-americana dos Jogos desde 1928. Espanha e Itália decidiram o Mundial
de futsal. No que se refere a clubes, tanto a Europa quanto o planeta se curvaram ao Porto.
Porém as mulheres latinas não
repetem até agora o sucesso dos
homens. Neste ano, mais uma vez
a medalha de ouro olímpica ficou
com as americanas, e as alemãs
triunfaram sobre as chinesas na
decisão do Mundial sub-19.
Já foram realizados um total de
nove torneios para mulheres sob
a tutela da Fifa desde 1991, incluindo aqui os Jogos Olímpicos.
Todos os torneios foram vencidos
por seleções que não eram latinas.
Neste ano, aliás, pela primeira vez
uma seleção latina disputou um
título -o Brasil, sem adversários
à altura na América do Sul, surpreendeu e foi à final em Atenas.
Em quase todos os países latinos, o futebol é bastante desenvolvido, mas o mesmo não se repete com as mulheres, que não
encontram tantas barreiras para
jogar nos países mais frios da Europa e da América do Norte.
Muitos entendem que os latinos
têm uma característica machista.
No Brasil e em outros países latinos, as praticantes do futebol são
consideradas pouco femininas.
O Brasil, que vem começando a
obter melhores resultados entre
as mulheres (apesar de não ter
ainda uma liga nacional regular),
é o atual campeão da Copa, do
Mundial sub-20 e do Mundial
sub-17. As últimas três Copas foram vencidas por países latinos.
Desde o ouro de Camarões nos
Jogos de 2000, todos os torneios
para homens da Fifa acabam com
um latino no lugar mais alto do
pódio. A "fila" do resto do mundo
nos outros torneios é grande.
Desde 1995, uma equipe não-latina não vence Copa das Confederações e Mundial sub-17. Desde
1987, não vence Mundial sub-20.
Entre clubes, o único não-latino
que conseguiu título mundial
neste século foi o Bayern de Munique, que venceu o Mundial interclubes em 2001. A tradicional
disputa que começou em 1960 e
que teve sua última edição neste
ano teve só oito vezes campeão de
outra origem que não latina. O
único Mundial de Clubes da Fifa
foi decidido por times brasileiros.
A supremacia latina só não é
maior porque em Olimpíadas,
durante muitos anos, países do
leste europeu priorizavam a competição e usavam profissionais.
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