RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

"Tchau, Steffiiii!"
- Tchau? Andre, Jaden Gil está chorando, e você diz "tchau"? Onde vai com essa raqueteira?
- Melbourne. Você sabe, Aberto da Austrália...
- Andre, o que você vai fazer lá? Pelo amor de Deus! Esquece essa coisa de jogar. No Natal mesmo você falou que ia parar...
- Eu sei, mas neste ano vai ser muito fácil. Sabe como é, a galera lá gosta de mim, a grana é boa...
- Mas, Andre, você não tem chance. O Hewitt, o Safin, o Guga, vão estar todos lá. O Brad Gilbert ligou, falou que vai dar aquele Paradorn Sri-alguma coisa.
- Steffi, você acha que me preocupo com esses aí?
- Mas, Andre...
- Steffi, olha a chave. Tá fácil. Dá uma olhada: a estréia é contra o Brian Vahaly. Fala sério! Já ganhei dele uma vez. É para ganhar ritmo, trocar um pouco de bola...
- Mas, Andre...
- Na segunda rodada, vou estar bem. Vai ser contra o Hyung Taik-lee. Ele nunca ganhou de mim. Se bobear, meto três "pneus" nele. Se eu ficar com dó, dou um game (risinhos).
- Andre, você está delirando...
- Steffi, só na terceira rodada vou ter de jogar. Provavelmente contra o Nicolas Escude. Ele joga direitinho, saca certinho, mas, olha, 3 a 1, aposto (coça a careca).
- Andre, os jornalistas vão rir.
- Steffi, olha que interessante: lá na frente, posso pegar aquele moleque, o Guillermo Coria. Esse chato do Ievguêni Kafelnikov não avança nem a pau. E o Coria vai estar cansadão, acho que nem chega ao fim do jogo.
- Andre, você está brincando?
- Steffi, vou falar sério: nas quartas, pego o Sebastien Grosjean, tá? Aí, você não pode falar que estou brincando. Ele é bom. Mas vai ser bico: será algo do tipo 6/3, 6/2, 6/2...
- Andre, minha paciência já está acabando...
- Aí, nas semifinais, pego um veterano, o que acha? Podia ser o Wayne Ferreira, gente boa, está há tanto tempo buscando um título... Deixa eu ver: se no Grosjean eu meto 6/3, 6/2, 6/2, no Ferreira, 6/2, 6/2, 6/3, que tal (ri)?
- Quer parar de palhaçada?
- Steffi, eu vou ganhar. E, olha, a final vai ser o jogo mais fácil.
- Contra quem?
- Ah, sei lá. Pode ser um alemão. Aí, quero ver, você vai torcer por mim ou pelo seu compatriota (risos)? Humm... O que você acha desse Rainer Schuettler? Será que ele me aguenta numa final de Grand Slam (pisca para Steffi)?
- Chega de piada! Minha paciência acabou. Você faz o que quiser. Mas já aviso: você não vai além da terceira rodada. Vai passar vergonha e tomar insolação.
- Duvida?
- Duvido!
- E se eu ganhar, desse jeito que falei, hein, Steffi?
- Ah, sei lá! Não vai acontecer. É tão absurdo...
- Se acontecer... Deixa eu ver... Você vai ter de jogar duplas comigo em Roland Garros!
- O quê?
- Isso mesmo! Combinado?
- Ah, Andre, qualquer coisa. Mas, olha, quando perder, vê se não fica nervosinho, não vai reclamar do juiz, da bola, falar que o circuito é cansativo, que a Corrida dos Campeões é horrível, como você sempre faz, resmungão!
- Pode ir treinando, Steffi. Em Paris, a gente vai fazer dupla! Te espero em Melbourne para a final. Tchau, fui (gargalhada)!
- (suspiro)...

História entre os moços
Lleyton Hewitt bobeou, idem para Carlos Moyá, Roger Federer e Guga. Andre Agassi dificilmente bobeia em Grand Slams. Teve o direito de dar show na final. Mandou beijo para a torcida, deu uma piscadinha para Steffi Graf, levantou a taça. O resto todos já sabem.

Histórias entre as moças
Tamanho é o domínio das irmãs Williams que ninguém mais ousa dizer que o pai delas, Richard, controla as duas, a ponto de dizer quem vence. A diferença de jogo com o resto das garotas é grande. Quem não as suporta que veja os Grand Slams até as semifinais.

Convocação confirmada
Óbvia a convocação de Ricardo Mello para completar a equipe na Davis contra a Suécia. Kuerten, André Sá e Flávio Saretta também estarão em Helsinborg. Para Ricardo Acioly, o favoritismo é todo sueco, mas uma zebra "está cada vez mais perto de acontecer".

E-mail reandaku@uol.com.br


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