São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Para ex-treinador da seleção sub-23, problema foi que jogadores não se apresentaram em boas condições físicas

Gomes sai, elogia time e nega indisciplina

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Ao deixar ontem o cargo de técnico da seleção sub-23, Ricardo Gomes absolveu os jogadores pela não-classificação da equipe para os Jogos de Atenas.
Ele negou que os atletas tenham cometido algum ato de indisciplina, mas reclamou das más condições físicas em que a maioria teria se apresentado à seleção -no Brasil, os jogadores vivam o final da temporada quando começaram a treinar no final de 2003.
"Se não conseguimos a classificação, a culpa foi minha", declarou Gomes, repetindo o discurso adotado momentos depois da derrota para o Paraguai, no domingo, que eliminou o Brasil do Pré-Olímpico.
"Eu convoquei os atletas, escalei o time, decidi o esquema tático. Assumo todas as responsabilidades", disse o treinador.
"Já os jogadores foram sempre muito dedicados, e não houve problema de indisciplina em nenhum momento. Culpar as brincadeiras [pela eliminação da seleção] não é justo. Na verdade, os jogadores não chegaram em boas condições físicas. Isso pesou", disse Gomes, que se reuniu com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, por cerca de 30 minutos no final da tarde de ontem.
A atitude de Robinho, que abaixou o calção de Diego diante dos fotógrafos no início da competição, foi considerada um ato isolado pelo treinador. "Aquilo foi desagradável. Mesmo assim, ele pediu desculpas a todo o grupo", disse o ex-zagueiro da seleção na Copa de 90, quando o Brasil foi eliminado nas oitavas-de-final.
Mesmo com a desclassificação do time, Gomes disse que não mexeria no grupo. "Se tivesse de convocar a seleção novamente, chamaria os mesmos atletas. O que nos faltou foram os gols. Se as oportunidades tivessem sido aproveitadas, a situação seria outra hoje", disse Gomes.
O treinador disse que a seleção sentiu falta do volante Fábio Rochemback, do Sporting, na partida contra os paraguaios. Rochemback cumpriu suspensão automática na partida final.
Contratado pela CBF em dezembro de 2002 para comandar o time até a Olimpíada, Gomes ganhava R$ 60 mil mensais.
Depois da experiência fracassada na CBF, Gomes disse que quer "aproveitar o tempo para repensar o que aconteceu". "Depois, vou dar prosseguimento ao meu trabalho como treinador."
No ano passado, Gomes recebeu proposta do São Paulo, do Paris Saint-Germain, da França, e do Benfica, de Portugal, para deixar a seleção, mas preferiu prosseguir o trabalho de tentar levar o Brasil ao inédito ouro olímpico -os Jogos acontecem de 13 a 29 de agosto.
Enquanto Gomes deixava oficialmente a seleção, o também ex-jogador Branco, chefe da delegação no Chile, não se reuniu com Teixeira.
Ele está em Bagé (RS) e, assim, ainda não entregou o relatório que preparou sobre a campanha do time no Pré-Olímpico para a cúpula da CBF. No texto, não poupa críticas aos santistas Diego e Robinho.


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