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FUTEBOL
Para ex-treinador da seleção sub-23, problema foi que jogadores não se apresentaram em boas condições físicas
Gomes sai, elogia time e nega indisciplina
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Ao deixar ontem o cargo de técnico da seleção sub-23, Ricardo
Gomes absolveu os jogadores pela não-classificação da equipe para os Jogos de Atenas.
Ele negou que os atletas tenham
cometido algum ato de indisciplina, mas reclamou das más condições físicas em que a maioria teria
se apresentado à seleção -no
Brasil, os jogadores vivam o final
da temporada quando começaram a treinar no final de 2003.
"Se não conseguimos a classificação, a culpa foi minha", declarou Gomes, repetindo o discurso
adotado momentos depois da
derrota para o Paraguai, no domingo, que eliminou o Brasil do
Pré-Olímpico.
"Eu convoquei os atletas, escalei
o time, decidi o esquema tático.
Assumo todas as responsabilidades", disse o treinador.
"Já os jogadores foram sempre
muito dedicados, e não houve
problema de indisciplina em nenhum momento. Culpar as brincadeiras [pela eliminação da seleção] não é justo. Na verdade, os
jogadores não chegaram em boas
condições físicas. Isso pesou",
disse Gomes, que se reuniu com o
presidente da CBF, Ricardo Teixeira, por cerca de 30 minutos no
final da tarde de ontem.
A atitude de Robinho, que abaixou o calção de Diego diante dos
fotógrafos no início da competição, foi considerada um ato isolado pelo treinador. "Aquilo foi desagradável. Mesmo assim, ele pediu desculpas a todo o grupo",
disse o ex-zagueiro da seleção na
Copa de 90, quando o Brasil foi
eliminado nas oitavas-de-final.
Mesmo com a desclassificação
do time, Gomes disse que não
mexeria no grupo. "Se tivesse de
convocar a seleção novamente,
chamaria os mesmos atletas. O
que nos faltou foram os gols. Se as
oportunidades tivessem sido
aproveitadas, a situação seria outra hoje", disse Gomes.
O treinador disse que a seleção
sentiu falta do volante Fábio Rochemback, do Sporting, na partida contra os paraguaios. Rochemback cumpriu suspensão
automática na partida final.
Contratado pela CBF em dezembro de 2002 para comandar o
time até a Olimpíada, Gomes ganhava R$ 60 mil mensais.
Depois da experiência fracassada na CBF, Gomes disse que quer
"aproveitar o tempo para repensar o que aconteceu". "Depois,
vou dar prosseguimento ao meu
trabalho como treinador."
No ano passado, Gomes recebeu proposta do São Paulo, do Paris Saint-Germain, da França, e do
Benfica, de Portugal, para deixar a
seleção, mas preferiu prosseguir o
trabalho de tentar levar o Brasil ao
inédito ouro olímpico -os Jogos
acontecem de 13 a 29 de agosto.
Enquanto Gomes deixava oficialmente a seleção, o também ex-jogador Branco, chefe da delegação no Chile, não se reuniu com
Teixeira.
Ele está em Bagé (RS) e, assim,
ainda não entregou o relatório
que preparou sobre a campanha
do time no Pré-Olímpico para a
cúpula da CBF. No texto, não
poupa críticas aos santistas Diego
e Robinho.
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