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FUTEBOL
Tudo contra o favoritismo
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
O mundo considera a seleção
brasileira favorita na Copa
da Alemanha.
Não é para menos, tantos são os
talentos extraordinários que o time reúne.
Fosse um torneio em pontos
corridos e, sem dúvida, em condições normais, com todas as estrelas 100%, o hexacampeonato estaria no papo.
Mas não está. Ao contrário.
A Copa do Mundo de 2006 será
uma pedreira quase intransponível para os brasileiros.
Terão de vencer em campo e fora dele e não contarão com a tradicional boa vontade das arbitragens, como aquela, por exemplo,
que inexplicavelmente anulou
um gol belga, na Copa de 2002, ou
inverteu a falta que valeu a vitória diante da Holanda, em 1994.
Na Ásia, o árbitro era da Jamaica(!). Na América do Norte, da
Costa Rica(!!).
Certamente, não os mais indicados para jogos tão importantes,
já na fase dos mata-matas.
E não vai aqui nenhuma teoria
conspiratória, como foi tachado
comentário semelhante em meu
blog no UOL.
Acontece, em primeiro lugar,
que o próprio presidente da CBF
já declarou um dia, numa festa,
sem saber que perto dele estava o
repórter Bob Fernandes, em Beverly Hills, durante a Copa de
1994, que não se é campeão mundial apenas dentro de campo.
Por acaso, falou logo depois da
vitória diante da Holanda.
Ricardo Teixeira, lembremos, é
vice-presidente da Comissão de
Arbitragem da Fifa, e não por
causa de seu conhecimento das 17
regras do futebol, que simplesmente inexiste.
Em segundo lugar, a sexta conquista nacional, segunda em gramado europeus (a primeira foi na
Suécia, em 1958, meio assim de
surpresa), com Teixeira em busca
do posto de Joseph Blatter na Fifa,
será considerada como ofensa e
um risco político, além de pôr em
perigo o próprio equilíbrio da
competição.
Ainda mais se considerarmos
que a Copa de 2010 será disputada em campo neutro, na África
do Sul (como o Chile, em 1962, os
Estados Unidos, em 1994, e a Ásia,
em 2002), e a de 2014, talvez, no
Brasil, onde ninguém acredita
que a seleção possa perder outra
vez, como em 1950.
Ou seja, o hexa terá tudo para
ser prenúncio do hepta e do octa,
sinônimos de monotonia para o
negócio do futebol.
E nem se leve em consideração a
idéia de que sempre que a seleção
sai do Brasil como favorita acaba
por perder. Até porque, em 1962,
foi para o Chile como tal e voltou
como autêntica bicampeã.
Mas estarão em ação muito
mais que forças ocultas, porque,
se ocultas fossem, as cabeças que
comandam o futebol não se oporiam tão intransigentemente à
modernização das arbitragens.
Basta ver o esforço que se fez na
última Copa para levar o mais
adiante possível os anfitriões japoneses e sul-coreanos.
É claro que o talento dos gênios
brasileiros pode destruir qualquer
esquema.
Mas eles terão de estar conscientes do tamanho do desafio,
mesmo que não admitam publicamente a temida armação.
Metamorfose
Ex-sócio de Pelé, Hélio Viana, em seu longo depoimento à Comissão
Parlamentar de Inquérito da CBF-Nike, em 3 de abril de 2001, foi categórico ao dizer que sua sociedade com o Rei do Futebol se limitava
à participação na Pelé Sports & Marketing, no Brasil. Nas outras empresas agia, no máximo, como procurador. Eis que agora ele pleiteia,
na Justiça, nada menos do que 40% de todos os negócios do "Atleta
do Século", esquecido do que disse na Câmara dos Deputados.
Globalização
Pelo nível da arbitragem na partida da quarta-feira passada entre o
Palmeiras e o venezuelano Deportivo Táchira, com dois gols irregulares, dá para reafirmar o de sempre: o problema do apito é poliglota.
Apita-se mal em todas as línguas.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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