São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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JUCA KFOURI

Lula e Mané Garrincha


Raras vezes se viu o presidente da República tão por inteiro como na entrevista dada à ESPN Brasil

LULA DEU um verdadeiro show na entrevista à ESPN Brasil levada ao ar no sábado.
O presidente foi bem-humorado, simpático, sedutor, atributos que explicam muito de sua extraordinária popularidade, além da clara proximidade com a população mais pobre do país.
Mas, por favor, se você leu até aqui vá até o fim, para evitar quaisquer mal-entendidos.
Lula disse coisas que esta coluna assinaria, como a crítica ao mau uso do dinheiro público e às reeleições sem fim dos cartolas. Também endossaria sua preferência por Mané Garrincha como segundo melhor jogador que viu jogar em sua vida.
E com Mané, diga-se, parece que Sua Excelência aprendeu a driblar.
Sim, porque como já apontou no domingo passado o agora vovô Tostão (bem-vindo ao clube!), nada parece ser com ele, tudo ocorre ao largo, como se o presidente da República fosse você, ou os entrevistadores, ou eu, qualquer um, menos ele.
Ora, é evidente que o presidente da República não pode determinar que não haja mais de uma reeleição no COB ou na CBF. Mas pode, perfeitamente, induzir para que assim seja, não só em suas manifestações públicas e nas privadas junto aos próprios cartolas, como quando sanciona uma lei ou edita uma medida provisória. Ocorre que, em regra, neste governo, que distribuiu dinheiro ao esporte, de fato, como nunca dantes neste país, tudo o que se fez não exigiu contrapartida da cartolagem. E Lula é culpado sim.
Não só porque garantiu, por exemplo, que faria a Timemania por projeto de lei e acabou assinando-a numa MP como, também, porque está em via de assinar outra, consagrando a Timemania 2, o que, aliás, era pedra cantada.
Ora, Lula diz não ter culpa se o dinheiro do Pan-2007 foi mal utilizado e que o TCU está aí para fiscalizar, mas está fazendo tudo igual em relação à fantasiosa candidatura olímpica. (Por sinal, parece mentira, o que se diz é que o TCU só apresentará seu demolidor parecer final sobre o Pan depois que o Rio for alijado da disputa olímpica, para não atrapalhar o projeto...). Assim é cômodo ser presidente da República na base do não sei, não sabia, não vi, apenas assinei, que culpa eu tenho etc.
Na entrevista aos companheiros da ESPN Brasil, e registre-se que não houve vetos a ninguém, Lula mais parecia um prestidigitador do que alguém responsável pelos destinos do país, tamanho seu nenhum compromisso com os fatos que comentou, além de confundir inclusão social pelo esporte com a proliferação de torneios como a Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Não bastasse isso tudo e eis que a Lei Pelé está em vias de ser mudada sob inspiração do ex-presidente do Vitória e deputado José Rocha, enorme pedra mesmo no caminho da transparência.

Kirrata
O Corinthians Paranaense de J. Malucelli nada tem a ver com Vanderlei Luxemburgo como aqui publicado na segunda. O parceiro paranaense do técnico, e dono do Iraty, é Sérgio Malucelli, primo de Joel, que tem relações atritadas com o parente. Ficam aqui as desculpas ao leitor e à direção do Corinthians Paulista.

blogdojuca@uol.com.br


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