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FUTEBOL
Gilmar Machado (PT-MG), da comissão que analisa a Lei Pelé, quer usar imposto no esporte de base
Parceiros da bola podem ser taxados
MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio
As parcerias entre clubes de futebol e empresas ou bancos passarão a ter seus valores taxados para
financiar a formação de atletas,
inclusive de outras modalidades,
em clubes menores, se vingar
uma proposta do deputado federal Gilmar Machado (PT-MG).
Ele é vice-presidente da comissão mista do Congresso que prepara o projeto de conversão da
medida provisória que alterou a
Lei Pelé. O objetivo é apresentar
sugestões para aperfeiçoar a MP.
Machado informou à Folha que
vai propor ao relator da comissão,
senador Maguito Vilela (PMDB-GO), a criação de um fundo nacional para remunerar os clubes
formadores de atletas, que depois
se transferem para outras agremiações.
Esse fundo seria constituído de
recursos oriundos de bingos, loterias e também de percentuais a serem cobrados sobre os contratos
de parceria e outros que resultem
em receita para os grandes clubes,
como os de transmissão de partidas de futebol pela TV.
No caso das parcerias, o índice
estudado é de 1 a 2%.
"Os clubes participam de campeonatos organizados por entidades que gozam de benefícios fiscais, como a CBF. As redes de televisão, que são concessões públicas, também têm direito a reduções de tributos. Então, é justo
que os clubes que participam desses campeonatos e fazem contratos com as TVs contribuam para
o fundo", diz Machado.
O dinheiro ficaria depositado
em fundos estaduais, ligados às
Secretarias de Esporte, que seriam
responsáveis pela administração
dos recursos e pelos repasses aos
clubes menores.
Segundo Machado, a taxação
atingiria parcerias já existentes,
como a do Flamengo com a suíça
ISL ou a do Corinthians com o
fundo norte-americano HMTF.
"Quero pegar todo mundo", diz.
Amanhã será realizada a última
audiência pública da comissão
mista. Depois, Maguito Vilela terá
uma semana para elaborar seu relatório preliminar. Só então os
parlamentares da comissão poderão apresentar suas propostas.
Compensação
De acordo com o deputado, o
fundo representaria uma espécie
de compensação para clubes que
formam atletas e depois não conseguem evitar que eles sejam contratados por grandes times de futebol, os quais, graças à sua popularidade, conseguem firmar valiosos contratos de parceria.
"O Pinheiros, que é um grande
formador de atletas em São Paulo,
não ganha nada quando perde
um deles", exemplifica Machado.
"Como esses clubes podem manter suas escolinhas, se isso continuar acontecendo sempre?", diz o
deputado.
Um dos maiores exemplos de
cooptação é o Vasco, que, após estabelecer uma parceria com o
Bank of America, em 1998, reforçou suas equipes de esportes
olímpicos com atletas de outros
clubes. Só no ano passado, o clube
carioca desembolsou R$ 17,8 milhões no projeto de se tornar uma
potência olímpica, com investimentos em 24 modalidades.
O Vasco contratou, por exemplo, os principais nomes da Funilense, do interior paulista, mais
tradicional clube brasileiro no
atletismo. O velocista Claudinei
Quirino, medalha de ouro no
Pan-Americano de Winnipeg, foi
um dos contratados.
O investimento vascaíno no
atletismo (R$ 2,4 milhões) só foi
menor que no basquete (R$ 4 milhões) e na natação (R$ 3,6 milhões). Nesses esportes, o Vasco
passou a contar, entre outros,
com os nadadores Gustavo Borges e Fabíola Molina e com o técnico de basquete Hélio Rubens.
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