São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


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FUTEBOL
Gilmar Machado (PT-MG), da comissão que analisa a Lei Pelé, quer usar imposto no esporte de base
Parceiros da bola podem ser taxados

MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio

As parcerias entre clubes de futebol e empresas ou bancos passarão a ter seus valores taxados para financiar a formação de atletas, inclusive de outras modalidades, em clubes menores, se vingar uma proposta do deputado federal Gilmar Machado (PT-MG).
Ele é vice-presidente da comissão mista do Congresso que prepara o projeto de conversão da medida provisória que alterou a Lei Pelé. O objetivo é apresentar sugestões para aperfeiçoar a MP.
Machado informou à Folha que vai propor ao relator da comissão, senador Maguito Vilela (PMDB-GO), a criação de um fundo nacional para remunerar os clubes formadores de atletas, que depois se transferem para outras agremiações.
Esse fundo seria constituído de recursos oriundos de bingos, loterias e também de percentuais a serem cobrados sobre os contratos de parceria e outros que resultem em receita para os grandes clubes, como os de transmissão de partidas de futebol pela TV.
No caso das parcerias, o índice estudado é de 1 a 2%.
"Os clubes participam de campeonatos organizados por entidades que gozam de benefícios fiscais, como a CBF. As redes de televisão, que são concessões públicas, também têm direito a reduções de tributos. Então, é justo que os clubes que participam desses campeonatos e fazem contratos com as TVs contribuam para o fundo", diz Machado.
O dinheiro ficaria depositado em fundos estaduais, ligados às Secretarias de Esporte, que seriam responsáveis pela administração dos recursos e pelos repasses aos clubes menores.
Segundo Machado, a taxação atingiria parcerias já existentes, como a do Flamengo com a suíça ISL ou a do Corinthians com o fundo norte-americano HMTF. "Quero pegar todo mundo", diz.
Amanhã será realizada a última audiência pública da comissão mista. Depois, Maguito Vilela terá uma semana para elaborar seu relatório preliminar. Só então os parlamentares da comissão poderão apresentar suas propostas.

Compensação
De acordo com o deputado, o fundo representaria uma espécie de compensação para clubes que formam atletas e depois não conseguem evitar que eles sejam contratados por grandes times de futebol, os quais, graças à sua popularidade, conseguem firmar valiosos contratos de parceria.
"O Pinheiros, que é um grande formador de atletas em São Paulo, não ganha nada quando perde um deles", exemplifica Machado. "Como esses clubes podem manter suas escolinhas, se isso continuar acontecendo sempre?", diz o deputado.
Um dos maiores exemplos de cooptação é o Vasco, que, após estabelecer uma parceria com o Bank of America, em 1998, reforçou suas equipes de esportes olímpicos com atletas de outros clubes. Só no ano passado, o clube carioca desembolsou R$ 17,8 milhões no projeto de se tornar uma potência olímpica, com investimentos em 24 modalidades.
O Vasco contratou, por exemplo, os principais nomes da Funilense, do interior paulista, mais tradicional clube brasileiro no atletismo. O velocista Claudinei Quirino, medalha de ouro no Pan-Americano de Winnipeg, foi um dos contratados.
O investimento vascaíno no atletismo (R$ 2,4 milhões) só foi menor que no basquete (R$ 4 milhões) e na natação (R$ 3,6 milhões). Nesses esportes, o Vasco passou a contar, entre outros, com os nadadores Gustavo Borges e Fabíola Molina e com o técnico de basquete Hélio Rubens.


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