|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TÊNIS
Uma questão de força?
THALES DE MENEZES
O comentário geral dá conta
que Gustavo Kuerten está aproveitando uma chave fácil em Miami. Ontem, contra o limitadíssimo Gianluca Pozzi, o brasileiro
jogou mal, mas teve a concentração necessária para fechar os pontos, apesar de deixar a coisa ir para o tie-break no segundo set.
Parece que Kuerten está demonstrando certa capacidade de
adequar seu jogo ao adversário do
outro lado da rede. Contra Goran
Ivanisevic, que saca forte, mostrou uma devolução consistente e
também sacou forte.
Diante de Pozzi, que é um rebatedor de fundo de quadra sem a
mínima iniciativa, Kuerten teve
paciência para trocar bolas até dizer chega. Pode ter sido irritante
para a torcida, mas foi um jogo
dominado pelo brasileiro.
Se Kuerten mantiver essa postura, que bom será quando ele pegar
pela frente Andre Agassi ou Pete
Sampras. Será que ele também
responderá à altura?
Pode ser. Como talento Kuerten
tem de sobra, o mais importante é
vê-lo jogar com a cabeça tranquila, concentrado, confiando no taco. Jogando assim, e sacando direitinho, tudo fica mais fácil.
Em 1993, este jornal publicou
um caderno especial sobre tênis. O
mote, o assunto que era o foco
central da edição, era o saque e
sua influência no estágio do tênis
profissional há sete anos.
Agora, algumas reportagens
destacando o bom aproveitamento de Kuerten no saque durante
esta temporada fez muito leitor
escrever para a coluna.
As perguntas, de gente que pratica tênis há tempos e de novatos,
giravam em torno da importância do saque nos resultados do circuito profissional. Na verdade,
não dá para falar de tênis sem entrar nessa história.
O saque está sendo o grande
"acelerador" do esporte nos últimos anos. Ter um bom serviço virou quesito fundamental para ser
jogador profissional. Agora, o que
é ter um bom saque?
Dar um mundo de aces é a resposta mais óbvia, mas não a mais
correta. Tudo bem, ter um canhão
no lugar do braço sempre ajuda e,
às vezes, prolonga a carreira de
um tenista. O croata Goran Ivanisevic, que perdeu de Kuerten em
Miami, já dependia demais de seu
saque quando era jovem. Agora,
veterano, solta a bomba e tenta
matar logo o ponto.
Quando alguém pergunta quem
é o melhor sacador do tênis atual,
as respostas costumam citar os
nomes de Mark Philippoussis,
Greg Rusedski, Richard Krajicek e
ainda Ivanisevic. Discordo.
Na verdade, o grande sacador é
mesmo Pete Sampras. Não é o líder do ranking de aces, é verdade,
mas apenas por uma escolha tática. Ele prefere deslocar o adversário e fechar o ponto na segunda
rebatida. E cumpre seu objetivo
com uma precisão humilhante.
Agassi vai na mesma linha. Joga
o sujeito para um lado da quadra
e mata o ponto devolvendo a bola
seguinte no canto desprotegido.
Ontem, contra Pozzi, Kuerten
mostrou que já está sacando forte.
Falta apenas sacar bem.
NOTAS
Muita esmola
Notícias de Miami ventilam
que os organizadores do Ericsson Open planejam fazer um
torneio da mesma importância
no Brasil, ou melhor, no Rio de
Janeiro, a partir de 2001 ou
2002. Teria chaves masculina e
feminina, com mais de US$ 5
milhões em prêmios. Olha, que
venham os dólares, mas uma
história dessas não pode ser recebida sem desconfiança. Afinal, com tantas dificuldades
para montar qualquer campeonatinho por aqui, agora
vem alguém e despeja uma caminhão de grana? Como diz o
ditado, quando a esmola é
muita, o santo desconfia. Vamos esperar para ver.
Ninguém segura
Existem certas apostas que
podem ser feitas com tranquilidade. Foi assim com Marcelo
Ríos, que despontava desde
moleque. Agora, Lleyton Hewitt confirma tudo o que se falava dele há mais de um ano. O
moleque é o demônio.
E-mail thalesmenezes@uol.com.br
Thales de Menezes escreve às quartas
Texto Anterior: FIA irá julgar McLaren só na segunda Próximo Texto: + Esporte - Eletrônica: "F1 2000" chega ao país com textos e som em português Índice
|