São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


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TÊNIS
Uma questão de força?

THALES DE MENEZES

O comentário geral dá conta que Gustavo Kuerten está aproveitando uma chave fácil em Miami. Ontem, contra o limitadíssimo Gianluca Pozzi, o brasileiro jogou mal, mas teve a concentração necessária para fechar os pontos, apesar de deixar a coisa ir para o tie-break no segundo set.
Parece que Kuerten está demonstrando certa capacidade de adequar seu jogo ao adversário do outro lado da rede. Contra Goran Ivanisevic, que saca forte, mostrou uma devolução consistente e também sacou forte.
Diante de Pozzi, que é um rebatedor de fundo de quadra sem a mínima iniciativa, Kuerten teve paciência para trocar bolas até dizer chega. Pode ter sido irritante para a torcida, mas foi um jogo dominado pelo brasileiro.
Se Kuerten mantiver essa postura, que bom será quando ele pegar pela frente Andre Agassi ou Pete Sampras. Será que ele também responderá à altura?
Pode ser. Como talento Kuerten tem de sobra, o mais importante é vê-lo jogar com a cabeça tranquila, concentrado, confiando no taco. Jogando assim, e sacando direitinho, tudo fica mais fácil.
Em 1993, este jornal publicou um caderno especial sobre tênis. O mote, o assunto que era o foco central da edição, era o saque e sua influência no estágio do tênis profissional há sete anos.
Agora, algumas reportagens destacando o bom aproveitamento de Kuerten no saque durante esta temporada fez muito leitor escrever para a coluna.
As perguntas, de gente que pratica tênis há tempos e de novatos, giravam em torno da importância do saque nos resultados do circuito profissional. Na verdade, não dá para falar de tênis sem entrar nessa história.
O saque está sendo o grande "acelerador" do esporte nos últimos anos. Ter um bom serviço virou quesito fundamental para ser jogador profissional. Agora, o que é ter um bom saque?
Dar um mundo de aces é a resposta mais óbvia, mas não a mais correta. Tudo bem, ter um canhão no lugar do braço sempre ajuda e, às vezes, prolonga a carreira de um tenista. O croata Goran Ivanisevic, que perdeu de Kuerten em Miami, já dependia demais de seu saque quando era jovem. Agora, veterano, solta a bomba e tenta matar logo o ponto.
Quando alguém pergunta quem é o melhor sacador do tênis atual, as respostas costumam citar os nomes de Mark Philippoussis, Greg Rusedski, Richard Krajicek e ainda Ivanisevic. Discordo.
Na verdade, o grande sacador é mesmo Pete Sampras. Não é o líder do ranking de aces, é verdade, mas apenas por uma escolha tática. Ele prefere deslocar o adversário e fechar o ponto na segunda rebatida. E cumpre seu objetivo com uma precisão humilhante.
Agassi vai na mesma linha. Joga o sujeito para um lado da quadra e mata o ponto devolvendo a bola seguinte no canto desprotegido.
Ontem, contra Pozzi, Kuerten mostrou que já está sacando forte. Falta apenas sacar bem.

NOTAS

Muita esmola
Notícias de Miami ventilam que os organizadores do Ericsson Open planejam fazer um torneio da mesma importância no Brasil, ou melhor, no Rio de Janeiro, a partir de 2001 ou 2002. Teria chaves masculina e feminina, com mais de US$ 5 milhões em prêmios. Olha, que venham os dólares, mas uma história dessas não pode ser recebida sem desconfiança. Afinal, com tantas dificuldades para montar qualquer campeonatinho por aqui, agora vem alguém e despeja uma caminhão de grana? Como diz o ditado, quando a esmola é muita, o santo desconfia. Vamos esperar para ver.

Ninguém segura
Existem certas apostas que podem ser feitas com tranquilidade. Foi assim com Marcelo Ríos, que despontava desde moleque. Agora, Lleyton Hewitt confirma tudo o que se falava dele há mais de um ano. O moleque é o demônio.

E-mail thalesmenezes@uol.com.br


Thales de Menezes escreve às quartas

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