São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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Brasil sai do 0 no ano, sem Ronaldo e com goleada

Balazs Gardi/Reuters
O atacante Luis Fabiano, que fez dois gols no amistoso de ontem, divide com adversário durante a vitória do Brasil sobre a Hungria


Desfalcada do artilheiro, seleção faz 4 a 1 na Hungria, destaca parceria Kaká/Luis Fabiano e registra melhor performance no ataque na atual gestão de Parreira

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE

O Brasil de Carlos Alberto Parreira encontrou enfim o caminho do gol. E justamente quando não alinhou o seu principal atacante.
Com Ronaldo machucado em Madri, o time venceu ontem, em Budapeste, a Hungria por 4 a 1.
Quem mais brilhou foi justamente o substituto do artilheiro da Copa-2002. O são-paulino Luis Fabiano marcou duas vezes.
Segundo os dados da CBF, foi a primeira vitória brasileira sobre os húngaros, mas a entidade não leva em conta um triunfo obtido no Pacaembu em 1965.
A "quebra do tabu" e a fartura de gols aconteceram depois de uma tenebrosa série de muitos empates (sete em 14 jogos) e poucos gols (15) da gestão Parreira -que também nunca antes havia feito quatro gols em uma partida.
E no grosso dela Ronaldo estava em campo. Com exceção de amistoso com a Nigéria e os três jogos da Copa das Confederações, quando Parreira deu descanso para os medalhões, ele participou das outras dez partidas disputadas pela seleção. E nelas o time fez apenas nove gols -ontem marcou pela primeira vez em 2004, depois de registrar empates em 0 a 0 com Irlanda e Paraguai.
Com quatro mudanças em relação ao time que empatou com o Paraguai, no mês passado, o Brasil foi bem desde o início da partida, que serviu de homenagem para Zagallo -ele ultrapassou a marca de 250 jogos na seleção.
O entrosamento de Kaká e Luis Fabiano, que fizeram dupla no São Paulo por quase dois anos, ajudou muito no sucesso do time.
Os dois tiveram as melhores chances da primeira etapa, como aos 23min, quando o jogador do Milan recebeu passe de Luis Fabiano e ficou livre para marcar, mas chutou à esquerda da trave defendida pelo goleiro Babos.
Na sua segunda grande oportunidade, aos 33min, Kaká quebrou o jejum de gols da seleção, que já ultrapassava os 200 minutos. Ele aproveitou uma jogada iniciada por Ronaldinho e Luis Fabiano para chutar, da entrada da pequena área, com força para marcar.
A dupla são-paulina novamente funcionou aos 36min. Pela esquerda, após meter a bola no meio das pernas de um rival, Kaká chutou sem força, mas o goleiro húngaro deu rebote, aproveitado por Luis Fabiano. Cumprindo a promessa que fez de se tornar um "homem de confiança" para Parreira, o atacante fez o terceiro do Brasil aos 45min, após cruzamento rasteiro de Roberto Carlos.
No intervalo, Parreira cumpriu a promessa de fazer substituições por atacado, prática rara nas equipes que treina. De uma só vez, ele colocou três novatos -Mancini, Dedê e Edu- nos postos de Cafu, Roberto Carlos e Zé Roberto, três dos intocáveis da seleção.
A mudança fez o Brasil cair de produção, e a Hungria, até então presa fácil, descontou aos 11min, em um contra-ataque. Torghelle, que recebeu a bola em impedimento, chutou e, aproveitando o rebote de Dida, marcou.
A possibilidade de reação da Hungria não fez Parreira parar com os testes que prometeu. Aos 15min, Kaká e Juninho Pernambucano saíram para as entradas de Alex e Júlio Baptista.
Com o jogo em ritmo morno, Roberto Carlos usava o celular e participava das "olas" da torcida. Em campo, Luis Fabiano se irritou com uma marcação do juiz e reclamou de forma ostensiva.
Logo depois, foi a vez de Bordon entrar. Mesmo com o time desmontado, o Brasil teve um fecho de ouro para a sua apresentação. Aos 31min, Ronaldinho recebeu na área, escapou de dois defensores e driblou o goleiro antes de chutar para marcar o quarto gol.
"O gol foi importante para mim e para o time. Consegui jogar no mesmo nível do que no Barcelona", disse ele, que deu lugar a Felipe na sétima substituição feita por Parreira, que havia prometido ao menos três. Só o volante Renato e o goleiro Marcos não jogaram.


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