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JUCA KFOURI
Algum morto? E quantos feridos?
Um domingo de decisões pelo Brasil. Dia de festa? Ou de preocupações? O país do futebol é uma esculhambação
HOJE TEM decisão pelo Brasil
afora e no eixo mais forte de
nosso futebol.
Este espaço deveria ser destinado
ao óbvio: analisar os jogos, fazer previsões para serem desmentidas pelos fatos, apontar favoritos para irritar os torcedores dos não favoritos,
essas coisas.
Mas, não.
Até porque é claro que o Santos é
favorito diante do São Caetano, como era o São Paulo...
Assim como o Grêmio ante o Juventude, o Paraná Clube contra o
Paranavaí e assim por diante, embora seja menos evidente o favoritismo dos embalados Botafogo e Galo
nas partidas do Maracanã e do Mineirão, as que mais preocupam do
ponto de vista da segurança.
E é disso que se tratará aqui.
É preciso ser imprudente para ir a
um jogo desses hoje no Brasil.
E é preciso ser irresponsável para
levar uma criança ao estádio. O que
terá reflexo no futuro, porque cada
vez mais formamos o torcedor de
poltrona e cada vez menos as novas
gerações têm aquilo que as antigas
tiveram, o vínculo com o futebol
nascido do hábito de ir aos estádios
pelas mãos do pai, coisa tão bem retratada no livro "Febre de Bola", do
inglês Nick Hornby, traduzido para
o português pela Editora Rocco.
Se até um Corinthians e Náutico
propicia as cenas que se viram, mais
uma vez, no Pacaembu, imagine
clássicos decisivos entre times de
grandes massas.
O fenômeno, como se sabe, não é
de hoje, não é exclusividade nacional e tem a ver com o surgimento
das tais torcidas organizadas.
A solução não é simples, não comporta mais avaliações superficiais,
mas existe, como ficou claramente
demonstrado na Inglaterra.
Por aqui até um bem feito diagnóstico sobre a questão está pronto,
elaborado pela Comissão Paz no Esporte, do governo federal.
Só que seu responsável, Marco
Aurélio Klein, acaba de pedir exoneração sem que nada de prático tenha
acontecido e sem que o Campeonato Paulista, prometido como a primeira cobaia para sua implantação,
de fato, tenha sido.
Santos e São Caetano, ao menos,
não é um jogo de risco, pois é de uma
torcida só e sem crises à vista.
Mas os jogos de Caxias do Sul, Rio
de Janeiro e Belo Horizonte são.
O presidente da República, a
exemplo de seus antecessores, ainda
não se deu conta da gravidade do
problema. E, embora, diferentemente dos que sucedeu, seja um
amante do futebol, não se manifesta
e nem se dá conta dos louros que poderia colher se, com sua ação, devolvesse as arquibancadas ao torcedor
comum e seus filhos.
Os secretários do Esporte, tanto
em nível estadual quanto municipal,
também se calam, mais preocupados, aparentemente, em escolher
áreas para abrigar a arena paulistana para a Copa-14, que promete ser
mais uma farra com dinheiro público, como o Pan (por sinal, até agora o
senhor Carlos Nuzman não tugiu
nem mugiu para responder a demolidora Carta Aberta que lhe enviou
um professor de educação física).
E o futebol não é mais apenas uma
caixinha de surpresas.
Pode ser, também, um caixão.
Brilho!
Pelé, enfim, protagoniza uma campanha publicitária que o explora
convenientemente.
O filme da Bombril que entra no
ar hoje à noite é um primor, tanto
pela atuação dele (de Carlinhos
Moreno não é preciso falar) quanto
pela humildade com que "reconhece" ser menos famoso que a palha
de aço. Além de simpático, prova
que quem é bom mesmo não precisa se auto-elogiar, porque os outros
tratam de fazer as homenagens.
Que Pelé, certeiro nas críticas
que fez ao Pan, fique longe da Copa-2014. Mas duvideodó.
blogdojuca@uol.com.br
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