São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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JUCA KFOURI

Algum morto? E quantos feridos?

Um domingo de decisões pelo Brasil. Dia de festa? Ou de preocupações? O país do futebol é uma esculhambação

HOJE TEM decisão pelo Brasil afora e no eixo mais forte de nosso futebol.
Este espaço deveria ser destinado ao óbvio: analisar os jogos, fazer previsões para serem desmentidas pelos fatos, apontar favoritos para irritar os torcedores dos não favoritos, essas coisas. Mas, não.
Até porque é claro que o Santos é favorito diante do São Caetano, como era o São Paulo...
Assim como o Grêmio ante o Juventude, o Paraná Clube contra o Paranavaí e assim por diante, embora seja menos evidente o favoritismo dos embalados Botafogo e Galo nas partidas do Maracanã e do Mineirão, as que mais preocupam do ponto de vista da segurança. E é disso que se tratará aqui.
É preciso ser imprudente para ir a um jogo desses hoje no Brasil.
E é preciso ser irresponsável para levar uma criança ao estádio. O que terá reflexo no futuro, porque cada vez mais formamos o torcedor de poltrona e cada vez menos as novas gerações têm aquilo que as antigas tiveram, o vínculo com o futebol nascido do hábito de ir aos estádios pelas mãos do pai, coisa tão bem retratada no livro "Febre de Bola", do inglês Nick Hornby, traduzido para o português pela Editora Rocco.
Se até um Corinthians e Náutico propicia as cenas que se viram, mais uma vez, no Pacaembu, imagine clássicos decisivos entre times de grandes massas.
O fenômeno, como se sabe, não é de hoje, não é exclusividade nacional e tem a ver com o surgimento das tais torcidas organizadas. A solução não é simples, não comporta mais avaliações superficiais, mas existe, como ficou claramente demonstrado na Inglaterra.
Por aqui até um bem feito diagnóstico sobre a questão está pronto, elaborado pela Comissão Paz no Esporte, do governo federal.
Só que seu responsável, Marco Aurélio Klein, acaba de pedir exoneração sem que nada de prático tenha acontecido e sem que o Campeonato Paulista, prometido como a primeira cobaia para sua implantação, de fato, tenha sido.
Santos e São Caetano, ao menos, não é um jogo de risco, pois é de uma torcida só e sem crises à vista.
Mas os jogos de Caxias do Sul, Rio de Janeiro e Belo Horizonte são.
O presidente da República, a exemplo de seus antecessores, ainda não se deu conta da gravidade do problema. E, embora, diferentemente dos que sucedeu, seja um amante do futebol, não se manifesta e nem se dá conta dos louros que poderia colher se, com sua ação, devolvesse as arquibancadas ao torcedor comum e seus filhos.
Os secretários do Esporte, tanto em nível estadual quanto municipal, também se calam, mais preocupados, aparentemente, em escolher áreas para abrigar a arena paulistana para a Copa-14, que promete ser mais uma farra com dinheiro público, como o Pan (por sinal, até agora o senhor Carlos Nuzman não tugiu nem mugiu para responder a demolidora Carta Aberta que lhe enviou um professor de educação física).
E o futebol não é mais apenas uma caixinha de surpresas.
Pode ser, também, um caixão.

Brilho!
Pelé, enfim, protagoniza uma campanha publicitária que o explora convenientemente. O filme da Bombril que entra no ar hoje à noite é um primor, tanto pela atuação dele (de Carlinhos Moreno não é preciso falar) quanto pela humildade com que "reconhece" ser menos famoso que a palha de aço. Além de simpático, prova que quem é bom mesmo não precisa se auto-elogiar, porque os outros tratam de fazer as homenagens.
Que Pelé, certeiro nas críticas que fez ao Pan, fique longe da Copa-2014. Mas duvideodó.


blogdojuca@uol.com.br

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