São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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FUTEBOL

Itália x Alemanha, como em 1982


A "derrota" do Barça ontem vai fazer muitos lamentarem a queda do futebol arte, mas a Inter mereceu dar essa lição


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O FUTEBOL pode ser jogado de várias maneiras e todas elas deviam ser respeitadas. As regras permitem uma porção de coisas, e o que a Inter fez com o Barcelona, tanto no primeiro jogo no San Siro quanto no segundo no Camp Nou, foi tão eficiente quanto bacana para o mais popular dos esportes.
"Queridinho" da imensa maioria do planeta por jogar de forma vistosa, usar garotos da base, estampar Unicef e desfrutar de Messi, o Barça vinha contando com certa proteção de árbitros e da mídia. O próprio Josep Guardiola, corajoso treinador do time, percebeu e teve que lembrar que a Inter era uma grande equipe também e que podia jogar melhor que seu time, como fez na Itália. José Mourinho, que sempre acha o que é dele melhor, está de vez entre os melhores da história da prancheta.
Ontem, o Special One arrancou uma vaga com um homem a menos diante de um adversário superior no campo em que ele era mero auxiliar.
Saiu com os dedos para cima, não apontando para Deus (ele deve se achar divino também). Inteligente, Mourinho tem noção de que conseguiu enorme façanha. Prejudicada a meu ver, pois Thiago Motta teve uma expulsão exagerada no primeiro tempo, a Inter lembrou, especialmente na segunda etapa, o velho catenaccio, esquema que consagrou Heleno Herrera nos anos 60. O treinador que fez a Inter bicampeã da Europa em 1964 e 1965 aplaudiria Mourinho de pé ontem. O bloqueio defensivo que ele montou fez o excepcional Barça chutar uma série de vezes de longe. Por um momento, só o ótimo Sneijder ficava adiantado, e na intermediária do campo de defesa! O único gol do Barcelona foi do único zagueiro do time que estava em campo: Piqué. A Inter deu só uma finalização, e para fora! Não contra-atacou. "Só" parou o adversário mais encantador e favorito.
No placar agregado, deu 3 a 2 para a Inter, mesmo marcador de Itália x Brasil em 1982. E a final no Santiago Bernabéu será entre uma equipe alemã e outra italiana, como naquele emblemático Mundial espanhol.
Não dá para dizer que a Inter não mereceu. Foi melhor que o Barça nos 90 minutos em casa. E foi estrategicamente quase perfeita nos 90 minutos de ontem (além de heroica por mais de uma hora em campo).
O Barça foi campeão passando com a ajuda do juiz pelo Chelsea na semi. Ontem, quase foi. Como o futebol (e todos os seus estilos) é lindo!

NOTAS DA COPA-1990
1º Alemanha 8
2º Argentina, Inglaterra e Itália 7
5º Camarões e Tchecoslováquia 6
7º Bélgica, Costa Rica, Espanha, Irlanda, Iugoslávia e Romênia 5
13º Brasil, Colômbia, Egito e Uruguai 4
17º Áustria, Escócia e URSS 3
20º Holanda 2
21º Coreia do Sul, EUA e Suécia 1
24º Emirados Árabes Unidos 0

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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