São Paulo, quinta, 29 de abril de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice FUTEBOL Com o apoio do Conselho, presidente Amilcar Casado reconduz o vice Ilídio Lico, mentor confesso da trama Lusa reempossa dirigente do suborno
MARCELO DAMATO da Reportagem Local O presidente da Lusa, Amilcar Casado, oficializou ontem a volta de toda a diretoria de futebol do clube, encabeçada por Ilídio Lico, vice-presidente de futebol. Os diretores haviam pedido afastamento de seus cargos no final da semana passada, por causa do escândalo do suborno que agita o clube. Na sexta-feira, Lico havia pedido para sair após a afirmação do presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, de que a publicação pela Folha de sua confissão de que havia tramado a malograda tentativa de suborno, perante a comissão de sindicância da Lusa, implicaria a suspensão preventiva do dirigente (leia texto nesta página). No final de semana, outros sete diretores, Toninho Duque, Fernando Gomes, Manoel Barril, Carlos Justino, Vitor Diniz, Marcos Lico (filho de Ilídio) e Ricardo Costa, renunciaram em solidariedade ao chefe. Segundo a assessoria de imprensa do clube, a volta dos dirigentes foi decidida na reunião do Conselho Deliberativo, realizada anteontem no final da noite. A Folha apurou que, de fato, vários conselheiros pediram a Lico que reconsiderasse sua decisão. A situação detém a maioria dos conselheiros. Muitos pertencem às famílias Lico e Casado, que têm laços de parentesco. A torcida organizada Leões da Fabulosa, que possui membros dentro do Conselho e até dentro da diretoria, entregou um abaixo-assinado de apoio a alguns diretores, entre eles Lico e Diniz, que é um dos expoentes da torcida. Mas a decisão foi de Casado. Pelo estatuto, o Conselho não tem poder de empossar nenhum diretor. Essa é uma atribuição exclusiva do presidente. Não houve nenhum tipo de decisão do Conselho pela volta de Lico, só as manifestações de apoio. Casado negou-se a dar detalhes sobre a volta dos dirigentes. "Pelo telefone, eu não falo nada. Por favor, procure a assessoria." ² O caso A trama do suborno é relativa ao jogo entre Portuguesa Santista e Lusa, no dia 1º de março de 1998. O resultado, um empate de 4 a 4, classificou a Lusa para a segunda fase do Campeonato Paulista e condenou a Santista ao quadrangular do rebaixamento. Segundo depoimento de Lico ao clube, ele tramou o suborno do goleiro Nasser, que atuava pela Santista com o empresário do futebol Toninho Silva. Mandou dar-lhe dois cheques, no valor total de R$ 130 mil. Mas, na semana seguinte, Silva entregou metade do valor ao então diretor de futebol Camões Salazar e R$ 25 mil ao próprio dirigente. Em maio, Lico, segundo seu relato, procurou Nasser, desconfiado de que ele não se vendera naquele jogo e confirmou sua suspeita. Para o caso não vir a público, aceitou contratá-lo para a Lusa. O goleiro, entretanto, nunca treinou na Lusa nem recebeu tudo que lhe havia sido prometido, R$ 96 mil por oito meses. Ficou com R$ 83 mil (R$ 10,7 mil/ mês), o que foi mais do que o dobro de seu salário na Santista. Em 16 de dezembro, no último dia de apuração da sindicância do clube sobre o desvio dos R$ 130 mil, que, segundo os dirigentes, ficaram com Salazar, Lico foi ao escritório de Antonio de Almeida e Silva, presidente do Conselho de Fiscalização do Clube, e fez o depoimento ao relator Marco Antonio Teixeira Duarte. Na ocasião, estava acompanhado por Casado, que não ouviu seu depoimento, e por Barril, que não só o ouviu como depôs também. Com exceção desse depoimento, nenhum envolvido no caso assumiu qualquer responsabilidade. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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