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TÊNIS
Essa maldita areia
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Em abril de 1997, há mais de
cinco anos, portanto, Pete
Sampras entrou em quadra em
Montecarlo para abrir sua temporada de saibro. O tempo não
estava muito bom -fazia um
pouco de frio, nublado.
Sampras começou bem, encaixando o saque e pressionando o
grandalhão sueco Magnus Larsson sempre que possível. Após
vencer o primeiro set, passou a errar. Perdeu na primeira rodada.
Naquele ano, ainda acabou eliminado na estréia em Roma por
um decadente Jim Courier. Que
lições tirou? ""Tenho tendência a
querer decidir os pontos rapidamente. Preciso ter mais calma."
Um ano depois, Sampras voltou
a Montecarlo. De cara, Andre
Agassi. Quem ganhou naquele
dia foi Sampras. Mas parou por
aí. Na segunda rodada, duplo 6/1
do francês Fabrice Santoro.
Mais tarde, sairia envergonhado de Roland Garros ao perder de
um até hoje inexpressivo paraguaio Ramon Delgado.
Lições do saibro? ""Talvez eu devesse bater um pouco mais de bola com os espanhóis, que são especialistas. Mas, para eles, talvez eu
não seja um bom treino."
A temporada de saibro não começou bem também em 1999. Em
Roma, casa cheia, jogo da noite,
quadra central, segunda rodada,
perdeu de Fernando Meligeni,
humilhantes 6/3 e 6/1.
Naquele ano, ainda passaria
pelo constrangimento de ter de
disputar cinco sets com o costa-riquenho Juan Antonio Marin na
estréia em Roland Garros. Caiu
no jogo seguinte. Lições? Opostas
às conclusões que tirara dois anos
antes: ""Preciso ser mais agressivo.
Não vou ganhar de ninguém se ficar no fundo, tentando devolver
todas as bolas".
O ano de 2000 não prometia
muito a Sampras. Ele voltava de
contusão. Ainda assim, foi feia a
derrota em Hamburgo para um
francês de 21 anos, que jamais havia ganhado de ninguém grande:
Arnaud Di Pasquale.
Em seguida, na estréia em Roland Garros, Sampras encarou o
canhão australiano Mark Philippoussis. Jogo equilibrado, em que
o americano chegou a 6/6 no
quinto set e pensou que haveria
definição no tie-break. Corrigido
pelo juiz, voltou à quadra e não
ganhou nenhum ponto.
""Já estou com 29 anos, e o tempo está passando. A cada ano,
perco uma oportunidade, mas
continuarei tentando; no próximo ano, estarei de volta."
Mais triste que isso? Só o que
aconteceria no ano seguinte: em
Roma, derrota na primeira rodada para o israelense Harel Levy;
em Hamburgo, eliminação no
primeiro jogo, diante do espanhol
Alex Calatrava. Em Roland Garros? Derrota por 3 a 0 para o espanhol Galo Blanco.
Até o rival Andre Agassi, a esta
hora campeão em todos os Grand
Slams, mostrava constrangimento com as atuações patéticas de
Sampras no saibro. ""É um tremendo jogador, mas no saibro
não se pode decidir tudo em duas
bolas. É preciso jogar o ponto todo, trocar bolas, ir ganhando aos
poucos, até matar o lance."
Sampras: ""Tudo o que eu posso
fazer é tentar aprender alguma
coisa, para usar no ano que vem".
O ""ano que vem" veio, e Sampras perdeu anteontem para o
italiano Andrea Gaudenzi. Mais
uma vez, o maior de todos os tempos escorregou no saibro.
""Se eu jamais ganhar em Paris,
a vida continua. Mas, no ano que
vem, estarei aqui de novo, tentando mais uma vez."
Decadente
Foi José Higueras, técnico contratado por Pete Sampras para
aprender a jogar no saibro, quem disse, ainda que baixinho: ""Acredito no meu trabalho, em Pete, mas não em milagres". Martina Navratilova, que voltou ao circuito, também falou: ""É mais fácil eu encerrar minha carreira do que Sampras ganhar no saibro".
Previsibilidade
Nenhuma surpresa dos brasileiros em Paris. André Sá jogou bem,
mas foi eliminado. Kuerten e Meligeni fizeram sua parte. Flávio Saretta bobeou e terá de matar uns pontos hoje para avançar.
Ascendente
Os paulistas foram bem na etapa do Circuito Juvenil Banco do Brasil em Brasília. Os campeões: na categoria 12 anos, Cristiana Narchi
e André Stabile (SP); na 14 anos, Ana Clara Duarte (RJ) e Vitor Requião (BA). Na 16 anos, Stephanie Vieira (RS) e Celso Ribeiro (SP).
E-mail reandaku@uol.com.br
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