São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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TÊNIS

Essa maldita areia

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Em abril de 1997, há mais de cinco anos, portanto, Pete Sampras entrou em quadra em Montecarlo para abrir sua temporada de saibro. O tempo não estava muito bom -fazia um pouco de frio, nublado.
Sampras começou bem, encaixando o saque e pressionando o grandalhão sueco Magnus Larsson sempre que possível. Após vencer o primeiro set, passou a errar. Perdeu na primeira rodada.
Naquele ano, ainda acabou eliminado na estréia em Roma por um decadente Jim Courier. Que lições tirou? ""Tenho tendência a querer decidir os pontos rapidamente. Preciso ter mais calma."
Um ano depois, Sampras voltou a Montecarlo. De cara, Andre Agassi. Quem ganhou naquele dia foi Sampras. Mas parou por aí. Na segunda rodada, duplo 6/1 do francês Fabrice Santoro.
Mais tarde, sairia envergonhado de Roland Garros ao perder de um até hoje inexpressivo paraguaio Ramon Delgado.
Lições do saibro? ""Talvez eu devesse bater um pouco mais de bola com os espanhóis, que são especialistas. Mas, para eles, talvez eu não seja um bom treino."
A temporada de saibro não começou bem também em 1999. Em Roma, casa cheia, jogo da noite, quadra central, segunda rodada, perdeu de Fernando Meligeni, humilhantes 6/3 e 6/1.
Naquele ano, ainda passaria pelo constrangimento de ter de disputar cinco sets com o costa-riquenho Juan Antonio Marin na estréia em Roland Garros. Caiu no jogo seguinte. Lições? Opostas às conclusões que tirara dois anos antes: ""Preciso ser mais agressivo. Não vou ganhar de ninguém se ficar no fundo, tentando devolver todas as bolas".
O ano de 2000 não prometia muito a Sampras. Ele voltava de contusão. Ainda assim, foi feia a derrota em Hamburgo para um francês de 21 anos, que jamais havia ganhado de ninguém grande: Arnaud Di Pasquale.
Em seguida, na estréia em Roland Garros, Sampras encarou o canhão australiano Mark Philippoussis. Jogo equilibrado, em que o americano chegou a 6/6 no quinto set e pensou que haveria definição no tie-break. Corrigido pelo juiz, voltou à quadra e não ganhou nenhum ponto.
""Já estou com 29 anos, e o tempo está passando. A cada ano, perco uma oportunidade, mas continuarei tentando; no próximo ano, estarei de volta."
Mais triste que isso? Só o que aconteceria no ano seguinte: em Roma, derrota na primeira rodada para o israelense Harel Levy; em Hamburgo, eliminação no primeiro jogo, diante do espanhol Alex Calatrava. Em Roland Garros? Derrota por 3 a 0 para o espanhol Galo Blanco.
Até o rival Andre Agassi, a esta hora campeão em todos os Grand Slams, mostrava constrangimento com as atuações patéticas de Sampras no saibro. ""É um tremendo jogador, mas no saibro não se pode decidir tudo em duas bolas. É preciso jogar o ponto todo, trocar bolas, ir ganhando aos poucos, até matar o lance."
Sampras: ""Tudo o que eu posso fazer é tentar aprender alguma coisa, para usar no ano que vem".
O ""ano que vem" veio, e Sampras perdeu anteontem para o italiano Andrea Gaudenzi. Mais uma vez, o maior de todos os tempos escorregou no saibro.
""Se eu jamais ganhar em Paris, a vida continua. Mas, no ano que vem, estarei aqui de novo, tentando mais uma vez."

Decadente
Foi José Higueras, técnico contratado por Pete Sampras para aprender a jogar no saibro, quem disse, ainda que baixinho: ""Acredito no meu trabalho, em Pete, mas não em milagres". Martina Navratilova, que voltou ao circuito, também falou: ""É mais fácil eu encerrar minha carreira do que Sampras ganhar no saibro".

Previsibilidade
Nenhuma surpresa dos brasileiros em Paris. André Sá jogou bem, mas foi eliminado. Kuerten e Meligeni fizeram sua parte. Flávio Saretta bobeou e terá de matar uns pontos hoje para avançar.

Ascendente
Os paulistas foram bem na etapa do Circuito Juvenil Banco do Brasil em Brasília. Os campeões: na categoria 12 anos, Cristiana Narchi e André Stabile (SP); na 14 anos, Ana Clara Duarte (RJ) e Vitor Requião (BA). Na 16 anos, Stephanie Vieira (RS) e Celso Ribeiro (SP).

E-mail reandaku@uol.com.br



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