São Paulo, sexta, 29 de maio de 1998

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Amistoso desagrada a governo andorrano

MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Ozoir-la-Ferrière

Nem o governo de Andorra quer o amistoso entre a seleção de seu país e a seleção brasileira marcado para o dia 3, em Paris, no último teste da equipe do técnico Zagallo antes da estréia na Copa do Mundo (no dia 10, contra a Escócia).
Depois da surpresa provocada com o anúncio da partida pelo supervisor da seleção brasileira, Américo Faria, chegou a vez de o Ministério dos Esportes de Andorra se manifestar.
O diretor de Esportes andorrano, Claudi Benet, disse ontem sentir "incerteza e inquietude" pelos efeitos que uma eventual goleada brasileira possa provocar na imagem do principado, localizado entre a Espanha e a França.
"Andorra não tem o nível do Brasil ou de qualquer equipe de primeira categoria", disse Benet.
Ele teme que um fiasco no amistoso derrube a "boa imagem" obtida pelo principado com a organização de eventos de ciclismo, como etapas da Volta da França e da Semana Catalã de Ciclismo.
Por motivos diferentes, o jogo a se realizar no estádio Red Star conseguiu repúdio em Andorra e no Brasil.
No principado, o Brasil foi considerado um adversário muito forte. O técnico Zagallo, por seu lado, chegou a se irritar com a insistência de perguntas sobre o sentido de um amistoso contra um oponente tão frágil.
A seleção de Andorra é a 185ª colocada no ranking da Fifa, tem apenas um jogador profissional e o seu treinador é um brasileiro. O Brasil é o primeiro do ranking.
A partida foi marcada pelas federações nacionais. A Federação Andorrana de Futebol tem ótimas relações com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
"Esse jogo é muito arriscado", disse Claudi Benet, cujo cargo equivale ao de ministro. Ele afirmou, porém, que a federação é soberana para definir amistosos.
Para ele, o país deveria competir com adversários fortes só em esportes nos quais não corre o risco de ser humilhado, como o esqui.
O amistoso de domingo, contra o Athletic Bilbao, no país Basco, também foi considerado polêmico na seleção brasileira. O meia Dunga e o atacante Bebeto, por exemplo, são contrários a amistosos contra clubes.




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