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São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003

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FUTEBOL

América do Sul recupera chance de mandar 5º representante ao Mundial

Fifa "indeniza" Conmebol com repescagem para Copa

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Entre os velhos companheiros e os novos aliados, a cúpula da Fifa preferiu ficar com os primeiros.
Como a Folha antecipou anteontem, o Comitê Executivo não aumentou o número de participantes da Copa-2006, na Alemanha, de 32 para 36. Em compensação, para alegria dos sul-americanos, que sempre apoiaram a dupla João Havelange e Joseph Blatter, foi dada de volta à região uma "meia" vaga nas eliminatórias.
Para isso, derrubaram a garantia de um representante da Oceania, continente que, com 11 votos, foi fundamental para a reeleição do suíço Blatter no ano passado.
Agora, quatro países da Conmebol (Confederação Sul-Americana) vão se classificar automaticamente. O quinto disputará uma repescagem contra uma seleção de região não definida -para atenuar o golpe recebido pelas nações da Oceania, não foi, por enquanto, estabelecido qual seleção o vencedor do qualificatório dessa região terá de enfrentar.
A decisão, aprovada por 22 dos 24 membros presentes do Comitê Executivo (houve um voto contra, da Oceania, e uma abstenção, de Blatter) causou profunda revolta dos dirigentes do futebol menos desenvolvido do planeta -eles saíram da sala em que era realizada a reunião antes de seu final.
"Não aceito as razões dadas pelo Comitê Executivo, mas nessas situações você não precisa de razões, só de uma desculpa", lamentou Basil Scarsella, presidente da Confederação da Oceania.
Entre os argumentos apresentados a Scarsella está o desempenho ruim do representante da Oceania na Copa das Confederações atualmente disputada na França. "A participação da Nova Zelândia não ajudou", confirmou Blatter, referindo-se às três derrotas em três partidas da seleção, com saldo negativo de dez gols.
"No futebol é assim. Algumas você ganha, e outra você perde", afirmou o presidente da Fifa.
Há dúvidas se o recuo de ontem não afronta a Justiça da Suíça, país onde fica a sede da Fifa e cujas leis são adotadas nas questões da entidade que controla o esporte.
Para alguns advogados, uma decisão anterior tomada por maioria, como a que deu uma vaga à Oceania, não poderia ser revogada. Já os cartolas entendem que não há problema, desde que uma nova maioria mude de opinião. "Espero que isso não acabe em tribunais", disse Blatter.
A disputa pelas vagas entre os continentes deixou claro que o plano de engordar o Mundial em quatro seleções só serviu de "cortina de fumaça" para o plano expansionista sul-americano.
Foi a própria Conmebol, por meio do brasileiro Ricardo Teixeira, presidente da CBF, que retirou o inchaço de votação e propôs a ressurreição da repescagem. E coube à Uefa, confederação européia, articular a solução.
Blatter prometeu não mudar o número de participantes e as regras até o Mundial de 2010, que será realizado na África, e fez até piada com o caso. "Finalmente acabou a história de uma Copa com 32, 36, 50 ou 104 seleções."


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