São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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TÊNIS

Presidente e superintendente usariam verbas da CBT em contas particulares

Nastás pode ser indiciado por apropriação indébita

DA REPORTAGEM LOCAL

Investigado por formação de quadrilha e falsidade ideológica, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Nelson Nastás, pode agora ser indiciado por apropriação indébita, de acordo com o "Jornal Nacional".
Depoimento de dois ex-funcionários da entidade e novos documentos que devem ser entregues à policia nesta semana mostrariam que o presidente e o superintendente da CBT, Carlos Alberto Martelotte, estariam usando recursos da confederação para o pagamento de contas pessoais.
O ex-funcionário, não identificado, disse ter recebido em janeiro do ano passado um cheque nominal da CBT no valor de R$ 26 mil para quitar contas. "Desde conta de gás, cartão de crédito, condomínio, tudo. Tudo o que um cidadão normal tem aí, diariamente", disse o ex-funcionário.
De acordo com um documento, em nome de Nastás, foram pagas cinco contas de cartão de crédito e uma de TV a cabo, totalizando cerca de R$ 16 mil.
As dívidas em nome do superintendente da CBT totalizariam por volta de R$ 9.000 e incluiriam cartão de crédito, seguros e uma conta de gás de um apartamento da zona sul de São Paulo.
Também foram divulgados comprovantes de depósito bancário em nome dos dois dirigentes.
Em 3 de fevereiro deste ano, um cheque da CBT, nominal a um funcionário, no valor de R$ 18.600 teria sido descontado e, no mesmo dia, foram feitos dois depósitos. Na conta de Nelson Jorge Nastás e de Carlos Alberto Martelotte, nos valores de R$ 10 mil e R$ 8.600, respectivamente.
Nastás, que dirige a confederação desde 1994, enfrenta uma oposição que o acusa de simulação de assembléias e falsificação de atas, além da ocultação e manipulação de documentos.
Em março, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da CBT, em São Paulo, recolheu documentos e fez cópias de arquivos nos computadores.
Para o presidente da Federação de Santa Catarina e um dos líderes da oposição, Jorge Lacerda Rosa, a possibilidade de Nastás e Martelotte serem indiciados por apropriação indébita não surpreende.
"Isso mostra o que a gente sempre falou", afirmou Rosa.
Em março, o inquérito instaurado no 27º DP (Campo Belo) para investigar o presidente da CBT por formação de quadrilha e falsidade ideológica atendeu notícia-crime do dirigente catarinense.
Além de Nastás, também são investigados o ex-vice-presidente jurídico e atual advogado da CBT Antonio Jurado Luque, o contador Theo Ferreira de Carvalho e o presidente da Federação Paulista de Tênis, Raul Cilento.
Rosa disse não ter ficado surpreso com o fato de Martelotte poder estar envolvido em irregularidades na CBT. "Já esperava isso, toda a família dele sobrevive à custa da confederação."
A grave crise que atinge o tênis nacional tem reflexos em quadra.
Liderados por Gustavo Kuerten, os principais jogadores do Brasil decidiram boicotar a Copa Davis, a principal competição entre países do tênis, enquanto Nastás permanecer no cargo.
Em abril, o Brasil escolheu o local (Costa do Sauípe), a superfície (saibro), mas jogou com uma equipe B e perdeu para o Paraguai na segunda rodada do Zonal Americano, a segunda divisão da Davis, e agora corre risco de ser rebaixado para a terceira.
Em uma tentativa de evitar o boicote, Nastás, que tem mandato até dezembro, disse que anteciparia a eleição. O pleito aconteceria em maio, mas foi adiado. Nova data foi marcada para a próxima sexta-feira, mas a CBT já divulgou que a eleição não acontecerá.
O próximo compromisso do Brasil na Davis acontece entre os dias 16 e 18 de julho contra a Venezuela, em Caracas.
Como Nastás permanece no comando da CBT, até a equipe que atuou contra os paraguaios afirma ser difícil substituir Guga e companhia novamente.


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