São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

Reinações do ex-sogro e do ex-genro

O DNA não é o mesmo, mas é como se tivesse passado de João Havelange para Ricardo Teixeira por acaso

VEJAMOS EM que pé estamos.
E constatemos que só não morremos afogados por milagre e, no caso, ainda pelo talento que sobra ao jogador de futebol brasileiro, cada vez mais raro, é verdade, ainda mais se olhamos para a Eurocopa que termina hoje com este sensacional embate entre Alemanha e Espanha.
Mas vejamos em que pé estamos.
Eis que o senhor presidente da Casa Bandida do Futebol vai ao jornal de maior audiência do país e convoca Ronaldinho Gaúcho para os Jogos Olímpicos de Pequim.
O que se imagina?
No mínimo, que ele combinou com os patrões do jogador.
O que se vê, poucos dias depois?
O Barcelona anunciar que não cederá o craque, a exemplo do que decidiu em relação a Messi, embora o brasileiro não tenha mais idade olímpica, diferentemente do jovem astro argentino.
O que se pode concluir daí?
De duas, uma: ou Rico Terra, irresistível o apelo para voltar a chamá-lo assim, quis apenas desmoralizar Dunga ou é de uma profunda leviandade e gravíssima incapacidade de articulação.
Mas como seria mau articulador o cartola que o chefão dos cartolas, João Havelange, e ex-sogro dele, aponta como o próximo presidente da Fifa, em entrevista a Rodrigo Bueno, nesta Folha?
E que entrevista! Uma aula de como dar corda ao enforcado.
Não é que Havelange acusa ter havido manipulação de resultados em duas Copas do Mundo, a saber, as de 1966 e de 1974, na Inglaterra e na Alemanha, ambas ganhas pelos respectivos anfitriões?
Tudo por conta do presidente da Fifa de então, Sir Stanley Rous.
Mas, vem cá, essa coisa de manipulação no futebol não é fruto da cabeça doentia de certos jornalistas destrutivos, de mal com a vida?
E não é que depois que Havelange assumiu a Fifa tudo correu às mil maravilhas, na Argentina, em 1978, inclusive!? Não é um orgulho ver um brasileiro dar aulas de decência a um súdito da rainha!?
E a modéstia dele que também fica evidenciada na entrevista, sempre eu, eu e eu, o meu jogador, o meu jogo?
Ainda bem que ele espera viver até 2016 para ver os Jogos Olímpicos no Rio e comemorar seus cem anos de vida, melhor dizer, seu primeiro centenário, porque ele, de fato, ameaça ser imortal.
E nós merecemos, sem a menor sombra de dúvida.

GRACIAS, EUROCOPA-2008
Começou mal, pareceu querer repetir a monotonia da Copa-2006, deu uma sensação de que os principais jogadores estavam esgotados pela árdua temporada recém-terminada, mas, de repente, brilhou.
E brilhou intensamente, com alguns jogos, jogadas e jogadores de fazer a reconciliação com o futebol.
Times jogando para a frente, em busca do gol, com volantes que jogam, com pontas (sim, pontas!) que ocupam as laterais do campo, com o número de zagueiros que permita defender sem ser defensivo, com entrega, com rapidez, poucas faltas, quase nenhuma deslealdade (três cartões vermelhos em 30 jogos!) e com gramados que convidam ao futebol bem jogado.
Brasil, país do futebol?


blogdojuca uol.com.br


Texto Anterior: São Paulo, 18h20
Próximo Texto: Tostão: Não está tão ruim
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.