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Escaldado, time troca "carnaval" por oração
Após título de 2005, time assumiu-se favorito e fracassou na Copa de 2006
Na África do Sul, atletas e comissão técnica fazem círculo no campo, rezam e falam em conter a euforia para buscar vaga em 2010
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
Quando recebeu o troféu de
melhor jogador da Copa das
Confederações, ontem, no estádio Ellis Park, o meia Kaká
apontou para os companheiros
que o aplaudiam no gramado.
Um gesto simbólico, de quem
queria mostrar que a seleção
brasileira não é mais a mesma
que fracassou na Alemanha
três anos atrás, depois de uma
retumbante vitória contra a arquirrival Argentina, em 2005,
no mesmo torneio que o Brasil
conquistou ontem.
Aquela equipe, após ganhar
em Frankfurt, saiu sambando
em grupo do estádio, admitindo a pose de superfavorita para
a Copa. Ontem, os jogadores e a
comissão técnica, após o triunfo, fizeram um círculo no gramado e, abraçados, rezaram.
Humildes, disseram que o time ainda precisa se classificar
para o torneio da África do Sul.
Kaká, um dos líderes da seleção de Dunga e remanescente
da Copa alemã, fez questão de
dividir a glória com os colegas e
tentou mostrar que o tempo
das vaidades e das estrelas intocáveis, um dos males do elenco
de Parreira, ficou definitivamente para trás.
"Agora, primeiro, temos que
nos classificar para a Copa. Depois, temos que evitar a euforia
de 2006. A preparação em
Weggis foi muito eufórica, vários jogadores já falaram isso.
Agora, a gente espera que o favoritismo seja contido, principalmente dentro do grupo", declarou o jogador, que foi o quarto brasileiro em seis edições da
Copa das Confederações a ganhar a Bola de Ouro.
"Estou feliz de ter sido um
dos protagonistas. Tudo isso
aconteceu individualmente
porque o Brasil foi campeão,
porque somos um grupo. Senão
não teria sido o melhor jogador", disse ele, que atuou gripado, assim como Luis Fabiano e
o reserva Júlio Baptista.
Kaká, que se apresenta amanhã ao Real Madrid, defendeu
que a preparação para a Copa
do ano que vem siga o roteiro
estabelecido por Dunga nos
dois torneios vencidos pela
equipe nacional -o de ontem e
a Copa América, em 2007.
"Temos um time muito comprometido, atletas de alto nível,
que são homens, que estão aqui
há mais de 20 dias, sem férias,
alguns com problemas familiares. Disse a eles que ainda podem muito mais", disse Dunga,
que afirmou jamais ter visto
"tamanho profissionalismo"
em sua história na seleção.
"Nunca vi uma seleção quase
30 dias junta e não ter nenhum
problema, nada para vocês [jornalistas] escreverem", falou o
treinador da seleção.
"Agora o perigo é o mesmo de
sempre. Tem que encontrar os
jogadores em forma e saber
conviver com o favoritismo.
Nessa época de Copa, tem muita gente querendo se aproximar da seleção, fazer programa
[de TV]. Tem que aprender
com os erros do passado e continuar o trabalho", finalizou.
Também remanescente de
2006, o goleiro Júlio César afirmou que o triunfo de ontem
mostrou a "nova cara da seleção". "A gente já havia falado
que a Copa das Confederações
seria uma prévia para a Copa. E
esse jogo serviu para a gente como exemplo. Se você piscar o
olho, perde. Mas conseguimos
mostrar superação e orgulho de
jogar na seleção", disse.
(EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)
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