São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009

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Escaldado, time troca "carnaval" por oração

Após título de 2005, time assumiu-se favorito e fracassou na Copa de 2006

Na África do Sul, atletas e comissão técnica fazem círculo no campo, rezam e falam em conter a euforia para buscar vaga em 2010

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

Quando recebeu o troféu de melhor jogador da Copa das Confederações, ontem, no estádio Ellis Park, o meia Kaká apontou para os companheiros que o aplaudiam no gramado.
Um gesto simbólico, de quem queria mostrar que a seleção brasileira não é mais a mesma que fracassou na Alemanha três anos atrás, depois de uma retumbante vitória contra a arquirrival Argentina, em 2005, no mesmo torneio que o Brasil conquistou ontem.
Aquela equipe, após ganhar em Frankfurt, saiu sambando em grupo do estádio, admitindo a pose de superfavorita para a Copa. Ontem, os jogadores e a comissão técnica, após o triunfo, fizeram um círculo no gramado e, abraçados, rezaram.
Humildes, disseram que o time ainda precisa se classificar para o torneio da África do Sul.
Kaká, um dos líderes da seleção de Dunga e remanescente da Copa alemã, fez questão de dividir a glória com os colegas e tentou mostrar que o tempo das vaidades e das estrelas intocáveis, um dos males do elenco de Parreira, ficou definitivamente para trás.
"Agora, primeiro, temos que nos classificar para a Copa. Depois, temos que evitar a euforia de 2006. A preparação em Weggis foi muito eufórica, vários jogadores já falaram isso. Agora, a gente espera que o favoritismo seja contido, principalmente dentro do grupo", declarou o jogador, que foi o quarto brasileiro em seis edições da Copa das Confederações a ganhar a Bola de Ouro.
"Estou feliz de ter sido um dos protagonistas. Tudo isso aconteceu individualmente porque o Brasil foi campeão, porque somos um grupo. Senão não teria sido o melhor jogador", disse ele, que atuou gripado, assim como Luis Fabiano e o reserva Júlio Baptista.
Kaká, que se apresenta amanhã ao Real Madrid, defendeu que a preparação para a Copa do ano que vem siga o roteiro estabelecido por Dunga nos dois torneios vencidos pela equipe nacional -o de ontem e a Copa América, em 2007.
"Temos um time muito comprometido, atletas de alto nível, que são homens, que estão aqui há mais de 20 dias, sem férias, alguns com problemas familiares. Disse a eles que ainda podem muito mais", disse Dunga, que afirmou jamais ter visto "tamanho profissionalismo" em sua história na seleção.
"Nunca vi uma seleção quase 30 dias junta e não ter nenhum problema, nada para vocês [jornalistas] escreverem", falou o treinador da seleção.
"Agora o perigo é o mesmo de sempre. Tem que encontrar os jogadores em forma e saber conviver com o favoritismo. Nessa época de Copa, tem muita gente querendo se aproximar da seleção, fazer programa [de TV]. Tem que aprender com os erros do passado e continuar o trabalho", finalizou.
Também remanescente de 2006, o goleiro Júlio César afirmou que o triunfo de ontem mostrou a "nova cara da seleção". "A gente já havia falado que a Copa das Confederações seria uma prévia para a Copa. E esse jogo serviu para a gente como exemplo. Se você piscar o olho, perde. Mas conseguimos mostrar superação e orgulho de jogar na seleção", disse. (EDUARDO ARRUDA E PAULO COBOS)


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