São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

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JUCA KFOURI

Fácil ao extremo


O Brasil transformou um jogo que estava chato em uma aula de futebol aos chilenos


O JOGO já tinha passado de meia hora e não acontecia quase nada, a ponto de algumas vaias serem ouvidas no Ellis Park, em noite de temperatura civilizada. Então Maicon cobrou bem o escanteio pela direita, e Lúcio, que já dava sinais de impaciência, protegeu bem os companheiros, como se fosse um pivô no garrafão de basquete. Juan pôde subir dois andares com tranquilidade para abrir o marcador.
Até ali, quase nada tinha acontecido, porque os brasileiros se limitavam a neutralizar o falso domínio chileno, de muita perfumaria e com uma incrível capacidade de complicar o fácil, de tentar sempre o mais difícil, apesar da movimentação interessante e incessante. Foi só acontecer o primeiro gol para os comandados de Loco Bielsa enlouquecerem e se mandarem todos à frente.
O lateral direito, por exemplo, saiu em desabalada carreira para receber uma bola na frente, pela extremidade do campo. Mas o lançamento foi pelo meio, e a defesa brasileira cortou com facilidade para armar o contra-ataque exatamente nas costas de quem não estava mais marcando por esse lado da defesa chilena. Robinho recebeu livre e passou para Kaká entregar, com perfeição, para Luis Fabiano ampliar.
Fácil, extremamente fácil. Para quem sabe, é claro, coisa que os chilenos não conseguem aprender porque o talento não é igual para todos, dessas coisas da natureza mesmo.
Em bom português, ou até mesmo em bom espanhol, o jogo acabou ali, sem choro nem vela.
E o segundo tempo foi um passeio para pensar na Holanda, jogo tradicionalmente difícil e bonito, com uma vitória holandesa na Copa de 74 e duas brasileiras, nas de 94 e 98, nesta última nos pênaltis, de maneira dramática. Passeio que ainda teve direito ao terceiro gol, de Robinho, ao receber passe de Ramires, dos melhores em campo, ao lado de Lúcio e, justiça se faça, Gilberto Silva, principalmente pelo começo do jogo, quando pôs ordem na casa. Pena que Ramires tenha tomado um segundo cartão amarelo desnecessário e não possa estar a postos para enfrentar os holandeses.
Os laranjas vêm aí na sexta-feira, em Port Elizabeth, reforçados pelo talento de Robben, que já deu o ar de sua graça contra a Eslováquia, bem coadjuvado por Sneijder. Que venham! Mas com calma, de preferência...

blogdojuca@uol.com.br


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