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Sem patrocínio, Flu transforma
jogadores em garotos-propaganda
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Precisando de dinheiro, o Fluminense transformou o atacante
Roger e o lateral Flávio, recentemente convocados para a seleção
olímpica, em garotos-propaganda não remunerados.
Os dois jogarão a Copa João Havelange, a partir de hoje, usando
na camisa o número de empresas
de telefonia (21 e 23), para tentar
atrair o patrocínio delas.
Os jogadores e o clube só receberão alguma coisa caso alguma
das empresas se interesse em patrociná-los durante a competição
nacional.
A idéia foi lançada pelo jogador
Túlio, quando ele atuava pelo Botafogo-RJ utilizando camisa com
número que fazia referência a
uma marca de refrigerante.
"Estamos expondo o produto. É
uma estratégia. Temos que aproveitar todos os espaços e usar os
artistas, que são os jogadores, para seduzir as empresas", disse David Fischel, presidente do clube.
Ele admitiu que queria colocar
mais "produtos à venda".
"Estudei o regulamento para
ver se poderíamos usar outro número, mas acima de 30 não é permitido", disse Fischel.
O dirigente do Fluminense afirmou que a situação financeira do
clube não é confortável. Os jogadores já estão com os salários
atrasados há três dias.
"Não temos dinheiro para contratações e estamos buscando
parcerias", afirmou ele.
Fischel disse que a maior parte
da receita do Fluminense vem
"principalmente da televisão, como em todos os clubes do Brasil".
O meia Roger, principal chamariz para a "campanha publicitária" da equipe, afirmou não ter sido informado pelo clube de que
deixaria de usar a camisa dez, como vinha fazendo ultimamente.
"Eu estou sabendo agora, pela
imprensa, mas acho que não faz
diferença nenhuma o número da
camisa. Não vou ganhar nada
com isso", disse Roger.
O jogador afirmou que a mudança pode fazer com que a camisa mais vendida deixe de ser a número dez.
"Antes, a mais vendida era a sete
(usada anteriormente pelo atacante Renato Gaúcho), e eu consegui fazer com que passasse a ser
a dez. Quem sabe eu não consigo
mudar isso de novo?", questionou
o atacante Roger.
Ele negou que tenha ocorrido
uma "virada de mesa" para permitir que o Fluminense participasse do Módulo Azul da Copa
João Havelange, a primeira divisão do futebol brasileiro.
"Não houve isso. Fomos convidados para entrar na competição
porque temos uma grande torcida", afirmou o atleta.
David Fischel concordou.
"Mostraremos que o Fluminense
mereceu", disse o dirigente.
Para ele, o fato de não haver descenso neste ano é vantajoso não
apenas para o clube carioca, que
foi rebaixado três vezes nos últimos quatro anos.
"Facilita para todo mundo, porque não tem o estresse do rebaixamento", afirmou Fischel.
Para a partida contra o Bahia, o
Fluminense conta com a habilidade de Roger e do atacante Alessandro, recentemente contratado
pelo clube. "Treinamos bem e estamos prontos para começar a
competição com uma vitória",
disse Alessandro.
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