São Paulo, sábado, 29 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sucesso na vertical


Com estilo diferenciado, o brasileiro Bob Burnquist é virtual campeão mundial da prova mais aérea do skate


JOÃO CARLOS BOTELHO E
VANER VENDRAMINI VILELA
DA REPORTAGEM LOCAL

O skatista carioca Bob Burnquist está muito próximo de se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial da modalidade.
Com 600 pontos no ranking da categoria vertical (em pistas geralmente em forma de ""u") da Copa do Mundo, Burnquist não pode mais ser ultrapassado, mas apenas alcançado -no caso de empate, o critério para definir o campeão será a pontuação total, sem os descartes.
Só dois atletas ainda têm chances de alcançá-lo, os norte-americanos Andy Macdonald e Bucky Lasek. Para isso, eles precisarão de combinações de resultados.
O título de Burnquist seria inédito para o Brasil, pois a conquista de Rodrigo Menezes em Munster, na Alemanha, em 1995, não pode ser considerada a de campeão mundial. Menezes foi o vencedor de uma única prova, que reuniu os principais atletas da época.
Em edições anteriores, essa competição tinha o status de ser o Campeonato Mundial, mas, em 1995, já não podia mais ser encarada assim. Isso porque naquele ano o atual circuito já existia e teve o norte-americano Mike Frazier como campeão.
Para alcançar Burnquist, Macdonald terá de vencer duas das três etapas nos EUA que ainda restam e também uma das duas fora do país. Já Lasek precisará de vitórias em duas provas nos EUA e nas duas fora de lá.
O circuito mundial deste ano terá 17 etapas, sendo que 12 já foram disputadas. A última delas está agendada para o mês de novembro, em São Paulo. A primeira aconteceu em março, em Tampa, na Flórida.
Burnquist lidera o ranking, com 75 pontos de vantagem sobre Macdonald. Com 600, o brasileiro atingiu o máximo de pontos, já que são computados só os quatro melhores resultados nos EUA e os dois melhores na provas na Europa e América do Sul.
O brasileiro conseguiu seis vitórias até agora, obtendo 100 pontos em cada uma delas. Foram quatro nas oito etapas nos EUA e duas nas quatro na Europa. O melhor resultado do brasileiro na Copa do Mundo foi o vice-campeonato obtido na edição de 1997.
No site oficial da competição, Burnquist já é considerado o campeão europeu da temporada, mesmo com uma prova ainda por disputar no continente, em Paris.
Essa etapa e a brasileira são as duas que faltam acontecer fora dos EUA.
Além do título de campeão mundial, o brasileiro também poderá levar a tríplice coroa, promovida pela marca Vans. A próxima etapa será disputada em outubro, em Oceanside, na Califórnia.
Burnquist, que chegou ao Brasil na quinta-feira passada para participar de uma competição no Rio neste final de semana, afirmou em entrevista à Folha que a "sensação de liberdade e a diversão de andar com a galera" são suas motivações no esporte.
Por essas razões, deixou a mulher e a filha de quatro meses em San Diego (EUA), onde mora há cinco anos, e, apesar de cansado pela sequência de seis campeonatos disputados em finais de semana seguidos, comentou que não poderia faltar nesta competição.
Entre as principais características de Burnquist estão as manobras executadas em switchstance -uma variação onde o praticante realiza o movimento com qualquer um dos pés à frente.
Normalmente, os skatistas são definidos como regular (esquerdo) ou goofy (direito), dependendo do pé que o atleta usa na frente do skate. Tentar algo com o outro pé à frente eleva o grau de dificuldade da manobra.
Essa variação, apesar de não ter sido criada pelo brasileiro, tem nele um de seus maiores especialistas. Burnquist consegue completar uma grande variedade de manobras como regular ou goofy. Para ele, andar em switchstance é como "aprender a andar de skate de novo".
Burnquist diz que não se preocupa muito com resultados em competições. Entretanto, afirmou que seu maior desgosto com o esporte está justamente nos campeonatos. No último Gravity Games (ver nota abaixo), o brasileiro contestou a nota dos juízes, que o deixaram na segunda posição.
A opinião do brasileiro é que a avaliação errada dos juízes e o clima de rivalidade, algumas vezes exagerado pelos narradores de TV, podem deturpar a imagem do skate.
Ele afirmou que existe uma responsabilidade com o esporte, principalmente em eventos como o Gravity Games e X-Games (das redes de TV americanas NBC e ESPN, respectivamente), que são transmitidos para vários países.

Campeonato no Rio

A competição deste final de semana reúne, até amanhã, no Rio, alguns dos maiores nomes do skate mundial, como Lincoln Ueda, sexto colocado no Mundial do ano passado, Sandro Dias, o Mineirinho, e Cristiano Matheus.
Para a realização do evento, a organização montou uma rampa de madeira em forma de "u" na praça do Ó, na Barra da Tijuca.
Além da rampa principal, o evento também conta com um espaço dedicado a uma competição de fingerboard (skate em miniatura praticado com o dedo).
Como se trata de um aberto, a tarde do ontem foi dedicada às eliminatórias, quando foram definidos os 11 atletas que se juntam aos convidados.
As competições de hoje estão marcadas para as 14h. Amanhã, a final tem início às 9h.
A organização convidou 11 brasileiros para a competição, que distribuirá um total de US$ 15 mil (cerca de R$ 28 mil) em prêmios aos vencedores.


Texto Anterior: Agenda
Próximo Texto: Fora da trilha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.