São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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AUTOMOBILISMO

Após largar na pole, campeão da temporada crava volta mais rápida, domina e ganha o GP da Alemanha

Schumacher vence em casa e fala em Deus

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A HOCKENHEIM

Foi como se o título ainda estivesse em jogo. Foi como se Michael Schumacher ainda precisasse provar algo para alguém.
Uma semana após conquistar o mítico pentacampeonato mundial de F-1, o ferrarista venceu ontem o GP da Alemanha, 12ª etapa do campeonato. E o fez com requintes de crueldade para os adversários: largou na pole e cravou a volta mais rápida, estabelecendo mais um final de semana perfeito.
Foi a nona vitória do alemão neste ano e a décima vez que ele obteve os três triunfos em um só GP. Caso repita a façanha em mais uma prova, igualará o recorde dessa estatística, que pertence ao escocês Jim Clark desde 1965.
Os pilotos da Williams completaram o pódio em Hockenheim. Juan Pablo Montoya foi o segundo, seguido por Ralf Schumacher. Apesar de ter sido anunciado como a prioridade ferrarista, Rubens Barrichello teve problemas com o carro e ficou em quarto.
Após ter chorado na França, na conquista do penta, Schumacher ontem surpreendeu em seu discurso pós-GP. Falou em Deus.
"Só posso agradecer a Deus pelas oportunidades que tenho recebido. E graças a Deus que meus pneus trabalharam bem após os dois pits stops. Essa foi a chave para minha vitória", declarou.
Sob um calor de 30C, a expectativa era que Williams e McLaren, ambas clientes da Michelin, se aproximassem da Ferrari -os compostos franceses trabalham melhor que os Bridgestone em condições de asfalto quente.
Ralf até tentou na primeira metade da corrida. Manteve o mesmo ritmo do irmão mais velho, mas não conseguiu diminuir uma vantagem de quatro segundos aberta nas primeiras voltas.
A quatro giros do fim, ainda teve um problema no sistema de válvulas pneumáticas e perdeu o segundo lugar para Montoya.
Supremo na pista, Schumacher só perdeu a liderança quando entrou nos boxes para os pit stops. Ao final da prova, com uma volta até sobre o quinto colocado, o McLaren de David Coulthard, se deu ao luxo de tirar o pé do acelerador. Sua folga para Montoya, que era de 23 segundos na 64ª volta, caiu para dez segundos.
Sem ação contra Schumacher, o colombiano, pelo menos, protagonizou a mais bela disputa por posições desta temporada. Seu adversário foi Kimi Raikkonen.
Lutando pela quarta posição, os dois percorreram quase toda a 11ª volta lado a lado. A cada ataque, o finlandês reagia com uma ação ousada. Ao final, Montoya levou a melhor e superou o McLaren.
Ovacionado pelo 117 mil torcedores alemães que estiveram no autódromo, Schumacher vibrou.
"A equipe mais uma vez fez um trabalho fantástico. O Ralf pressionou no início da prova, mas tive equipamento para suportar essa situação. No final, decidi que era melhor aliviar o ritmo e só trazer o carro para a chegada."
Ontem, de quebra, ele derrubou um tabu. Hockenheim era o único circuito do atual calendário onde nunca havia vencido com a Ferrari. Agora, entre as 17 pistas da F-1, não há nenhuma que possa se orgulhar de ter resistido ao alemão e a seu carro vermelho.


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