São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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FUTEBOL

O Palmeiras e o bicho-papão

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

É difícil dizer o que foi mais espetacular: a virada do Paysandu sobre o Palmeiras ou a festa azul e doida da sua torcida.
O alviverde de Wanderley Luxemburgo parece ter tomado um susto com as duas coisas. Marcou seu gol antes dos 15min do primeiro tempo, numa jogada de puro talento e ousadia de Nenê. Depois disso, o time se acomodou.
O Paysandu, por sua vez, mostrou muito mais aplicação e entrosamento -e só demorou para empatar o jogo por conta da afobação de seus atacantes na hora de finalizar.
Mas era evidente que o empate não demoraria, e que viria da maneira como veio: numa jogada de linha de fundo pelo lado direito, o lance mais mortal da equipe da casa.
Com a contusão de Leonardo e a consequente volta de Arce à lateral direita, o meio-de-campo do time palmeirense, que já não estava muito inspirado, quase deixou de existir.
Com a queda na qualidade do passe na meia cancha, abriu-se o fatal buraco entre a defesa e o ataque do alviverde. O Paysandu continuou dominando, correndo, tentando, e virou o jogo em mais um cruzamento da direita, desta vez de bola parada.
A reação de Luxemburgo foi um tanto mecânica e simplista. Precisando de gols, achou por bem encher o time de atacantes.
O Palmeiras passou a contar com praticamente cinco homens de frente: Nenê, Muñoz, Lopes, Itamar e Juninho. Mas atacava aos trancos, sem organização, abrindo espaços para o perigoso contra-ataque do Paysandu.
No terceiro gol paraense, três jogadores do Paysandu fizeram dois defensores palmeirenses de bobos. Pareciam dizer um para o outro: "Faz você", "Não, faz você". Até que Albertinho deu o tiro de misericórdia que acabou com a agonia alviverde.
Antes de tomar o terceiro gol, o Palmeiras, já no desespero, chegou a fazer uma coisa muito feia. Depois de uma paralisação para atendimento ao goleiro do Paysandu, os jogadores palmeirenses, em vez de devolver a bola ao adversário no "bola ao chão", como manda a mais básica civilidade, resolveram tentar o ataque. Ouviram da torcida o coro de "Timinho, timinho". Bem-feito.
Para o Paysandu aplausos, sobretudo para o técnico Givanildo, que armou uma equipe aguerrida e veloz, e para um punhado de jogadores valorosos, com destaque para o brioso Jajá, que teve uma distensão no meio da semana e se recuperou a tempo de infernizar a defesa palmeirense.
Para o Palmeiras, talvez tenham ficado algumas velhas lições: que o futebol se ganha no meio de campo, que afrouxar o jogo depois de marcar um gol pode ser fatal e, sobretudo, que o Paysandu, de volta depois de vários anos à elite do futebol brasileiro, não está para brincadeiras.
E a semana que começou azul, com o Cruzeiro e o São Caetano, terminou azul com o (bicho) Papão do Curuzu.

O São Caetano precisa só do empate na partida contra o Olimpia, na quarta-feira, no Pacaembu, para ser campeão da Taça Libertadores da América.
Mas acho que não tem perigo de o Azulão "segurar o jogo". O mais provável é que siga sua vocação ofensiva, tentando liquidar o adversário no primeiro tempo. Se fizer um gol logo e o Olimpia tiver de atacar, será a sopa no mel para os contra-ataques do Azulão.

Rivaldo na Itália
A maneira como o Barcelona dispensou Rivaldo não condiz com o que o atleta fez pelo clube catalão e muito menos com o que ainda poderia fazer. Sorte do Milan. Só resta torcer para que o futebol e os joelhos de Rivaldo sobrevivam ao duro jogo italiano.

Filho pródigo?
Ricardinho, ao que tudo indica, vai mesmo embora do Corinthians. Dizer que fará falta é dizer o óbvio. Não há hoje, atuando no Brasil, nenhum outro armador com a sua qualidade e a sua experiência. O que fazer para substituí-lo? Se eu fosse dirigente corintiano, tentaria negociar a volta de Souza, que foi bestamente dispensado pelo São Paulo. Jogadores como esses dois não se encontram em cada esquina.

Procura-se clube
E Romário, quem diria, continua desempregado.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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