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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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FUTEBOL

Cartola diz que sai da FPF no sábado; Marco Polo del Nero herdará cargo

Isolado, Farah assina o fim do seu ciclo no futebol

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Depois de ver seu poder nos bastidores minguar na mesma proporção do seu "torneio de primeiro mundo", Eduardo José Farah, 69, formalizou por escrito sua saída do futebol.
Em carta enviada às redações de veículos de comunicação de São Paulo, o dirigente afirmou que sairá da Federação Paulista no próximo sábado. A diferença desta "renúncia pública" para as demais é que, fato inédito, Farah assinou embaixo da promessa.
Para que a saída se torne irreversível, no entanto, é preciso que o cartola escreva uma carta-renúncia ao Comitê Executivo da FPF, o que ainda não aconteceu.
Se o fizer, Farah passará o cargo para Marco Polo del Nero, seu advogado e ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva-SP.
Diz o estatuto da FPF, em seu artigo 17: "Em caso de vacância, por morte ou renúncia, (...), o presidente será substituído pelo vice-presidente mais velho da diretoria eleita pela Assembléia Geral".
Como tem 62 anos, 13 a mais que Reynaldo Carneiro Bastos, o outro vice da FPF, Del Nero receberá o bastão a partir de segunda-feira caso Farah não volte atrás.
"Não estou nem pensando nisso [em assumir]. Não vi o estatuto. Estamos pedindo para ele rever a decisão. Mas ele parece irredutível", disse Del Nero, que é conselheiro do Palmeiras.
Desde o anúncio do aumento da duração do Brasileiro, do fim dos regionais e do enxugamento do Paulista, Farah tem vivido seu ocaso no futebol. Abandonado politicamente por Corinthians e Santos, que se aproximaram de Ricardo Teixeira (CBF), ele perdeu força nos bastidores.
Teve que extinguir a Liga Rio-São Paulo, o que considerava um trampolim para seu principal sonho: tornar-se presidente da CBF.
Sua gestão de 15 anos na FPF foi "condenada" pela CPI do Futebol, e mesmo enfrentando inquérito policial sobre supostos crimes -todos negados por ele-, como estelionato e apropriação indébita (em 2001, a Folha revelou o caso Piekarski, no qual Farah deixou US$ 1,2 milhão na Europa por quase dois anos e outros US$ 600 mil jamais entraram nas contas da FPF, segundo a CPI), quis novo mandato em 2002. Candidato único, foi aclamado.
Diante de um litígio judicial com as TVs Globo e SBT no Paulista-2003, se licenciou. Nomeou Carneiro Bastos como presidente.
Há duas semanas, anunciou sua decisão à diretoria. Anteontem, usou o programa de TV "Futebol Paulista e Você" para dizer que penduraria a cartola. Alegou que iria se dedicar mais à família.
Na carta, disse que acertou mais do que errou. Citou como feitos as parcerias, o novo prédio da FPF e inovações nas regras. Fora de campo, Farah ainda terá que se defender das acusações das CPIs, pois o Ministério Público paulista seguirá investigando sua gestão.


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