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FUTEBOL
Cartola diz que sai da FPF no sábado; Marco Polo del Nero herdará cargo
Isolado, Farah assina o
fim do seu ciclo no futebol
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Depois de ver seu poder nos
bastidores minguar na mesma
proporção do seu "torneio de primeiro mundo", Eduardo José Farah, 69, formalizou por escrito sua
saída do futebol.
Em carta enviada às redações de
veículos de comunicação de São
Paulo, o dirigente afirmou que
sairá da Federação Paulista no
próximo sábado. A diferença desta "renúncia pública" para as demais é que, fato inédito, Farah assinou embaixo da promessa.
Para que a saída se torne irreversível, no entanto, é preciso que
o cartola escreva uma carta-renúncia ao Comitê Executivo da
FPF, o que ainda não aconteceu.
Se o fizer, Farah passará o cargo
para Marco Polo del Nero, seu advogado e ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva-SP.
Diz o estatuto da FPF, em seu
artigo 17: "Em caso de vacância,
por morte ou renúncia, (...), o presidente será substituído pelo vice-presidente mais velho da diretoria
eleita pela Assembléia Geral".
Como tem 62 anos, 13 a mais
que Reynaldo Carneiro Bastos, o
outro vice da FPF, Del Nero receberá o bastão a partir de segunda-feira caso Farah não volte atrás.
"Não estou nem pensando nisso [em assumir]. Não vi o estatuto. Estamos pedindo para ele rever a decisão. Mas ele parece irredutível", disse Del Nero, que é
conselheiro do Palmeiras.
Desde o anúncio do aumento da
duração do Brasileiro, do fim dos
regionais e do enxugamento do
Paulista, Farah tem vivido seu
ocaso no futebol. Abandonado
politicamente por Corinthians e
Santos, que se aproximaram de
Ricardo Teixeira (CBF), ele perdeu força nos bastidores.
Teve que extinguir a Liga Rio-São Paulo, o que considerava um
trampolim para seu principal sonho: tornar-se presidente da CBF.
Sua gestão de 15 anos na FPF foi
"condenada" pela CPI do Futebol,
e mesmo enfrentando inquérito
policial sobre supostos crimes
-todos negados por ele-, como
estelionato e apropriação indébita
(em 2001, a Folha revelou o caso
Piekarski, no qual Farah deixou
US$ 1,2 milhão na Europa por
quase dois anos e outros US$ 600
mil jamais entraram nas contas
da FPF, segundo a CPI), quis novo
mandato em 2002. Candidato
único, foi aclamado.
Diante de um litígio judicial
com as TVs Globo e SBT no Paulista-2003, se licenciou. Nomeou
Carneiro Bastos como presidente.
Há duas semanas, anunciou sua
decisão à diretoria. Anteontem,
usou o programa de TV "Futebol
Paulista e Você" para dizer que
penduraria a cartola. Alegou que
iria se dedicar mais à família.
Na carta, disse que acertou mais
do que errou. Citou como feitos as
parcerias, o novo prédio da FPF e
inovações nas regras. Fora de
campo, Farah ainda terá que se
defender das acusações das CPIs,
pois o Ministério Público paulista
seguirá investigando sua gestão.
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