São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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JUCA KFOURI

Um balanço realista do Pan


Passada a festa, que foi bela, é hora de investigar como se gastou tanto e que saldo ficou para o país


SEM NENHUM recorde mundial, o Pan-2007 acaba hoje. Desde 1987, aliás, em Indianápolis, que os Jogos Pan-Americanos não vêem cair uma marca significativa internacionalmente.
Nem por isso, no entanto, o progresso brasileiro no quadro de medalhas deve ser minimizado.
Apenas relativizado, para que não caiamos todos no ufanismo boçal e para que não haja frustração diante dos resultados nos Jogos Olímpicos de Pequim, no ano que vem.
O Pan, que começou com vaias ao presidente da República e terminará sem ele no Maracanã, teve seu ponto mais festivo, por ironia, com o futebol.
E com o futebol... feminino, o rejeitado, e delicioso, futebol feminino brasileiro.
Quando esta coluna estava sendo escrita, o Brasil tinha 40 medalhas de ouro e 125 no total.
Nunca este país colheu tantas, diria o presidente.
Pura verdade.
É assim, em regra, com os anfitriões, como Cuba, que fez 140 ouros em 1991 e superou os EUA.
O que, também, não obscurece que o progresso brasileiro tem sido lento e gradual de 1999, em Winnipeg, para cá.
Turbinado pela Lei Piva, e agora com o aditivo da Lei de Incentivo ao Esporte, tal progresso deve continuar, mesmo que isso não venha a significar, infelizmente, que a população brasileira passará a ter mais acesso à prática esportiva, seja como lazer, seja como educação, seja como saúde, aspecto talvez mais importante num país tão miseravelmente doente.
Porque, por falar em educação, o Brasil não passou de ano neste quesito, menos pelas vaias ao presidente, mais pelas covarde e vergonhosamente destinadas aos que competiam contra os patrícios na ginástica e no atletismo, verdadeiras manchas que certamente serão levadas em conta pelos observadores que, adiante, tratarão de avaliar a candidatura do Rio aos Jogos Olímpicos de 2016.
Nem por isso o Pan-2007 deixou de ser uma alegria, principalmente para quem pode vivê-lo de perto, experiência inesquecível como bem sabem os que testemunharam o Pan-63, em São Paulo.
Agora, no entanto, é que deve começar o outro lado do Pan.
Com a CPI na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e, provavelmente, na Câmara Federal.
E com as imprescindíveis ações do Ministério Público Federal que tem de verificar, por exemplo, se faz sentido financiar as passagens de todas as delegações com dinheiro público, como foi feito. Algo que, registre-se, nem os EUA, que tinham a cidade de San Antonio como concorrente ao Pan-2007, toparam fazer.
Afinal, não basta investigar se o dinheiro foi gasto ou não, mas, sim, se foi bem gasto ou não. No caso, parece um acinte, ainda mais por envolver passagens de avião...
Porque também nunca jamais uma medalha custou tão caro neste país que não sabe, entre outras coisas, que destino terão os equipamentos que foram construídos para a festa continental.
O Pan está por acabar.
E foi bonita a festa, pá!
Há que começar o pan, pan, pan, pan..., pão, pão, queijo, queijo.

blogdojuca@uol.com.br


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