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FUTEBOL
Delegado paulista já apura supostos crimes do presidente da entidade baseado nas conclusões da CPI do Futebol
Gestão Farah na FPF vira caso de polícia
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil já investiga a gestão de Eduardo José Farah à frente
da Federação Paulista de Futebol.
A abertura do inquérito foi decretada ontem. Despacho do delegado-geral da Decap (Delegacia
de Polícia Judiciária), Gérson de
Carvalho, foi distribuído à 3ª Delegacia Seccional, situada na zona
oeste de São Paulo -onde também está a sede da entidade.
Oscar Ferraz Gomes, delegado
do setor de investigações gerais da
seccional, irá conduzir o inquérito. Em princípio, ele tem um prazo de 30 dias para concluí-lo e enviá-lo ao Ministério Público.
Sob a inscrição 061/2002, o inquérito foi aberto para apurar suposto envolvimento de Farah e
outros dirigentes em crimes que
teriam lesado o patrimônio da federação. "A Procuradoria da República entendeu que, por ser a
FPF uma entidade civil de direito
privado, são atribuições do Ministério Público de São Paulo e da
Polícia Civil do Estado as investigações sobre as supostas irregularidades na sua administração e o
consequente prejuízo ao patrimônio. O inquérito chegou à seccional e foi distribuído", afirmou o
delegado-chefe da Seccional, Fernão de Oliveira Delgado.
A Folha publicou anteontem
que partiu de uma iniciativa do
Ministério Público paulista, baseada no relatório da CPI do Futebol, que funcionou no Senado até
dezembro do ano passado, o pedido para que a entidade presidida por Farah desde 1988 fosse investigada pela Polícia Civil.
Segundo o delegado responsável pelo inquérito, ainda não é
possível falar sobre o que será
apurado. "São três volumes de
documentos, mais de 600 páginas. Vou levar o final de semana
para ler tudo. Só depois vou poder
ter uma visão real da situação. Em
tese, vamos investigar a suposta
existência de apropriação indébita e até de estelionato", disse o delegado Ferraz Gomes.
No comando da FPF, Farah já
viu seu nome envolvido em escândalos, mas sempre negou participação em atos ilícitos.
Um dos casos que serão investigados pela polícia foi revelado pela Folha em janeiro de 2001.
Documentos publicados pelo
jornal mostraram que a FPF manteve no exterior por dois anos US$
1,2 milhão, dinheiro referente à
venda do polonês Piekarski para
o clube Bastia, da França.
Outros US$ 600 mil, que completavam o valor da transferência,
jamais entraram na conta da entidade. Além disso, a polícia deve
investigar a suposta prática de crime de apropriação indébita do dirigente, que teria desviado cerca
de R$ 194 mil da conta da entidade para a sua conta pessoal para
cobrir despesas judiciais.
Ontem, Farah não quis comentar a abertura de inquérito contra
a FPF. A postura do presidente da
entidade se repete desde que foi
informado pela reportagem, em
julho, de que o jornal publicaria a
informação de que seu afilhado
Bruno Balsimelli recebeu R$ 2,2
milhões de comissão pela intermediação de acordos da entidade
com a TV Globo. A emissora negou a participação do empresário
na confecção dos contratos.
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