São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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Analistas vêem "medo de vencer"

DA REPORTAGEM LOCAL

Falta treino. Segundo psicólogos ouvidos pela Folha, os fracassos femininos em Atenas têm uma explicação. As jogadoras ainda precisam aprender a ganhar e enfrentar situações de pressão.
"O medo do sucesso às vezes pode ser maior do que o do fracasso. Quando a pessoa se vê apta a realizar algo maior do que acha que é capaz, ela se desorganiza. Às vezes, as pessoas adiam o sonho para permanecer na luta", afirma Fernando Zanluchi, psicólogo da equipe brasileira de ginástica rítmica, em clara alusão à derrota da seleção feminina de vôlei para a Rússia, na semifinal, quando o time do técnico José Roberto Guimarães desperdiçou sete match points.
Segundo os especialistas, estar em uma Olimpíada já gera uma carga extra de estresse em qualquer atleta. Mulheres, que costumam ser mais emotivas que os homens, podem senti-la de forma mais intensa. Mas a "predisposição" para o erro pode ser combatida em qualquer um com treino.
"É preciso fazer um trabalho que simule situações de decisão. As meninas do triatlo, por exemplo, sentiram demais. Elas precisam aprender a encarar a Olimpíada como mais uma etapa do Circuito Mundial", disse Gilberto Gaertner, psicólogo do esporte que trabalhou com as seleções masculina e feminina de vôlei.
Em Atenas, Mariana Ohata ficou em 37º lugar. Carla Moreno abandonou por cansaço, Sandra Soldan sentiu uma contusão.
"Daiane deixou o país como a esperança de ser a heroína. Isso, aliado a uma primeira Olimpíada, gera muito nervosismo. Acredito até que a lesão dela possa ter um fundo psicológico. Quando você tem muito estresse, fica vulnerável a lesões", afirma João Ricardo Cozac, psicólogo do esporte.
O caso da ginasta Daiane dos Santos, para especialistas, é emblemático. A atleta gaúcha não teve apoio psicológico na recuperação -apenas conversou com Dietmar Samulski, psicólogo do COB, já na Vila Olímpica.

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