São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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VÔLEI

Após péssima atuação, time não repete bronze de Sydney e Atlanta e reabilita maior rival

De ressaca, brasileiras tropeçam de novo em Cuba e regridem 12 anos

DO ENVIADO A ATENAS

Cuba frustrou ontem novamente as aspirações do Brasil. Só que, desta vez, valia medalha.
Com a derrota por 3 sets a 1 (25/22, 25/22, 14/25 e 25/17), a equipe de José Roberto Guimarães terminou sua caminhada em Atenas em quarto lugar, a pior colocação desde Barcelona-1992.
Nas duas últimas Olimpíadas, a seleção feminina, então comandada pelo técnico Bernardinho, obteve o bronze. Só não disputou o ouro porque cruzou com as caribenhas nas semifinais. Cuba é tricampeã olímpica.
Ontem, no entanto, o rival nem de longe lembrava aquele que fez história no vôlei. Desde 2000, quando sofreu renovação radical -apenas Yumilka Ruiz e Zoila Barros são remanescentes de Sydney-, a equipe amargou somente maus resultados.
O time voltou a respirar no Grand Prix deste ano. Apesar de não ter subido ao pódio, teve boas atuações, inclusive com uma vitória sobre as brasileiras.
O Brasil viveu processo parecido, mas marcado por brigas com o antigo técnico, Marco Aurélio Motta. "Isso atrapalhou demais nossa preparação olímpica", declarou a ponta Érika, uma das que se afastaram da seleção por desavenças com Motta em 2002.
Na quadra em Atenas, ontem, ficou evidente a ressaca da queda diante da Rússia na semifinal, quando o time desperdiçou sete chances de fechar o jogo. "Foi a derrota mais amarga da minha carreira", declarou Zé Roberto.
As brasileiras pouco vibravam ao pontuar e se irritavam a cada erro, a cada saque forte do rival, a cada bola que não caía graças à excelente defesa cubana. Essa foi a toada dos dois primeiros sets.
O caso mais claro do desgaste após a queda na semifinal era Mari, que errou a bola decisiva diante das russas. Saiu no primeiro set para a entrada de Bia e não mais voltou. Na reserva, a revelação da equipe e principal atacante em Atenas ficou com os braços cruzados, semblante fechado.
Demonstrando desinteresse, chegou a sentar no chão da zona de aquecimento, no terceiro e quarto sets. E foi para o vestiário repetindo: "Não vou falar".
O Brasil esboçou uma reação na terceira parcial, liderado por Bia, que assinalou dez pontos -ela foi a maior pontuadora com 23. O saque brasileiro também funcionou e desestabilizou as cubanas, que falhavam seguidamente no passe.
No quarto set, a seleção cometeu vários erros. Cuba dominou e não teve problema para fechar.
"Foi uma pena ter acabado como acabou", resumiu a levantadora e capitã Fernanda Venturini, 33, uma das três jogadoras que disputaram sua última Olimpíada -Virna, 32, e Fofão, 34, também não irão a Pequim-08.
"Precisamos cumprir nossos ciclos. Saio orgulhosa. Daqui a alguns anos, talvez vocês me vejam como técnica ou dirigente", disse Virna, que, ao lado de Arlene, foi a que mais chorou.(LUIS CURRO)

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