São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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ATLETISMO

Atenas assiste à derrocada das hegemonias

DO ENVIADO A ATENAS

Os Jogos de Atenas ficarão marcados pela quebra das hegemonias no atletismo. Poucas estrelas das pistas, ruas e campos confirmaram o favoritismo na Grécia.
Pior: algumas nem chegaram a competir por causa de problemas com o doping ou participaram dos Jogos sob a névoa da suspeita.
Com 38 dos 46 eventos encerrados até a conclusão desta edição, só dois atletas se tornaram bicampeões, o que representa 5,3%. Em Sydney, seis provas viram repetir o ouro de Atlanta (13,3%).
A maioria dos fracassados no Estádio Olímpico nem teve o privilégio de subir ao pódio. Só três outros campeões de 2000 levaram nova medalha. Todas de bronze.
Foi o caso do norte-americano Maurice Greene, nos 100 m, da etíope Derartu Tulu, nos 10.000 m, e do cubano Anier Garcia, nos 110 m com barreiras. Eles mostram que quatro anos de domínio é um período muito longo.
"Estou desapontado. Mas tive tantos problemas que já foi uma vitória chegar aqui", reconheceu o velocista Greene.
Absoluto no arremesso de disco em Sydney, o lituano Virgilijus Alekna viu seu domínio ser quebrado por Robert Fazekas, rival que batera no Mundial de Paris-03. No dia seguinte, tornou-se o primeiro bicampeão em Atenas.
O húngaro se recusara a passar pelo antidoping. Perdeu o ouro.
Na marcha de 50 km, o polonês Robert Korzeniowski bisou seu feito olímpico. Mas nem correu a competição de 20 km, que também havia vencido em Sydney.
A imagem da decepção estava estampada nos olhos de Marion Jones. Maior estrela do atletismo em Sydney, a velocista colecionou fracassos neste ano. Suspeita de ter usado doping, a americana não disputou nenhuma das três competições em que poderia atingir seu segundo ouro olímpico: 100 m, 200 m e 4 x 400 m.
Classificada no salto em distância, terminou em quinto. Pouco depois, errou a passagem do bastão para Lauryn Williams e eliminou sua equipe do 4 x 100 m.
"Foi uma derrota muito amarga", lamentou a atleta, dona de cinco medalhas em 2000, que volta da Grécia de mãos vazias.
Desapontamento que atingiu a supercampeã Maria Mutola. A moçambicana defendia o título dos 800 m. Em 2003 ganhou o Mundial e foi a única atleta a vencer todas etapas da Liga de Ouro, que reúne os principais GPs do atletismo. Em Atenas atacou cedo. Foi superada por Kelly Holmes. Desgastada, terminou fora do pódio, em quarto. "Sonhava ser a primeira bicampeã olímpica dos 800 m. Não era o meu dia", resumiu. (ADALBERTO LEISTER FILHO)

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