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HIPISMO
Brasil repete resultado de Atlanta e leva bronze na prova de equipes
Time divide a terceira colocação com a França, mas ganha a medalha
na série de desempate com cavalo que foi desprezado por oponentes
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EDGARD ALVES
RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADOS ESPECIAIS A SYDNEY
Com um cavalo francês-Baloubet du Rouet- que os franceses se recusaram a comprar quando foi a leilão, o Brasil superou a
França no desempate, conquistando a medalha de bronze do
torneio de saltos por equipes, ontem.
Foi a segunda medalha do Brasil
na história do hipismo olímpico,
a segunda de bronze. A anterior
havia sido ganha em Atlanta-96,
pelos mesmos cavaleiros: Álvaro
Affonso de Miranda Neto, o Doda, 27; André Bier Johannpeter,
37; Luiz Felipe Cortizo Gonçalves
de Azevedo, 47, e Rodrigo de Paula Pessoa, 27.
A Alemanha ficou com a medalha de ouro (15 pontos perdidos) e
a Suíça, com a prata (16 pontos).
Brasil e França terminaram os
dois percursos empatados no terceiro posto, com 24 pontos. Por
isso houve necessidade do desempate. Dos 15 obstáculos utilizados
durante os percursos normais, a
série foi reduzida para seis obstáculos.
Enquanto os brasileiros comemoravam o bronze na zona próxima da pista de aquecimento,
um industrial português aposentado, que compra cavalos de competição e é proprietário de Baloubet du Rouet e de Raph, as montarias de Rodrigo Pessoa e Luiz Felipe de Azevedo, respectivamente,
acompanhava a movimentação à
distância.
"O Baloubet tinha três anos e foi
a leilão na França. Ninguém se interessou durante uns sete ou oito
meses. Foi recusado até pelo haras
du Pin (centro de fomento à criação equina do governo francês).
Acreditei. A partir dos sete anos,
ele começou a mostrar resultados", afirmou Diogo Pereira Coutinho, o proprietário dos cavalos.
Coutinho não fala quanto pagou pelo cavalo, mas, nos bastidores do Equestrian Centre, os comentários apontam que o animal
de 11 anos, com o qual Pessoa chegou ao topo do ranking mundial,
vale hoje aproximadamente US$
6 milhões, mas que o proprietário
não aceitaria vendê-lo. O preço de
Ralph seria menor, cerca de US$
1,5 milhão.
Na avaliação de Coutinho, os
seus dois cavalos foram muito
bem, especialmente no final.
"Tenho que dizer que o Ralph
foi espetacular com Felipinho
(Luiz Felipe). O Baloubet na mão
do Rodrigo já sabíamos que era
garantido", declarou.
Os concorrentes do torneio por
equipes realizaram duas passagens pelo percurso de 650 m, com
15 obstáculos (três deles com 1,6
m de altura) e tempo limite de 98s.
A pista é elaborada em segredo,
sempre com obstáculos diferentes
em posições escolhidas por um
especialista. Na prova por equipes, cada país participa com quatro cavaleiros, mas a contagem final de pontos leva em conta apenas três dos resultados. O pior é
descartado.
Após a primeira passagem, a
equipe brasileira estava em quarto lugar, pela ordem, atrás das líderes Alemanha, Suíça e Holanda,
e com os EUA e a Suécia em quinto e sexto. Carlos Alberto de Mello
Verri, chefe da equipe brasileira
de saltos, ingressou com um recurso para tentar anular uma punição de quatro pontos (violação
no salto do rio) do cavaleiro Doda. O cavalo Aspen teria tocado
com uma pata na linha de saída
do obstáculo. Mas o recurso não
foi acolhido.
Luiz Felipe, com Ralph, teve 8
pontos perdidos na primeira passagem; Johannpeter, com Calei, 8;
Doda, com Aspen, 4; e Rodrigo
zerou o percurso.
Na segunda passagem, Luiz Felipe abriu novamente a participação da equipe zerando a pista; Johannpeter perdeu 16 pontos (derrubou quatro obstáculos); Doda
sofreu 12; e Rodrigo, mais uma
vez, zerou.
No desempate entre Brasil e
França, com passagem dos cavaleiros das duas equipes por apenas seis obstáculos, Luiz Felipe zerou (em 43s72); Johannpeter zerou (em 52s13); Doda teve 8 pontos perdidos (em 52s46); e Rodrigo zerou (em 50s31).
Luiz Felipe de Azevedo, o mais
velho dos cavaleiros brasileiros,
pulou de alegria ao término da
competição. Nas entrevistas, relembrou dificuldades que teve para poder participar dos Jogos.
"Só eu sei o que passei para chegar aqui. Eu e minha família. Temos de agradecer também ao
Diogo Pereira Coutinho, que é
dono de 50% da equipe, e a todos,
familiares e tratadores, porque
cheguei aqui na marra, com minha família passando dificuldades. Faltou sorte para o ouro e sobrou para o bronze. Deus não
abandona quem trabalha", afirmou Luiz Felipe, pai de Luiz Felipe Filho, 25, Roberta, 19, e Luiz
Francisco, 15, e que já é avô de Elisabeth, 5.
"Eu vou comemorar com minha mulher. Beijos, abraços, muito amor. Esse amor que nós merecemos", falou. A poucos metros
dele, a mulher Elisabeth sorria.
André Johannpeter se emocionou com o duelo com a França.
"O desempate é inédito. E foi
muito sofrido porque a gente precisava do último resultado francês
(quando a França falhou, provocando o empate, após os saltos
dos brasileiros na segunda passagem). Foi emocionante", disse.
O cavaleiro explicou ainda que
sabia que se pegasse a França
num desempate o Brasil levaria
vantagem.
"Porque um deles (o francês Patrice Delaveau) já havia sido eliminado e tinha um cavalo da
França que estava meio manco",
afirmou.
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