São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Times da 4ª divisão paulista vinculam nome de candidato em uniforme

TJD avalia uso de camisas para publicidade eleitoral

DA REPORTAGEM LOCAL

A uma semana das eleições, o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da FPF avalia a utilização, por parte de clubes do interior de São Paulo, de nomes de candidatos em uniformes, durante partidas do Campeonato Paulista da Série B-1 (quarta divisão).
Das 16 equipes que participam da disputa desde o último mês de abril, pelo menos duas já utilizaram o artifício em jogos oficiais -o Tupã e o Lemense.
Um dos casos foi comunicado ao Tribunal. Na partida entre Lemense e Batatais, válida pelo segundo turno, o time de Leme (189 km de São Paulo) utilizou em sua camisa os nomes "Juvenil" -do candidato a deputado estadual Juvenil Correa de Almeida (PFL)- e "Luiz Carlos Santos" -candidato a deputado federal pelo PFL.
Já o Tupã utiliza desde o início da competição o nome "Vadão" na camisa. Segundo o presidente do clube, Walter Zaparolli, o patrocínio é referente ao grupo empresarial do deputado federal Vadão Gomes (PPB), que tenta seu quarto mandato consecutivo.
O Lemense retirou os nomes dos candidatos de sua camisa, após seu presidente, Wando de Melo, ter sido convocado para prestar esclarecimentos no TJD.
Em Tupã (524 km de São Paulo), o nome "Vadão" continua estampado na camisa tricolor da equipe da cidade.
"Como não existe precedente de casos desse tipo, o Tribunal está analisando a situação e deve tomar uma posição até a próxima segunda-feira [amanhã]", afirmou Marco Polo del Nero, presidente do TJD paulista.
Os casos também podem ser analisados pela Justiça Eleitoral.
O desembargador Álvaro Lazzarini, corregedor regional do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), de São Paulo, informou, por meio de sua assessoria, que a utilização de nomes de candidatos em camisas de clubes de futebol poderia ser avaliada pelo órgão, caso uma representação contrária ao ato seja protocolada.
Tanto na alçada desportiva, quanto na eleitoral, não existe uma legislação específica que regulamente a utilização de nomes de candidatos em camisas de clubes, segundo os dois tribunais.
Entretanto, a assessoria do TRE informou que o caso é semelhante às propagandas eleitorais realizadas em igrejas, templos e similares. Essa prática foi proibida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os dirigentes e os candidatos envolvidos no episódio negam que haja motivação política na utilização dos nomes.
"O Tupã usa o nome "Vadão" há dois anos. Eu não vou tirá-lo da camisa porque não tem conexão política", afirmou Zaparolli.
O deputado Vadão Gomes disse à Folha que o nome estampado no uniforme do Tupã se refere ao Grupo Empresarial Vadão.
"Não tem nenhuma vinculação. Nenhum benefício eleitoral. Tenho mais de dez empresas e ajudo, há 20 anos, outros clubes também. Isso é ciúme eleitoral", disse Gomes, que na última eleição teve mais de 120 mil votos.
Segundo o parlamentar, o Fernandópolis, que também disputa a B-1, também recebe o patrocínio de suas empresas. Mas o nome utilizado é "Vadão Transportes", transportadora de Gomes.
O deputado também declarou que não exige que os clubes utilizem o seu nome nas camisas devido ao incentivo financeiro. "O que vai no uniforme fica sempre a critério do clube. Eu só ajudo", afirmou Gomes.
"Até poderia ser campanha, mas não tem nada de mais. Isso tem em todo lugar. Mas, já que a federação questionou, nós resolvemos tirar e não pretendemos retomar, já que não interessaria mais aos deputados", afirmou o presidente do Lemense.
"Fiquei até surpreso. Foi uma homenagem do clube por eu ser um desportista na cidade. Não tem vínculo político. "Juvenil" é um nome comum e eu também tenho uma loja de variedades", disse Almeida. (DIOGO PINHEIRO)


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