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FUTEBOL
Dirigentes só divergem sobre placar em "clássico" na fazenda de Teixeira
Pelada de cartolas celebra uma nova relação FPF-CBF
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
O "clássico" mais badalado do
fim de semana não valia nada.
Terminou 4 a 1, mas é difícil dizer
quem venceu. A pequena Piraí,
no interior do Rio, reuniu no sábado a nata da cartolagem nacional para animada pelada, regada a
cerveja, pagode e churrasco.
Acostumados aos gabinetes refrigerados, os dirigentes colocaram em campo tudo o que pregam na teoria. O resultado foi um
desastre, com "atletas" dos dois
times declarando-se vencedores.
Antes de viajar para os EUA, onde acompanhará o Mundial feminino, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, organizou uma confraternização em sua fazenda.
O motivo oficial para o rega-bofe foi a comemoração dos seis
anos da pelada que reúne amigos
de seu filho mais velho, Rico. Mas,
mais do que isso, o almoço serviu
para solidificar a nova relação entre CBF e Federação Paulista.
Entre um gole e outro de chope,
Ricardo Teixeira e Marco Polo
Del Nero deram mostras de que,
antes inimigas, as duas entidades
andarão de mãos dadas daqui para frente -relação bem diferente
da que existia quando Eduardo
José Farah, desafeto de Teixeira,
comandava o futebol paulista.
Para prestigiar o evento, Del Nero viajou de São Paulo a Piraí no
helicóptero de um amigo do vice
Mauro Marques. A aeronave fez
uma escala em Taubaté para pegar Reynaldo Carneiro Bastos,
seu braço-direito na entidade.
Outros convidados davam a
pista de quem é ou não amigo de
Teixeira atualmente. Estavam no
churrasco o empresário Hélio
Viana, ex-sócio e maior inimigo
de Pelé, e o homem-forte do Barcelona e ex-executivo da Nike,
Sandro Rossel. Voltou a brindar
com o presidente da CBF o flamenguista Hélio Ferraz, único dirigente de clube no encontro.
Teixeira também lembrou de
seus diretores mais próximos na
CBF. Marco Antonio Teixeira (secretário-geral), Américo Faria
(supervisor), Antônio Osório da
Costa (diretor financeiro), Rodrigo Paiva (assessor de imprensa) e
Branco (coordenador das seleções de base) subiram a serra para
prestigiar a pelada do chefe.
O churrasco foi fechado à imprensa. Fotos do evento foram cedidas à Folha por Del Nero e
Mauro Marques, da FPF.
Relatos obtidos pela reportagem sobre a pelada são contraditórios. O time da federação, que
jogou de amarelo e teve astros como Branco e Ricardo Rocha, declara ter vencido por 4 a 1.
"Jogamos muito. Mas contamos
com a ajuda do Marco Antonio
[Teixeira], o melhor em campo",
opinou Del Nero, que atuou com
camisa de treino da seleção e chuteiras Umbro, o que gerou protestos do secretário-geral da CBF.
"Com você usando essa chuteira, pode esquecer a seleção em Ribeirão Preto", brincou o zagueiro
Marco Antonio, referindo-se ao
pedido do paulista para que o
Brasil jogue na cidade em 2004.
Mas a versão de Del Nero de que
seu time venceu por 4 a 1 é desmentida por Branco, seu companheiro na pelada. "Nosso único
gol foi do Marco Antonio. Perdemos de quatro", disse o ex-lateral.
Engana-se, no entanto, quem
pensa que o secretário-geral da
CBF jogou ao lado de Del Nero e
Branco. O tio de Ricardo Teixeira
foi, na verdade, responsável pelo
lance mais grotesco do jogo.
"Eu pedi para o Marco Antonio
não chutar, mas ele tentou tirar a
bola, que subiu muito e foi parar
no cantinho. Foi um lindo gol
contra", contou o goleiro Antonio
Osório, às gargalhadas.
Do lado de fora, Ricardo Teixeira só observava. Chegou a dar toques na bola, mas, quando ela rolou de verdade, preferiu só espiar.
Sua maior vítima foi o primo
Marcos Moura Teixeira, ex-preparador físico, que perdeu várias
vezes na corrida para rivais. "Se
continuar assim, o Luxemburgo
te demite do Cruzeiro", provocava o cartola à beira do campo.
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