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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Dirigentes só divergem sobre placar em "clássico" na fazenda de Teixeira

Pelada de cartolas celebra uma nova relação FPF-CBF

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

O "clássico" mais badalado do fim de semana não valia nada. Terminou 4 a 1, mas é difícil dizer quem venceu. A pequena Piraí, no interior do Rio, reuniu no sábado a nata da cartolagem nacional para animada pelada, regada a cerveja, pagode e churrasco.
Acostumados aos gabinetes refrigerados, os dirigentes colocaram em campo tudo o que pregam na teoria. O resultado foi um desastre, com "atletas" dos dois times declarando-se vencedores.
Antes de viajar para os EUA, onde acompanhará o Mundial feminino, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, organizou uma confraternização em sua fazenda.
O motivo oficial para o rega-bofe foi a comemoração dos seis anos da pelada que reúne amigos de seu filho mais velho, Rico. Mas, mais do que isso, o almoço serviu para solidificar a nova relação entre CBF e Federação Paulista.
Entre um gole e outro de chope, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero deram mostras de que, antes inimigas, as duas entidades andarão de mãos dadas daqui para frente -relação bem diferente da que existia quando Eduardo José Farah, desafeto de Teixeira, comandava o futebol paulista.
Para prestigiar o evento, Del Nero viajou de São Paulo a Piraí no helicóptero de um amigo do vice Mauro Marques. A aeronave fez uma escala em Taubaté para pegar Reynaldo Carneiro Bastos, seu braço-direito na entidade.
Outros convidados davam a pista de quem é ou não amigo de Teixeira atualmente. Estavam no churrasco o empresário Hélio Viana, ex-sócio e maior inimigo de Pelé, e o homem-forte do Barcelona e ex-executivo da Nike, Sandro Rossel. Voltou a brindar com o presidente da CBF o flamenguista Hélio Ferraz, único dirigente de clube no encontro.
Teixeira também lembrou de seus diretores mais próximos na CBF. Marco Antonio Teixeira (secretário-geral), Américo Faria (supervisor), Antônio Osório da Costa (diretor financeiro), Rodrigo Paiva (assessor de imprensa) e Branco (coordenador das seleções de base) subiram a serra para prestigiar a pelada do chefe.
O churrasco foi fechado à imprensa. Fotos do evento foram cedidas à Folha por Del Nero e Mauro Marques, da FPF.
Relatos obtidos pela reportagem sobre a pelada são contraditórios. O time da federação, que jogou de amarelo e teve astros como Branco e Ricardo Rocha, declara ter vencido por 4 a 1.
"Jogamos muito. Mas contamos com a ajuda do Marco Antonio [Teixeira], o melhor em campo", opinou Del Nero, que atuou com camisa de treino da seleção e chuteiras Umbro, o que gerou protestos do secretário-geral da CBF.
"Com você usando essa chuteira, pode esquecer a seleção em Ribeirão Preto", brincou o zagueiro Marco Antonio, referindo-se ao pedido do paulista para que o Brasil jogue na cidade em 2004.
Mas a versão de Del Nero de que seu time venceu por 4 a 1 é desmentida por Branco, seu companheiro na pelada. "Nosso único gol foi do Marco Antonio. Perdemos de quatro", disse o ex-lateral.
Engana-se, no entanto, quem pensa que o secretário-geral da CBF jogou ao lado de Del Nero e Branco. O tio de Ricardo Teixeira foi, na verdade, responsável pelo lance mais grotesco do jogo.
"Eu pedi para o Marco Antonio não chutar, mas ele tentou tirar a bola, que subiu muito e foi parar no cantinho. Foi um lindo gol contra", contou o goleiro Antonio Osório, às gargalhadas.
Do lado de fora, Ricardo Teixeira só observava. Chegou a dar toques na bola, mas, quando ela rolou de verdade, preferiu só espiar. Sua maior vítima foi o primo Marcos Moura Teixeira, ex-preparador físico, que perdeu várias vezes na corrida para rivais. "Se continuar assim, o Luxemburgo te demite do Cruzeiro", provocava o cartola à beira do campo.



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