São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PARAOLIMPÍADA

Nadadora teve de passar por cirurgia para endireitar pernas

Americana de 1,32 m leva 7 ouros e supera Clodoaldo

DO ENVIADO A ATENAS

A norte-americana Erin Popovich, 19, estava exultante ao subir no topo do pódio do Centro Aquático de Atenas, anteontem. E tinha razão para tamanha alegria. A nadadora, de 1,32 m, estava prestes a receber sua sétima medalha de ouro nesta Paraolimpíada. A sétima em sete provas. Um aproveitamento de 100%.
Erin terminou os Jogos como a segunda maior medalhista na Grécia. Deixou o desempenho do brasileiro Clodoaldo Silva, dono de seis ouros, para trás. Ao seu lado ficou a nadadora japonesa Mayumi Narita, que venceu sete provas, mas ainda levou um bronze.
"Eu vim de baixo. Minha perseverança me trouxe até aqui", diz a atleta, que cursa o segundo ano da faculdade de ciências do exercício e da saúde da Universidade de Colorado State, mas que tirou o ano para se dedicar só à natação.
A nadadora sofre de acondroplasia congênita, que impede o desenvolvimento normal dos ossos longos. Braços e pernas são mais curtos, mas o tronco tem tamanho quase normal. Geralmente, a cabeça é grande e a testa é proeminente. As mãos são pequenas, com dedos grossos.
Muitos dos adultos que têm acondroplasia sofrem com dores nas costas e nas pernas por causa da pressão sobre a coluna. Essa pressão pode até causar a paralisia das pernas, exigindo uma operação para minimizar os efeitos.
Erin não conseguiu escapar e teve que enfrentar uma mesa de cirurgia para endireitar suas pernas -a curvatura acentuada delas causava muitas dores na atleta.
Além de acabar com o sofrimento, a operação também a deixou mais alta. Foram apenas alguns centímetros, mas o suficiente para fazer com que ela mudasse de categoria, subindo para uma com maior grau de dificuldade. "Sabia que essa mudança iria deixar as coisas mais difíceis."
Mas a dificuldade não parece ter afetado o desempenho de Erin. Nos Jogos de Sydney, em 2000, com apenas 14 anos e em sua estréia em Paraolimpíadas, a americana conquistou três medalhas de ouro e três de prata, além de cravar quatro recordes mundiais.
Neste ano, ganhou as cinco provas individuais que disputou -100 m livre, 200 m medley, 100 m peito, 50 m borboleta e 50 m livre-, os dois revezamentos -4 x 100 m medley e 4 x 100 m livre- e ainda quebrou três marcas mundiais e cinco paraolímpicas.
Erin diz que encontrou na piscina um lugar para fugir da rotina, dos problemas. "É quando estou na água que me esqueço de tudo que está acontecendo fora. Quando nado, as coisas ficam mais claras na minha cabeça", afirma.
Além de nadar, a americana também pratica outros esportes, como vôlei, basquete e futebol. No hipismo, por exemplo, já ganhou duas vezes o Estadual em Montana. (FERNANDO ITOKAZU)


Com agências internacionais


Texto Anterior: Último ouro vem sobre a Argentina
Próximo Texto: Saiba mais: Democrática, natação facilita a participação
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.