São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Preconceito e rifas seguem nos gramados

FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 120 clubes que praticam o futebol feminino no Rio, apenas um conta com patrocínio. São dois os únicos que pagam salários às jogadoras.
No restante, as atletas apelam a iniciativas como rifas, coleta de latas de alumínio e pedidos aos comerciantes locais na tentativa de obter dinheiro para poder ir aos treinos e comprar material de jogo.
"Tudo continua como sempre foi. Um simples treino, às vezes, é difícil porque não há dinheiro para as meninas ir. Algumas deixam de treinar porque têm de trabalhar ou, mesmo, cuidar dos irmãos mais novos", conta Francisco Marins, presidente da Aeff (Associação Estadual de Futebol Feminino), liga criada no Rio, à margem da CBF, após a prata olímpica em Atenas-04 da seleção brasileira.
Segundo ele, 600 atletas integram os times fluminenses. Marins cita que 70% das jogadoras têm o ensino fundamental incompleto. São meninas de baixa renda, na maioria, diz ele. "Elas trabalham como frentista, segurança, gari, garçonete, diarista. Não vivem do futebol."
Marins afirma que ainda há preconceito na hora de investir nelas. "O futebol ainda é considerado esporte para macho. Os patrocinadores vivem de imagem e a que muitos deles têm do futebol feminino é que se trata de algo de lésbicas. Isso não é verdade. Tem como em qualquer área", explica ele.
"E as empresas ficam reticentes de investir por essa imagem que têm", resume Francisco Marins.
No Rio, de acordo com o presidente da Aeff, apenas o Cepe, de Duque de Caxias, e o Trindade, de São Gonçalo, dão salários a suas atletas. Ainda segundo Marins, somente o time caxiense dispõe de patrocínio, da Petrobras.
Dos clubes grandes do Rio, nenhum tem departamento de futebol feminino, diz Marins. Segundo ele, dos "times de camisa", só América e Campo Grande possuem equipes de mulheres. "O futebol feminino resiste por conta de uns poucos abnegados."


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