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Preconceito e rifas seguem nos gramados
FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 120 clubes que praticam o futebol feminino
no Rio, apenas um conta
com patrocínio. São dois
os únicos que pagam salários às jogadoras.
No restante, as atletas
apelam a iniciativas como
rifas, coleta de latas de alumínio e pedidos aos comerciantes locais na tentativa de obter dinheiro
para poder ir aos treinos e
comprar material de jogo.
"Tudo continua como
sempre foi. Um simples
treino, às vezes, é difícil
porque não há dinheiro
para as meninas ir. Algumas deixam de treinar
porque têm de trabalhar
ou, mesmo, cuidar dos irmãos mais novos", conta
Francisco Marins, presidente da Aeff (Associação
Estadual de Futebol Feminino), liga criada no Rio, à
margem da CBF, após a
prata olímpica em Atenas-04 da seleção brasileira.
Segundo ele, 600 atletas
integram os times fluminenses. Marins cita que
70% das jogadoras têm o
ensino fundamental incompleto. São meninas de
baixa renda, na maioria,
diz ele. "Elas trabalham
como frentista, segurança,
gari, garçonete, diarista.
Não vivem do futebol."
Marins afirma que ainda
há preconceito na hora de
investir nelas. "O futebol
ainda é considerado esporte para macho. Os patrocinadores vivem de
imagem e a que muitos deles têm do futebol feminino é que se trata de algo de
lésbicas. Isso não é verdade. Tem como em qualquer área", explica ele.
"E as empresas ficam reticentes de investir por essa imagem que têm", resume Francisco Marins.
No Rio, de acordo com o
presidente da Aeff, apenas
o Cepe, de Duque de Caxias, e o Trindade, de São
Gonçalo, dão salários a
suas atletas. Ainda segundo Marins, somente o time
caxiense dispõe de patrocínio, da Petrobras.
Dos clubes grandes do
Rio, nenhum tem departamento de futebol feminino, diz Marins. Segundo
ele, dos "times de camisa",
só América e Campo
Grande possuem equipes
de mulheres. "O futebol
feminino resiste por conta
de uns poucos abnegados."
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