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Projeto da Copa vê estádios como ilhas de segurança
À Fifa quase todos os Estados brasileiros relatam não ter havido incidentes em eventos esportivos na última década
Em dez anos, há registro na Folha de 71 confrontos de torcida, com várias mortes, a maioria delas dentro das arenas ou em seu entorno
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de candidatura do
Brasil à Copa do Mundo de
2014 indica que os estádios brasileiros são exemplares em termos de segurança. De 11 projetos de Estados candidatos a sediar o Mundial obtidos pela Folha, 10 afirmam não ter havido
ocorrências significativas de
violência em eventos esportivos na última década.
A informação foi fornecida
pelos governos em resposta a
questionário da Fifa do caderno de encargos.
Por meio da CBF, a entidade
pede que sejam apresentados
detalhes dos incidentes de segurança de larga escala nos últimos dez anos, assim como investigações, recomendações,
medidas para resolvê-los.
A maioria dos Estados respondeu não ter havido ocorrências que merecessem ser registradas. Dos 11 projetos lidos
pela reportagem, a exceção é
Santa Catarina, que relatou
cinco confusões nas arenas.
Os arquivos da Folha, porém, registram um total de 71
brigas entre torcidas, em cidades como São Paulo, Rio, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Recife.
"Nos eventos esportivos realizados nos últimos dez anos no
Brasil, não há registro de ocorrência de incidentes de segurança, salvo exceções pontuais
que não correm o risco de
acontecer graças à nova legislação e aos novos esquemas de
segurança dos estádios", diz o
dossiê da capital paulista, que
afirma ter controlado as torcidas organizadas.
Só no Brasileiro de 2005 foram registrados três assassinatos em menos de 24 horas em
brigas de torcidas paulistas.
Em 2006, em maio, uma
massa de torcedores corintianos tentou invadir o gramado
do Pacaembu para agredir jogadores, após derrota para o
River Plate. Foram enfrentados por soldados da PM.
Em março último, no Paulista, santistas e são-paulinos se
enfrentaram na Vila Belmiro.
Até vaso sanitário foi atirado.
"Nunca houve incidentes de
segurança em larga escala em
eventos esportivos no Estado",
relata o projeto de Porto Alegre
para sediar o Mundial.
Em julho de 2006, no clássico Gre-Nal, gremistas brigaram com PMs e incendiaram
boa parte dos banheiros químicos do estádio Beira-Rio.
"Os incidentes registrados
em eventos esportivos no Brasil, e mais especificamente no
Estado de Minas Gerais, limitam-se a ações isoladas e de pequena expressão, devidamente
controladas pela ação das forças de defesa nacional", afirma
o relatório de Belo Horizonte.
Em fevereiro deste ano, briga
entre torcedores de Atlético-MG e Cruzeiro resultou na detenção de 50 pessoas.
Pernambuco admite alguns
incidentes, mas não em larga
escala. Ainda foram lidos relatórios de Salvador, Fortaleza,
Manaus, Natal, Campo Grande
e Curitiba. Não foram obtidos o
projeto do Rio de Janeiro, onde
há vários casos de violência, e
de 6 das 18 candidatas.
Diante dessas informações, a
Fifa dedicou só uma página a
segurança no seu relatório sobre o Brasil. Disse havia uma
preocupação, mas que "a percepção geral do público era, talvez, pior que a realidade".
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