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FUTEBOL
Seleção sofre revés nos bastidores, não garante sede no Japão e corre risco de jogar a Copa em gramados coreanos
Brasil perde a primeira no Mundial-2002
DO ENVIADO ESPECIAL À CORÉIA DO SUL
Se no campo a seleção tem tido
dificuldades para vencer, fora dele
dá para dizer que o Brasil já começou perdendo a Copa de 2002. Na
definição dos critérios do sorteio
dos grupos do Mundial do Japão e
da Coréia do Sul, o primeiro depois da era Havelange, o país sofreu sério revés nos bastidores.
A Confederação Brasileira de
Futebol não conseguiu colocar a
equipe no Grupo F, que joga o torneio todo, exceto a disputa pelo
terceiro lugar, no Japão.
Com isso, a seleção corre o risco
de disputar seus jogos em solo coreano, o que a CBF não via com
bons olhos, dada à relação mais
próxima que sempre teve com o
futebol japonês.
Apesar de ter sido apontado como o principal cabeça-de-chave
do Mundial, o Brasil só ficará sabendo no próximo sábado em
que grupo jogará.
Se for sorteado para o B, disputará a Copa inteira na Coréia -só
iria para o Japão se fosse para a final. No C, a situação tampouco
agrada, pois teria que jogar a primeira fase em campos coreanos.
Terá que torcer, assim, para cair
nas chaves E, F (a desejada) ou G.
A França, como atual campeã
mundial, encabeça o Grupo A, cuja primeira fase acontece na Coréia. Os sul-coreanos, por sua vez,
atuam em casa, comandando o
Grupo D. O Japão, no H, também
joga em seus domínios.
Ao ser informado pela Folha da
decisão da Fifa, o técnico Luiz Felipe Scolari lamentou a situação.
""Para o Brasil, o ideal era ficar no
Japão. Nossos laços com o futebol
japonês são muito fortes", comentou o treinador da seleção,
que já trabalhou no país -dirigiu
o Jubilo Iwata, em 1997.
""Agora é torcer para a bolinha
[do sorteio" nos ajudar", afirmou
Scolari.
A certeza de que a seleção brasileira não jogaria na Coréia era
tanta que a CBF só se preocupou
em reservar campos de treinamento no lado japonês.
Se cair na Coréia, o Brasil terá
problemas. Os principais campos
de treino do país já estão reservados. Seogwipo, por exemplo, a sede sul-coreana mais elogiada pela
Fifa, abrigará a Inglaterra, caso os
ingleses fiquem na chave B ou C.
Caso a Inglaterra jogue no Japão, Seogwipo ficará com a África
do Sul. A Alemanha é a terceira
seleção da lista.
Ao anunciar os novos cabeças-de-chave, fora os dois anfitriões e
a atual campeã, Michel Zen-Ruffinen, secretário-geral da Fifa, disse
que o desejo da CBF de ficar no Japão nem sequer foi discutido.
Ausência na reunião
Um dos motivos do revés brasileiro teria sido a ausência do país
na reunião que definiu os critérios
do sorteio -sem Ricardo Teixeira, com problemas de saúde e
atualmente em Brasília, entendendo-se com a CPI do Futebol, o
Brasil ficou de fora do encontro.
Quem defendeu os interesses do
país na reunião do Comitê Executivo da Fifa foi Julio Grondona,
presidente da Associação de Futebol Argentino. ""Nós não nos importaríamos de jogar na Coréia
do Sul, até acharíamos bom, mas,
como não houve consenso, vamos ver o que manda o sorteio",
comentou o dirigente.
Se a Argentina, também cabeça-de-chave da Copa-2002, cair num
dos grupos da Coréia, o Brasil automaticamente fica no Japão. ""É
para não descontentar coreanos
nem japoneses", explicou Zen-Ruffinen, representando a Fifa.
Os últimos três cabeças-de-chave são europeus: Itália, Espanha e
Alemanha. Diferentemente do
Brasil, visitaram centros de treinamento e fizeram reservas para
acomodações dos dois lados, tanto na Coréia quanto no Japão.
Se não tiver sorte e cair na Coréia do Sul, Scolari não sabe o que
fará. ""Talvez visitemos algum lugar na semana que vem, ainda
não sei direito. Estou esperando o
Marco Antônio [Teixeira, secretário-geral da CBF] chegar."
O dirigente, acompanhado do
coronel Castelo Branco, que cuida
da segurança da seleção, deverá
chegar hoje a Busan.
Os três, ao lado de um representante da Nike, formam a delegação mais enxuta do sorteio.
Se evitaram constrangimentos
como os de sauditas e chineses,
que desembarcaram com 63 e 48
representantes, respectivamente,
para acompanhar o sorteio na
Coréia do Sul, não deixaram de
provocar alguns outros.
De acordo com os organizadores, o Brasil foi o único país a não
responder se participará de seminário domingo sobre os procedimentos a serem adotados por cada seleção na Copa-2002. E foi o
único ausente nos workshops sobre segurança e relacionamento
com a mídia no Mundial, ambos
promovidos pelo Jawoc, o Comitê
Organizador do Japão, em Busan.
(JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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