São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com pratas da casa, Santos atropela superataque são-paulino e avança

Meninos da Vila são a surpresa da semifinal

Jorge Araújo/Folha Imagem
À frente de Robinho, 17, Diego, 18, festeja o gol que deu a vitória ao Santos, a segunda sobre o São Paulo no mata-mata do Brasileiro


DA REPORTAGEM LOCAL

Melhor equipe da primeira fase do Campeonato Brasileiro, o São Paulo foi eliminado ontem à noite pelo jovem time do Santos, último entre os oito classificados, que venceu por 2 a 1 no Morumbi.
Os santistas, que já haviam vencido o primeiro confronto do mata-mata por 3 a 1, na Vila Belmiro, agora pegam o Grêmio na semifinal. A primeira partida acontece no domingo, em Santos.
Com a eliminação, o São Paulo -que tem o melhor ataque e um dos times mais estelares da competição- completou 11 anos sem vencer o principal torneio do país, o que configura o seu maior jejum na história do Brasileiro.
O Santos volta a uma semifinal após quatro anos -foi eliminado em 98 pelo Corinthians.
As duas maiores revelações santistas, o atacante Robinho, 17, e o meia Diego, 18, participaram diretamente dos gols do time ontem: o primeiro fez bela tabela com Leo, que marcou, e o segundo decretou a vitória.
"Apostamos no valor jovem. Demos a confiança, e eles estão retribuindo", afirmou o técnico do Santos, Emerson Leão, que considerou uma injustiça o São Paulo ficar fora do Brasileiro.
Nem tanto pela técnica, mas principalmente pelas faltas e pela tensão, a partida de ontem lembrou o confronto entre São Paulo e Santos no mesmo Morumbi pela primeira fase do Nacional, vencido pelo primeiro por 3 a 2.
Enquanto o santista Diego, que naquele jogo comemorou um gol pisando no escudo são-paulino, era hostilizado pela torcida do rival -que ocupava quase 80% do Morumbi-, os jogadores se digladiavam em campo.
A partida teve 62 faltas -a média do Brasileiro é de 52-, e o Santos bateu mais (35 a 27).
Embora a truculência tenha começado nos primeiros minutos, o juiz Wilson de Souza Mendonça só mostrou cartão após os 30min.
Ironicamente, no primeiro jogo do campeonato em que conseguiu repetir uma escalação duas vezes seguidas, o técnico Oswaldo de Oliveira viu sua formação ideal ruir, aos 27min, quando Reinaldo, que torceu o tornozelo, teve de dar lugar a Leandro.
Menos mal que o seu time já havia aberto o placar, logo aos 5min, com o artilheiro Luis Fabiano.
Mas o Santos fazia uma marcação dura, dificultando as penetrações dos atletas são-paulinos.
Time que mais desarma do Brasileiro, o Santos confirmou a característica ontem: fez 155, contra 138 do adversário.
Já o São Paulo, que terminara a primeira fase com a melhor pontaria do torneio, pecou no fundamento ontem -concluiu 22 vezes, mas errou o alvo, só acertando seis (27%).
Se o segundo tempo foi feio e truculento, a etapa final não foi muito diferente, mas o Santos aproveitou melhor os contra-ataques. No primeiro indício da evolução do time, Robinho ficou livre na cara de Rogério logo aos 5min, mas desperdiçou.
Pouco depois, auxiliou com classe Leo a empatar o jogo.
Nem as bolas de Jean e Ricardinho no travessão alteraram os "meninos da Vila".
Aos 28min, um ataque do São Paulo foi atrapalhado pela presença de duas bolas em campo.
Aos 45min, quando parecia certo que a vaga na semifinal estava garantida, a torcida do Santos começou a gritar "olé" e a cantar refrões para celebrar o time.
Mal sabia que o melhor estava por vir, com o gol do outro destaque do time, Diego, o escolhido para Judas pelos são-paulinos.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Santos se anima e fala em título
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.