UOL


São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Torcida sofre até 30 horas para empurrar o Cruzeiro


Demora para adequar Mineirão ao Estatuto do Torcedor atrasa ingressos para jogo que vale o título e gera caos


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A demora na adaptação do Mineirão ao Estatuto do Torcedor gerou quase 30 horas de caos na venda de ingressos para o duelo entre Cruzeiro e Paysandu, que pode assegurar aos mineiros o inédito título do Brasileiro.
Pessoas ficaram amontoadas ontem diante dos poucos guichês de atendimento nos três principais postos de venda, algumas acumulando mais de um dia em filas intermináveis e tendo que ser carregadas para sair do tumulto. A partida será amanhã, às 16h.
Às pressas, na noite de anteontem, foram colocados à venda 73.355 ingressos, quantidade que se esgotou no início da tarde de ontem, em meio a reclamações e xingamentos dos torcedores.
Os clubes tinham até o último dia 15 para implementar as obrigações do Estatuto, sancionado em maio pelo presidente Lula. No Mineirão, estádio que pertence ao governo do Estado, as mudanças só foram concluídas as vésperas do jogo que mais atraiu a atenção da torcida local na temporada.
O trabalho de demarcação dos setores e numeração dos lugares, uma das exigências da nova lei, começou na semana anterior e terminou apenas anteontem.
Assim, foi necessário confeccionar ingressos com setores e lugares identificados. O fato exigiu alterações no processo gráfico e gerou, segundo Paulo Schetino, presidente da Federação Mineira de Futebol, um inevitável atraso.
Para Schetino, o fato de o ingresso ser produzido em São Paulo tornou o processo ainda mais problemático. Os bilhetes só chegaram a Belo Horizonte às 15h de anteontem, horário em que a venda deveria começar -o Estatuto exige que as entradas comecem a ser comercializadas até 72 horas antes do início da partida.
Milhares de pessoas aguardavam nas tumultuadas filas desde a noite anterior. O presidente do Cruzeiro, Alvimar Perrella, também transferiu a culpa da confusão para o governo estadual.
"A Ademg [autarquia do governo mineiro que administra o Mineirão] demorou para nos passar a setorização e a numeração dos lugares do Mineirão. Sem isso, não poderíamos mandar fazer os ingressos, pois estaríamos ferindo o Estatuto do Torcedor", disse.
O presidente da Ademg, Fernando Sasso, disse que assumiu o órgão no início do ano com muitos problemas. "Não tivemos como adequar [o estádio] à legislação. E esse jogo [de amanhã] se tornou atípico", disse.
O Cruzeiro foi quem providenciou o sistema de monitoramento por vídeo no estádio, já que o governo de Minas não tem recursos para implantar as câmeras.
A venda dos ingressos deveria ser feita anteontem em apenas duas horas. Os responsáveis, contudo, estenderam o horário, pois os torcedores protestaram diante da ameaça de interrupção.
A Polícia Militar tentou organizar as filas com cordas. Ainda assim a confusão foi grande. A comercialização dos ingressos invadiu a madrugada e foi retomada às 9h de ontem, com mais tumultos. Três horas depois, os bilhetes estavam praticamente esgotados.
O público de Cruzeiro e Paysandu deve ser recorde no Brasileiro-2003. A partida que mais arrebatou torcedores ocorreu no dia 12 de outubro, quando 66.930 espectadores assistiram ao clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Cris pede para treinar e ganha vaga no time
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.