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Time estatal, Barueri joga pelo 6º acesso em 5 anos
Clube que debutará na elite de SP em 2007 tem 80% de financiamento público
Estreante na Série C, equipe precisa de um ponto hoje no Parque Antarctica, diante do Ferroviário, para disputar a Segundona no próximo ano
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Exatamente um mês após
uma campanha eleitoral marcada pelo debate de privatizações, o futebol paulista pode ter
hoje um time estatal na Série B.
Trata-se do Grêmio Barueri,
equipe que inovou no quesito
recebimento de ajuda do poder
público, em um projeto que
passa pela construção de uma
arena para a Copa de 2014 e que
já suscita dúvidas em uma especialista em gestão pública.
Seu presidente e secretário
municipal de esportes, Walter
Sanches, explica: "O Grêmio
não existiria sem a prefeitura".
O clube, fundado em 1989,
recebe verbas municipais desde 2001, quando ergueu a Copa
São Paulo de Juniores em parceria com o Roma, equipe bancada por empresários.
A partir do ano seguinte foram cinco promoções estaduais, culminadas com a ida à
elite paulista em 2007.
Hoje, contra o cearense Ferroviário, no Parque Antarctica,
o elenco comandado por Marcelo Vilar precisa de um ponto
para conseguir sua primeira
promoção em evento nacional,
a Série C -que joga "por acaso",
pois herdou a vaga do Rio Claro, que abriu mão da disputa.
Segundo Sanches, os repasses do município foram responsáveis, nesta temporada,
por "70% a 80% do financiamento do clube", valor que ele
estima em R$ 1,5 milhão.
No plano jurídico, para viabilizar o projeto, o clube é uma
ONG, que recebe da prefeitura.
"Os cargos estratégicos são
ocupados por funcionários
concursados da prefeitura", diz
ele, que espera se emancipar
economicamente em cinco
anos. "Queremos cortar o cordão umbilical econômico", fala,
com ênfase no "econômico".
O fato de o time contar com
recursos públicos perenes não
implica gastança. O teto salarial
é de R$ 3.000, e isso é elogiado
inclusive pelo atacante Thiago
Humberto, 21, um dos destaques da equipe.
O projeto do clube contempla a construção do estádio que
será inaugurado no Paulista. A
prefeitura trabalha na arena
-que segue as exigências da Fifa e terá capacidade para 40 mil
pessoas em 2008-, que será
administrada pelo Grêmio.
Além de receber partidas da
Copa de 2014, a meta é alugar o
estádio -de custo estimado em
R$ 120 milhões- para os grandes clubes do Estado. Mas o dinheiro não terá que ser devolvido à prefeitura. "O que ganharmos com isso, o município não
terá que repassar ao clube no
futuro", diz Sanches, que destaca o fato de as contas do clube
serem auditadas pelo Tribunal
de Contas e pela Secretaria de
Finanças como exemplo de rigor administrativo.
Contudo, para Odete Medauar, professora titular de Direito Administrativo da USP, a
prefeitura deveria ter participação direta na arrecadação
dos aluguéis. "Parceria pressupõe alguma contrapartida do
ente privado ao público."
NA TV - Barueri x Ferroviário
Sportv, ao vivo, às 20h30
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