São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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Time estatal, Barueri joga pelo 6º acesso em 5 anos

Clube que debutará na elite de SP em 2007 tem 80% de financiamento público

Estreante na Série C, equipe precisa de um ponto hoje no Parque Antarctica, diante do Ferroviário, para disputar a Segundona no próximo ano

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Exatamente um mês após uma campanha eleitoral marcada pelo debate de privatizações, o futebol paulista pode ter hoje um time estatal na Série B.
Trata-se do Grêmio Barueri, equipe que inovou no quesito recebimento de ajuda do poder público, em um projeto que passa pela construção de uma arena para a Copa de 2014 e que já suscita dúvidas em uma especialista em gestão pública.
Seu presidente e secretário municipal de esportes, Walter Sanches, explica: "O Grêmio não existiria sem a prefeitura".
O clube, fundado em 1989, recebe verbas municipais desde 2001, quando ergueu a Copa São Paulo de Juniores em parceria com o Roma, equipe bancada por empresários.
A partir do ano seguinte foram cinco promoções estaduais, culminadas com a ida à elite paulista em 2007.
Hoje, contra o cearense Ferroviário, no Parque Antarctica, o elenco comandado por Marcelo Vilar precisa de um ponto para conseguir sua primeira promoção em evento nacional, a Série C -que joga "por acaso", pois herdou a vaga do Rio Claro, que abriu mão da disputa.
Segundo Sanches, os repasses do município foram responsáveis, nesta temporada, por "70% a 80% do financiamento do clube", valor que ele estima em R$ 1,5 milhão.
No plano jurídico, para viabilizar o projeto, o clube é uma ONG, que recebe da prefeitura. "Os cargos estratégicos são ocupados por funcionários concursados da prefeitura", diz ele, que espera se emancipar economicamente em cinco anos. "Queremos cortar o cordão umbilical econômico", fala, com ênfase no "econômico".
O fato de o time contar com recursos públicos perenes não implica gastança. O teto salarial é de R$ 3.000, e isso é elogiado inclusive pelo atacante Thiago Humberto, 21, um dos destaques da equipe.
O projeto do clube contempla a construção do estádio que será inaugurado no Paulista. A prefeitura trabalha na arena -que segue as exigências da Fifa e terá capacidade para 40 mil pessoas em 2008-, que será administrada pelo Grêmio.
Além de receber partidas da Copa de 2014, a meta é alugar o estádio -de custo estimado em R$ 120 milhões- para os grandes clubes do Estado. Mas o dinheiro não terá que ser devolvido à prefeitura. "O que ganharmos com isso, o município não terá que repassar ao clube no futuro", diz Sanches, que destaca o fato de as contas do clube serem auditadas pelo Tribunal de Contas e pela Secretaria de Finanças como exemplo de rigor administrativo.
Contudo, para Odete Medauar, professora titular de Direito Administrativo da USP, a prefeitura deveria ter participação direta na arrecadação dos aluguéis. "Parceria pressupõe alguma contrapartida do ente privado ao público."


NA TV - Barueri x Ferroviário
Sportv, ao vivo, às 20h30




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