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São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2003

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Além de patrocinar confederação de esporte emergente, estatal exerce influência direta na estratégia de marketing e até no programa de treino

Petrobras move handebol também dentro de quadra

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não basta o patrocinador simplesmente pôr dinheiro na mesa. É preciso também participar.
Ainda mais num esporte que, acostumado a uma infra-estrutura modesta, vive momento favorável, com as seleções masculina e feminina classificadas para Atenas e apontado pelo Comitê Olímpico Brasileiro como um dos que mais evoluíram em 2003.
É com essa filosofia que a Confederação Brasileira de Handebol abraçou a Petrobras, sua patrocinadora, como co-gestora de suas atividades dentro e fora das quadras. As questões estratégicas, bem como as de marketing, passam, segundo dirigentes da CBHb, por executivos da estatal.
""A Petrobras é mais do que um patrocinador, é um parceiro. Partiu dela a idéia de fortalecer a preparação das seleções para a Olimpíada. Um exemplo do quão importante é ter nossa imagem vinculada é o fato de outro parceiro em potencial ter nos procurado via Petrobras", diz Manoel Luiz Oliveira, presidente da CBHb.
Por sugestão da empresa, o planejamento original para Atenas foi mudado. As novas agendas das duas seleções já foram apresentadas à estatal.
""Já conversamos [com executivos da Petrobras], estou confiante. É claro que tudo depende do orçamento deles para 2004, mas acho que, se não conseguirmos o total que seria necessário para colocar em prática nossos planos, vamos conseguir um valor bem próximo", conclui o presidente Oliveira, cujo Estado, Sergipe, é a base política José Eduardo Dutra, presidente da estatal.
Sobre o aumento da verba, a Petrobras emitiu sinais contraditórios. Em um primeiro momento, confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que analisa a possibilidade de aumentar o valor do orçamento para 2004 -estabelecido antes da campanha no Pan-, que é hoje de R$ 800 mil, e que a decisão deve sair em janeiro. Porém negou que tenha indicado uma co-patrocinadora.
Em contato posterior, informou que o valor do patrocínio da CBHb não deverá ser modificado e acrescentou que a Petrobras não realiza qualquer tipo de ingerência sobre os seus patrocinados.
Apesar das negativas da empresa, o representante de uma marca de material esportivo que demonstra interesse na CBHb -o contrato com a Penalty vence em março- disse ter se reunido duas vezes com executivos da estatal e com representantes da confederação para conversar sobre um eventual patrocínio.
Ele nega, entretanto, que tenha procurado primeiro a Petrobras. Alega ter contatado primeiro Oliveira e depois ter sido convidado para conversar com a estatal.
Se a Petrobras nega, não é apenas seu presidente que aprova a maior interatividade da CBHb com a patrocinadora. A diretoria apóia uma maior participação.
""Não é que não tínhamos um planejamento para Atenas, já tínhamos um, mas mais modesto. Mas, se a Petrobras abriu a possibilidade de melhorá-lo, vamos aproveitar. Não estamos preocupados com nossos egos, as seleções são mais importantes. É uma ação conjunta entre confederação e Petrobras", justifica Fabiano Ferreira de Mendonça Redondo, diretor de marketing da CBHb.
Uma outra área onde a influência é sentida é na implantação de núcleos de projetos sociais da CBHb. A confederação, que quer ter núcleos em São Paulo, afirma que a Petrobras indicou alguns locais para abri-los, em torno de unidades da estatal.
Além do handebol, no início do ano a empresa fizera ingerência no iatismo. De olho em Atenas, alterou o programa Petrobras Esportes Náuticos, que auxiliava 30 iatistas, e passou a concentrar a verba em nove atletas de ponta.


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