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Além de patrocinar confederação de esporte emergente, estatal exerce influência direta na estratégia de marketing e até no programa de treino
Petrobras move handebol também dentro de quadra
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não basta o patrocinador simplesmente pôr dinheiro na mesa.
É preciso também participar.
Ainda mais num esporte que,
acostumado a uma infra-estrutura modesta, vive momento favorável, com as seleções masculina e
feminina classificadas para Atenas e apontado pelo Comitê
Olímpico Brasileiro como um dos
que mais evoluíram em 2003.
É com essa filosofia que a Confederação Brasileira de Handebol
abraçou a Petrobras, sua patrocinadora, como co-gestora de suas
atividades dentro e fora das quadras. As questões estratégicas,
bem como as de marketing, passam, segundo dirigentes da
CBHb, por executivos da estatal.
""A Petrobras é mais do que um
patrocinador, é um parceiro. Partiu dela a idéia de fortalecer a preparação das seleções para a Olimpíada. Um exemplo do quão importante é ter nossa imagem vinculada é o fato de outro parceiro
em potencial ter nos procurado
via Petrobras", diz Manoel Luiz
Oliveira, presidente da CBHb.
Por sugestão da empresa, o planejamento original para Atenas
foi mudado. As novas agendas
das duas seleções já foram apresentadas à estatal.
""Já conversamos [com executivos da Petrobras], estou confiante. É claro que tudo depende do
orçamento deles para 2004, mas
acho que, se não conseguirmos o
total que seria necessário para colocar em prática nossos planos,
vamos conseguir um valor bem
próximo", conclui o presidente
Oliveira, cujo Estado, Sergipe, é a
base política José Eduardo Dutra,
presidente da estatal.
Sobre o aumento da verba, a Petrobras emitiu sinais contraditórios. Em um primeiro momento,
confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que analisa a
possibilidade de aumentar o valor
do orçamento para 2004 -estabelecido antes da campanha no
Pan-, que é hoje de R$ 800 mil, e
que a decisão deve sair em janeiro. Porém negou que tenha indicado uma co-patrocinadora.
Em contato posterior, informou
que o valor do patrocínio da
CBHb não deverá ser modificado
e acrescentou que a Petrobras não
realiza qualquer tipo de ingerência sobre os seus patrocinados.
Apesar das negativas da empresa, o representante de uma marca
de material esportivo que demonstra interesse na CBHb -o
contrato com a Penalty vence em
março- disse ter se reunido duas
vezes com executivos da estatal e
com representantes da confederação para conversar sobre um
eventual patrocínio.
Ele nega, entretanto, que tenha
procurado primeiro a Petrobras.
Alega ter contatado primeiro Oliveira e depois ter sido convidado
para conversar com a estatal.
Se a Petrobras nega, não é apenas seu presidente que aprova a
maior interatividade da CBHb
com a patrocinadora. A diretoria
apóia uma maior participação.
""Não é que não tínhamos um
planejamento para Atenas, já tínhamos um, mas mais modesto.
Mas, se a Petrobras abriu a possibilidade de melhorá-lo, vamos
aproveitar. Não estamos preocupados com nossos egos, as seleções são mais importantes. É uma
ação conjunta entre confederação
e Petrobras", justifica Fabiano
Ferreira de Mendonça Redondo,
diretor de marketing da CBHb.
Uma outra área onde a influência é sentida é na implantação de
núcleos de projetos sociais da
CBHb. A confederação, que quer
ter núcleos em São Paulo, afirma
que a Petrobras indicou alguns locais para abri-los, em torno de
unidades da estatal.
Além do handebol, no início do
ano a empresa fizera ingerência
no iatismo. De olho em Atenas, alterou o programa Petrobras Esportes Náuticos, que auxiliava 30
iatistas, e passou a concentrar a
verba em nove atletas de ponta.
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