São Paulo, terça, 29 de dezembro de 1998

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FUTEBOL
Considerado um dos revolucionários da preparação física, ele iria trabalhar com Zagallo no time paulista
Chirol morre antes de assumir a Lusa

SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

O preparador físico Admildo Chirol, 64, morreu ontem, por volta das 8h30, depois de sofrer um infarto fulminante.
Chirol se apresentaria hoje à Lusa. Ele seria o auxiliar técnico de Mario Jorge Lobo Zagallo, que na semana passada acertou contrato com o time paulista por seis meses e que será apresentado hoje.
Chirol foi considerado um dos revolucionários da preparação física ao comandar o setor na seleção brasileira na Copa de 1970.
Ele disputou cinco Mundiais. Participou pela seleção brasileira das Copas de 70, 74 e 78. Em 82, foi preparador físico da seleção do Kuait, comandada por Carlos Alberto Parreira.
Neste ano, ele disputou a Copa do Mundo pela Arábia Saudita, também com Carlos Alberto Parreira. Chirol ocupou o cargo de coordenador técnico.
Além de disputar três Copas pela seleção brasileira, Chirol trabalhou em outras competições pela equipe nacional.
Sua principal decepção na carreira foi ter sido afastado da seleção no final da preparação da equipe para a disputa da Copa de 1994, realizada nos EUA.
Ele caiu após ter sido denunciado como funcionário-fantasma da Câmara de Vereadores do Rio.
O preparador físico, que iniciou a carreira no futebol no América-RJ, também trabalhou no Botafogo, no Flamengo e no Vasco, entre outros clubes no país e no exterior.
O último título da carreira de Chirol foi o Campeonato Brasileiro de 1995, quando ocupava o cargo de supervisor no Botafogo.
No Vasco, ele lançou o atacante Roberto Dinamite em 1972. Na ocasião, ocupava o cargo de treinador no clube.
A morte do preparador físico foi fulminante. Ao acordar ontem, ele reclamou de fortes dores no peito e foi levado por parentes para uma clínica no Recreio dos Bandeirantes, na zona sul da cidade.
Segundo parentes, Chirol, que fumava, chegou quase morto ao local, e os médicos não conseguiram ressuscitá-lo.

Mestre
O enterro de Chirol reuniu cerca de 200 pessoas no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, zona oeste do Rio.
"O Chirol foi o meu professor. Foi ele quem me lançou na seleção em 1970. Ele foi um mestre como profissional e na arte de viver", disse Carlos Alberto Parreira, que viajou de Angra dos Reis, no litoral do Estado do Rio, para participar do sepultamento do amigo. Parreira é o novo técnico do Fluminense.
Os técnicos do Flamengo, Evaristo de Macedo, do Botafogo, Valdyr Espinosa, e do Vasco, Antônio Lopes, também foram ao velório do preparador físico.
"Estou prestando a última homenagem a quem serviu o futebol brasileiro. Hoje (ontem) é um dia de pena para o futebol nacional", disse o ex-presidente da Fifa João Havelange, que também esteve no velório de Chirol.



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