São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2001

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BC intima Fla sobre venda de Zico

SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documento do Banco Central ao qual a Folha teve acesso revela que a instituição intimou o Flamengo a apresentar documentos que comprovem que o clube realmente registrou o câmbio de cerca de US$ 1 milhão referente a transações envolvendo passes de oito jogadores, entre eles Zico, o maior ídolo da história do clube.
Segundo a intimação, com data de 23 de junho do ano passado, o Flamengo precisava apresentar defesa em 30 dias "em face da falta de comprovação da regular negociação das moedas estrangeiras". As transações envolvem compra, empréstimo e venda de atletas.
A falta de registro de conversão de dólares em reais pode implicar crime contra o sistema financeiro, principalmente se o dinheiro é trocado no mercado paralelo ou a operação é feita em um banco do exterior sem registro de ingresso dos recursos no país. A lei 7.492 estabelece penas de reclusão e multa para operações que não foram autorizadas com o objetivo de promover evasão fiscal.
A intimação do BC, de número 2000/000035, relaciona as operações internacionais suspeitas. A primeira delas é de 91 e se refere à transação de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, para o Kashima Antlers (Japão). Nesse caso, o BC não cita o valor do negócio, só que houve "falta de documentação".
Outro caso relacionado é o do empréstimo de Carlos Eduardo Marangon, ocorrido em janeiro de 1990, por US$ 60 mil.
O BC questiona também a venda de Fernando Pereira de Pinho Júnior, no mesmo ano, para o Hamburger Sport (Alemanha), por US$ 100 mil.
Outro caso relacionado pelo BC é o da venda de Uidemar Pessoa Oliveira, em julho de 1993, para o Club Social Y Deportivo Leon, do México, por US$ 200 mil.
Outros quatro casos citados somam cerca de US$ 580 mil.
O BC ainda pediu documentos do Flamengo relacionados com excursões feitas pelo clube ao exterior. Segundo o BC, não foi comprovada a realização de câmbios formais de moedas estrangeiras usadas nas viagens.
O Banco Central faz averiguações periódicas na busca de indícios de evasão de divisas, já que qualquer operação comercial envolvendo moeda estrangeira precisa ser registrada.
O vice-presidente jurídico do Flamengo, Júlio Gomes, disse que o clube já enviou quase toda a documentação solicitada, mas desdenhou da chance de autuação.
"Esses caras são malucos. Isso está tudo prescrito. Já faz mais de cinco anos e, após cinco anos, decai o direito da União em cobrar. Acho que não deve dar em nada, mas vamos esperar."


Colaborou a Reportagem Local


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