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BC intima Fla sobre venda de Zico
SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento do Banco Central
ao qual a Folha teve acesso revela
que a instituição intimou o Flamengo a apresentar documentos
que comprovem que o clube realmente registrou o câmbio de cerca de US$ 1 milhão referente a
transações envolvendo passes de
oito jogadores, entre eles Zico, o
maior ídolo da história do clube.
Segundo a intimação, com data
de 23 de junho do ano passado, o
Flamengo precisava apresentar
defesa em 30 dias "em face da falta
de comprovação da regular negociação das moedas estrangeiras".
As transações envolvem compra,
empréstimo e venda de atletas.
A falta de registro de conversão
de dólares em reais pode implicar
crime contra o sistema financeiro,
principalmente se o dinheiro é
trocado no mercado paralelo ou a
operação é feita em um banco do
exterior sem registro de ingresso
dos recursos no país. A lei 7.492
estabelece penas de reclusão e
multa para operações que não foram autorizadas com o objetivo
de promover evasão fiscal.
A intimação do BC, de número
2000/000035, relaciona as operações internacionais suspeitas. A
primeira delas é de 91 e se refere à
transação de Arthur Antunes
Coimbra, o Zico, para o Kashima
Antlers (Japão). Nesse caso, o BC
não cita o valor do negócio, só que
houve "falta de documentação".
Outro caso relacionado é o do
empréstimo de Carlos Eduardo
Marangon, ocorrido em janeiro
de 1990, por US$ 60 mil.
O BC questiona também a venda de Fernando Pereira de Pinho
Júnior, no mesmo ano, para o
Hamburger Sport (Alemanha),
por US$ 100 mil.
Outro caso relacionado pelo BC
é o da venda de Uidemar Pessoa
Oliveira, em julho de 1993, para o
Club Social Y Deportivo Leon, do
México, por US$ 200 mil.
Outros quatro casos citados somam cerca de US$ 580 mil.
O BC ainda pediu documentos
do Flamengo relacionados com
excursões feitas pelo clube ao exterior. Segundo o BC, não foi
comprovada a realização de câmbios formais de moedas estrangeiras usadas nas viagens.
O Banco Central faz averiguações periódicas na busca de indícios de evasão de divisas, já que
qualquer operação comercial envolvendo moeda estrangeira precisa ser registrada.
O vice-presidente jurídico do
Flamengo, Júlio Gomes, disse que
o clube já enviou quase toda a documentação solicitada, mas desdenhou da chance de autuação.
"Esses caras são malucos. Isso
está tudo prescrito. Já faz mais de
cinco anos e, após cinco anos, decai o direito da União em cobrar.
Acho que não deve dar em nada,
mas vamos esperar."
Colaborou a Reportagem Local
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