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BASQUETE
A nova longitude
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Uma das críticas frequentes
à NBA diz respeito à duração e ao regulamento do campeonato. Muitos se entediam
com a primeira fase, que faz
1.100 partidas com o objetivo de
eliminar 13 dos 29 times. Anseiam pelos playoffs, como se os
mata-matas fossem o torneio de
verdade.
A cada ano, a liga norte-americana alterna justificativas para a maratona: movimento nas
bilheterias, disposição da TV,
interesse dos patrocinadores...
Neste ano, o realejo marqueteiro pode descansar.
A temporada 2000/2001 chegou à metade com um patamar
de competitividade inédito. Pelo
menos 21 equipes ainda têm
reais chances de classificação.
No ano passado, a este ponto, já
estavam definidos os 16 sobreviventes.
O habitual (e tremendo) desnível entre as equipes não sumiu. Houve, sim, um redesenho
do mapa desse desequilíbrio.
Por obra do destino, os melhores jogadores e os melhores times passaram a se concentrar
na metade Oeste da NBA.
A tabela de classificação desnuda essa situação.
No lado ocidental, 11 equipes
registram campanhas "positivas". Uma diferença pequena de
seis vitórias separa o líder desse
pelotão do décimo colocado.
À primeira vista, pode parecer
que Portland e Los Angeles Lakers, os pré-favoritos no Oeste,
fazem um campeonato medíocre. Não é para tanto. Uma análise mais justa destacaria a evolução de seus adversários.
Com um ataque brilhante e
sedutor, o Sacramento aprendeu a se defender. Dallas e Denver, eméritos perdedores, se deram bem ao apostar na velocidade e na juventude. San Antonio e Utah resistem com fórmulas consagradas. Minnesota,
Phoenix, Seattle e Houston superaram ondas de contusões e
seguem vivos.
"Geralmente, dois ou três times se desgarram, e outros três
ou quatro ocupam um segundo
escalão. Desta vez, há uma dezena que se pressiona a cada rodada", definiu Bob Whitsitt, presidente do Portland.
A metade oriental, por sua
vez, também ostenta um embolamento. Embora o Philadelphia tenha conseguido disparar,
nas demais posições a tabela varia como ioiô a cada semana.
A diferença é que no Leste somente seis equipes não têm mais
derrotas do que vitórias.
Pode-se afirmar, sem exagero,
que houve um nivelamento por
baixo.
Tanto que, no confronto direto da longitude, o Oeste não toma conhecimento. Até ontem,
eram 143 triunfos e 89 reveses.
Nos destaques individuais, a
história se repete. Dos dez atletas com melhor rendimento nas
estatísticas, oito atuam no Ocidente: Chris Webber (Sacramento), Kevin Garnett (Minnesota), Shaquille O"Neal (LA Lakers), Kobe Bryant (LA Lakers),
Gary Payton (Seattle), Jason
Kidd (Phoenix), Antonio
McDyess (Denver) e Rasheed
Wallace (Portland). Apenas os
primos Vince Carter (Toronto) e
Tracy McGrady (Orlando) furam o bloqueio.
Mas, como o regulamento ignora as distorções e prevê friamente a passagem de oito times
por conferência, o desnível entre
Oeste e Leste pouco importa.
Torcedor e mídia enfim têm o
que mastigar ao longo dos meses da fase classificatória. O
campeonato está garantido,
saudável, taludo. Pelo menos
até a final.
Oeste 1
Imagem é tudo. Os torcedores caçoam do "animalesco" Shaquille O'Neal por causa da inabilidade em acertar lances livres. Mas
poupam o "dócil" Tim Duncan, este ano igualmente medíocre
nos arremessos de bonificação. O ala-pivô do San Antonio registra o menor aproveitamento de sua carreira, 54,9%.
Oeste 2
O time mais sólido da NBA pode perder o jogador que lhe dá "liga". Scottie Pippen sabe até amanhã se vai precisar operar o cotovelo esquerdo para debelar uma tendinite. A cirurgia o afastaria do Portland até os playoffs, na melhor das hipóteses.
Oeste 3
Sai hoje a lista final dos atletas do All-Star Game, jogo que reunirá os 24 melhores do campeonato no próximo dia 11. Karl Malone, herói do Utah, pode ficar de fora.
E-mail: melk@uol.com.br
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