São Paulo, quarta-feira, 30 de janeiro de 2002

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OPERAÇÃO DE GUERRA

"Swat" goiana teme até bandeira do PT

A pedido da CBF, polícia cria megaesquema de segurança para proteger seleção de Scolari

DO ENVIADO A GOIÂNIA

Alheios às evidências de que Brasil x Bolívia é um amistoso menor, de que não há nenhuma grande estrela na equipe convocada e de que terroristas goianos jamais acompanharam treinos do time "canarinho", muito menos na pacata Goiânia, os organizadores da partida resolveram brincar de Swat com a seleção.
O pedido do chefe de segurança da CBF, coronel Castelo Branco, soou como um alarme, e a PM goiana armou uma verdadeira operação de guerra para acompanhar a preparação do time de Luiz Felipe Scolari para a insossa partida de amanhã.
Os treinos no Serra Dourada tiveram a presença de um helicóptero do Batalhão de Choque da PM, que sobrevoou o estádio com um policial pendurado na janela armado de metralhadora.
Enquanto os atletas treinam, policiais com cachorros ocupam as laterais do gramado, onde só fica o staff da seleção -por recomendação de Castelo Branco, muitas vezes é proibido o acesso até de jornalistas.
"Queremos dar o máximo de segurança à seleção e evitar qualquer atentado. É melhor pecar por excesso e nos anteciparmos aos fatos", afirmou o coronel Odair Ângelo de Menezes, comandante da operação.
Sobre o helicóptero e os cães, ele disse que "cada unidade tem sua doutrina" e que os sobrevôos são uma rotina da PM local.
"Nos treinos estamos utilizando pouca gente, só 80 homens, mas no dia do jogo serão 600 só dentro do estádio", informou.
Embora a CBF, para se livrar de cobranças e fiscalização, costume se proclamar uma "entidade privada", todo esse contingente policial é pago pelo contribuinte. O coronel Castelo Branco disse que não solicitou à PM nem helicópteros nem cães, mas considerou "light" em tudo o esquema de segurança.
Segundo o seu colega Menezes, entretanto, o chefe de segurança da CBF afirmou que "ele reivindicou os detalhes necessários à proteção da seleção".
A paranóia dos organizadores do amistoso é tanta que alguns chegam a ver militantes de partidos políticos como uma ameaça ao time nacional.
"Hoje [ontem" mesmo havia um sujeito exibindo ostensivamente uma bandeira do PT na arquibancada. Não se sabe o que ele pode fazer", declarou Adalberto Greco, funcionário da Federação Goiana de Futebol que se definiu como "atachê" do time de Scolari na cidade.
O "artefato" do torcedor era um pedaço de pano vermelho, de aproximadamente 30 centímetros quadrados. O prefeito de Goiânia, Pedro Wilson, é do PT.
Responsável por transformar a seleção em caso de segurança nacional, o coronel Castelo Branco assumiu o atual cargo em 2000, apesar de estar ligado desde 96 à CBF -é o organizador do Torneio de Favelas realizado pela entidade. Acostumado a solicitar megaoperações de segurança onde quer que a seleção vá, o coronel Castelo Branco, sobrinho-neto do ex-presidente-general homônimo, tem como marca de sua gestão isolar a seleção do público, fazendo sempre o time sair pelos fundos em aeroportos e entrar da mesma forma em hotéis. (FV)

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