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OPERAÇÃO DE GUERRA
"Swat" goiana teme até bandeira do PT
A pedido da CBF, polícia cria megaesquema de segurança para proteger seleção de Scolari
DO ENVIADO A GOIÂNIA
Alheios às evidências de que
Brasil x Bolívia é um amistoso
menor, de que não há nenhuma
grande estrela na equipe convocada e de que terroristas goianos
jamais acompanharam treinos
do time "canarinho", muito menos na pacata Goiânia, os organizadores da partida resolveram
brincar de Swat com a seleção.
O pedido do chefe de segurança da CBF, coronel Castelo Branco, soou como um alarme, e a
PM goiana armou uma verdadeira operação de guerra para
acompanhar a preparação do time de Luiz Felipe Scolari para a
insossa partida de amanhã.
Os treinos no Serra Dourada
tiveram a presença de um helicóptero do Batalhão de Choque
da PM, que sobrevoou o estádio
com um policial pendurado na
janela armado de metralhadora.
Enquanto os atletas treinam,
policiais com cachorros ocupam
as laterais do gramado, onde só
fica o staff da seleção -por recomendação de Castelo Branco,
muitas vezes é proibido o acesso
até de jornalistas.
"Queremos dar o máximo de
segurança à seleção e evitar qualquer atentado. É melhor pecar
por excesso e nos anteciparmos
aos fatos", afirmou o coronel
Odair Ângelo de Menezes, comandante da operação.
Sobre o helicóptero e os cães,
ele disse que "cada unidade tem
sua doutrina" e que os sobrevôos são uma rotina da PM local.
"Nos treinos estamos utilizando pouca gente, só 80 homens,
mas no dia do jogo serão 600 só
dentro do estádio", informou.
Embora a CBF, para se livrar
de cobranças e fiscalização, costume se proclamar uma "entidade privada", todo esse contingente policial é pago pelo contribuinte. O coronel Castelo Branco disse que não solicitou à PM
nem helicópteros nem cães, mas
considerou "light" em tudo o esquema de segurança.
Segundo o seu colega Menezes, entretanto, o chefe de segurança da CBF afirmou que "ele
reivindicou os detalhes necessários à proteção da seleção".
A paranóia dos organizadores
do amistoso é tanta que alguns
chegam a ver militantes de partidos políticos como uma ameaça
ao time nacional.
"Hoje [ontem" mesmo havia
um sujeito exibindo ostensivamente uma bandeira do PT na
arquibancada. Não se sabe o que
ele pode fazer", declarou Adalberto Greco, funcionário da Federação Goiana de Futebol que
se definiu como "atachê" do time de Scolari na cidade.
O "artefato" do torcedor era
um pedaço de pano vermelho,
de aproximadamente 30 centímetros quadrados. O prefeito de
Goiânia, Pedro Wilson, é do PT.
Responsável por transformar a
seleção em caso de segurança
nacional, o coronel Castelo
Branco assumiu o atual cargo
em 2000, apesar de estar ligado
desde 96 à CBF -é o organizador do Torneio de Favelas realizado pela entidade. Acostumado
a solicitar megaoperações de segurança onde quer que a seleção
vá, o coronel Castelo Branco, sobrinho-neto do ex-presidente-general homônimo, tem como
marca de sua gestão isolar a seleção do público, fazendo sempre
o time sair pelos fundos em aeroportos e entrar da mesma forma em hotéis.
(FV)
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