São Paulo, quarta-feira, 30 de janeiro de 2002

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FUTEBOL

Seleção quase definida

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Ao contrário do que a maioria diz, o time titular do Brasil está quase definido para a Copa. As dúvidas são somente na posição de volante, ao lado do Emerson, e sobre a presença do Ronaldo. Se o Vampeta voltar a jogar bem será o titular.
Baseado nessa e nas últimas convocações para as eliminatórias, o time seria formado por Marcos, três zagueiros (Lúcio, Edmílson e Roque Júnior), dois alas (Cafu e Roberto Carlos), dois volantes (Emerson e mais um) e um armador (Rivaldo) na ligação com os dois atacantes (Luizão e Edílson ou Ronaldo). Do time que atuará amanhã contra a Bolívia, somente Luizão ou Edilson -ou ambos- seriam titulares.
Dida, Belletti, Cris, Juan, Serginho, Juninho e Denílson estão quase garantidos no grupo.
Faltam apenas quatro ou cinco vagas, mais ou menos 20% a 30%, como diz o Felipão. Esse e outros amistosos servirão para definir os 23.
Na minha opinião, faltam França, Ricardinho do Corinthians e Romário, além do Juninho Pernambucano, que provavelmente não será chamado entre os "estrangeiros".
Felipão gosta de um atacante finalizador como Luizão, Washington e Jardel e outro veloz pelas laterais, como Edílson, Marques, Denílson e Euller. Melhor assim do que jogar com Edílson e Rivaldo ou Marcelinho Paraíba, sem um centroavante, como escalou o próprio Scolari em alguns jogos das eliminatórias.
Infelizmente, com suas habilidades e multiplicidade de qualidades, França e Ricardinho não fazem o estilo do treinador. Juninho Pernambucano tem todas as qualidades para ser o segundo volante, principalmente no esquema com três zagueiros. Ele marca, apóia e finaliza bem.
O repertório do técnico resume-se em muita marcação no meio-campo, velocidade nos contra-ataques, cruzamentos das laterais e jogadas de bola parada. Tudo isso é importante, mas faltam as jogadas curtas, tabelas, trocas de passes e dribles.
A seleção argentina mostra que a reunião de todas essas características é essencial, pois elas são complementares.
Sempre defendi a idéia de que Romário não deveria jogar nas eliminatórias para que se preparasse um substituto. Se ele estivesse em forma na época do Mundial obviamente seria chamado.
Se o Brasil tivesse formado uma excelente seleção, poucos reclamariam a presença do Romário. Hoje, sem Ronaldo e com o Baixinho fazendo gols, é necessária a sua presença. Não se pode é escalá-lo (ou o Ronaldo) sem boas condições físicas e técnicas.
Felipão não disse, mas as evidências são de que Romário está praticamente fora do Mundial. Ele só terá chances se continuar fazendo gols, se Ronaldo não se recuperar e os atuais atacantes fracassarem. Aí, a pressão será enorme!
Será que Scolari vai resistir?

Show de talento
Na partida Vasco x São Paulo, os ataques deram show nas defesas. Do primeiro ao último minuto. Os cinco gols poderiam ter acontecido no primeiro tempo e mais cinco no segundo. Houve três pênaltis não marcados: dois a favor do Vasco e um para o São Paulo, fora os impedimentos incorretamente assinalados.
As defesas levaram um baile não somente por causa da qualidade individual dos atacantes, mas também pela péssima marcação. Havia grandes buracos no setor defensivo, principalmente nas costas dos laterais e/ou entre os laterais e zagueiros.
A maioria dos laterais brasileiros só quer atacar. Estão sempre mal posicionados e/ou não sabem fazer a cobertura dos zagueiros em diagonal. Felipão já disse isso. Esse foi um dos motivos de o técnico escolher o esquema com três zagueiros.
Outra opção seria que um lateral se posicionasse como um terceiro zagueiro, enquanto o outro atacasse. Nelsinho pediu isso na partida contra o Vasco, mas os jogadores não cumpriram. Não fizeram porque não sabem.
Por isso, talentosos laterais brasileiros só atuam na Itália na posição de alas (Cafu, Júnior) ou jogam no meio-campo (Serginho). Os técnicos italianos não admitem jogar como no Brasil, com dois zagueiros e os laterais avançando. Eles sabem que não dá tempo para os volantes fazerem a cobertura.
Gostaria de ter visto a partida entre Vasco e São Paulo somente como um amante do belo futebol, sem preocupações táticas. Mas, por hábito e obrigação de comentarista, vi, além de belíssimas jogadas, uma sucessão de erros.

E-mail: tostao.folha@uol.com.br



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