São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011

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JUCA KFOURI

A festa do TCU FC


Fica cada vez mais claro que o Tribunal de Contas da União é só para constar, não para fiscalizar


ANTES E DEPOIS dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007, muito se esperou do tanto que o Tribunal de Contas da União prometeu em relação à farra com dinheiro público na realização do evento.
Mas o resultado final não só foi decepcionante como, ainda por cima, teve a peculiaridade de passar a mão na cabeça dos responsáveis, tanto do Ministério do Esporte como do Comitê Olímpico Brasileiro, ao considerar que os excessos, diversos, incontáveis, fantasmagóricos, foram fruto da inexperiência dos organizadores, que nunca antes neste país tinham organizado algo semelhante.
Pior: o responsável pelo relatório não só se aposentou antes de apresentar as tão aguardadas conclusões como, ainda por cima, andou "chefiando" uma delegação da seleção brasileira de futebol, revelando uma intimidade com a cartolagem, no mínimo, indesejável para um ministro do TCU.
Mas a vaidade e as mordomias da CBF falaram mais alto e, de promiscuidades semelhantes, o COB também se beneficia.
A mudança de tom do TCU, entre suas investidas iniciais e suas decisões finais, chega a ser constrangedora, e não é por outra razão que os investigados, em regra, não dão a menor pelota e riem das investigações.
Daí também não surpreender que o atual presidente do TCU tenha recebido mais de R$ 200 mil para fazer palestras pagas por órgãos públicos e entidades que estão submetidos à sua fiscalização.
E é por isso que você, raro leitor, não deve esperar nada das bombásticas denúncias que serão feitas pelo TCU em relação à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil.
Será tudo para inglês ver no começo e para acabar em pizza.
Ou a imprensa independente, aquela que de nenhuma maneira se associa aos eventos, e entidades da sociedade civil como a OAB tomam para si a responsabilidade de fiscalizar e denunciar os desmandos, a má gestão, a corrupção, ou ficará tudo por isso mesmo.
E você não estranhe a falta de nomes, seja o do ministro que chefiou delegação esportiva e se aposentou antes de apresentar o relatório final, seja o do atual presidente.
Porque o problema é estrutural, não adianta fulanizar, embora o primeiro se chame Marcos Vilaça, sim, o presidente da Academia Brasileira de Letras, e o segundo, Benjamin Zymler.

blogdojuca@uol.com.br


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