São Paulo, segunda-feira, 30 de março de 2009

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JUCA KFOURI

Um show de horrores


A altitude de Quito embebedou a seleção, que conseguiu um empate que só Júlio César mereceu


A SELEÇÃO , tonta, levou um sufoco o jogo inteiro. E só empatou em 1 a 1 porque, em março, era tarde de Júlios: o goleiro César, que fechou o gol até onde foi possível, e o atacante Baptista, que fez gol no primeiro lance de que participou. De resto, o time deve agradecer à má pontaria equatoriana e ao deus dos estádios, porque 4 a 0 seria um resultado razoável para o que não se viu o time de Dunga fazer.

Difícil dizer quem foi pior: se Luisão e suas furadas mirabolantes, Felipe Melo e sua grossura, Gilberto Silva e seu esquecido futebol em alguma esquina londrina, Ronaldinho e sua cabeça cabeluda ou Robinho, embora Elano também tenha sido uma enorme decepção. E pensar que por uns minutinhos teríamos de aguentar Dunga saudando a defesa que montou e que quase completou seis jogos e meio sem tomar gols... Resta dizer que, enfim, chegamos ao ideal europeu: nosso melhor jogador é um goleiro. Viva!

Paulistinha
A vitória do São Paulo sobre o Palmeiras não teria importância maior não fosse o seu significado moral, relacionado com a Libertadores que ambos disputam. A insegurança da defesa só faz dar mais saudades de Henrique, uma perda sentida até hoje. Sem se falar que a imaturidade do alviverde do meio para frente, ainda mais sem Diego Souza, tem ficado patente em momentos de decisão. E no dia 8 tem o Sport na Ilha... Como não teria maior significado o empate do Corinthians com o lanterna Guarani, não fosse o oitavo em 17 jogos contra adversários majoritariamente muito fracos e de um time caro que começou a se preparar bem antes dos demais grandes que estão à sua frente. Mais do que Ronaldo, é o time de Mano Menezes que precisa melhorar e ir além da terceira colocação.

Lero-lero
Orlando Silva, o ministro do Esporte, não o grande e saudoso cantante, evoca uma frase, que virou praxe no encerramento de todas as competições olímpicas, para dizer que o Pan-2007 foi o melhor de todos os tempos. Coisas de quem caiu de paraquedas na área. Mas não diz que foi o mais caro, com custo total superior à soma dos últimos quatro Pans. Nem faz referência a quanto custou o Centro Esportivo Deodoro, totalmente financiado por dinheiro público, a cargo da empreiteira Camargo Corrêa. Aliás, foge deste tema como o diabo da cruz. Este Orlando Silva, digo, Orlando Lero, não deixará saudades quando sair do ministério para ser candidato a deputado federal e deixar em seu lugar, muito provavelmente, outro ex-presidente da UNE, do PC do B, um eterno estudante de medicina também sem nenhuma ligação anterior com o esporte, chamado Wadson Nathaniel Ribeiro, atual secretário-executivo do ministério e substituto do ministro nas tantas horas vagas.

Ficamos assim?
Nem complacentes com a corrupção dos poderosos nem coniventes com as arbitrariedades da autoridade. Sem idolatrar os mocinhos, sem vitimizar os bandidos. blogdojuca@uol.com.br


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