São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

A derrota da auto-suficiência

Como aconteceu diversas vezes nesta temporada, o Santos jogou como se a vitória fosse surgir ao natural

A TEMPERATURA estava agradável, o gramado, seco, e havia mais de 30 mil santistas no Morumbi. Poucos, é verdade (porque o torcedor adora os campeonatos estaduais...), mas todos com a certeza de que veriam a vitória do melhor time, o do Santos. Certeza que o próprio time do Santos demonstrou ter, com uma incrível auto-suficiência, a mesma que já havia mostrado em jogos anteriores sem se dar mal. Desta vez se deu. E muito mal.
Porque o São Caetano foi melhor do que o Santos em todos os aspectos, nos táticos, inclusive. A começar que usou tudo que pôde, sem abrir mão de nada, como o Santos, por exemplo, abdicou de botar Rodrigo Tiuí até no banco. E a continuar com a seriedade com que marcou as melhores jogadas do Santos, com que soube suprir a grave ausência de Canindé, suspenso, e, com três zagueiros, para deixar clara a deficiência santista sem um centroavante de ofício.
O resultado foi o que se viu. Antônio Carlos e Kléber dormiam na intermediária quando Luiz Henrique foi lançado para abrir o marcador, aos 8min, ainda antes que o Santos desse seu primeiro chute ao gol, o que só foi acontecer aos 15min, com Marcos Aurélio. E o Azulão quase não correu riscos no primeiro tempo, a não ser no último minuto, quando Zé Roberto pegou mal na bola e desperdiçou uma bela chance. No segundo, não. O São Caetano teve de se virar.
Com Pedrinho e Jonas, o Santos voltou esperto e deu a sensação de que, ao menos, empataria. Jonas teve uma oportunidade de ouro aos 6min, e Rodrigo Souto, outra, menos clara, aos 25min. Mas, daí, Fábio Costa apareceu. Não só para fazer um milagre aos 26min em chute à queima-roupa de Luiz Henrique, como para fazer daqueles pênaltis de que só ele é capaz, razão principal para ser uma irresponsabilidade pensar nele como goleiro de seleção brasileira. E Somália liquidou a fatura como seu time fez por merecer.
O Santos corre o risco de se juntar ao Palmeiras como mais um grande a ser derrotado por pequenos em decisões estaduais na história do Campeonato Paulista, façanha alviverde em 1986, contra a Inter de Limeira, também no Morumbi.

Dia do goleiro?
O Dia do Goleiro foi no 26 de abril. Porque ontem, definitivamente, não foi. Em três decisões, quatro lambanças dignas de nota: a do pênalti de Fábio Costa; o pênalti infantil que causou a expulsão do jovem e bom Júlio César, do Botafogo, cuja saída abriu as portas para a reação do Flamengo num jogo fantástico e que contou ainda com uma falha imperdoável do goleiro Max, que entrou no lugar do número 1 botafoguense; e o gol que Fábio, do Cruzeiro, levou, de costas, distraído, na goleada implacável que o Galo aplicou sobre o Cruzeiro, equivalente ao título mineiro por antecipação.

Octavio Frias
Estive poucas vezes com ele. Na primeira, eu era do comando da greve dos jornalistas, em 1979. Tivemos uma conversa difícil, mas absolutamente franca e na qual ele fez questão de deixar bem claro como agiria diante da paralisação, sem enganar ninguém. Assim fez. Depois, em 1995, ao sair da Editora Abril, na qual trabalhei por 25 anos, ofereci uma coluna ao diretor de Redação desta Folha, Otavio Frias Filho.
Quando ele soube, transformou minha oferta em "intimação" ao filho, ao dizer que minha coluna seria equivalente, no esporte, à de Janio de Freitas, na política. Sei que não consegui, mas tenho por ele profunda gratidão.

blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Luiz ofusca Douglas e é herói do jogo
Próximo Texto: Fábio Costa faz pênalti e se desculpa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.