São Paulo, sábado, 30 de abril de 2011

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Federação é acusada de propor segregação racial

FRANÇA
Entidade nega proposta para reduzir atletas de origem africana


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Federação Francesa de Futebol tenta se livrar de novo imbróglio envolvendo denúncia de segregação racial.
O site Mediapart (www.mediapart.fr) publicou que alguns dirigentes da entidade são favoráveis ao estabelecimento de cotas para reduzir o número de atletas negros e de origem árabe nos programas de treinamento.
De acordo com o site, pessoas influentes na federação, incluindo o técnico da França, Laurent Blanc, aprovaram proposta, para as categorias acima de 13 anos, limitando em 30% o número de jogadores vindos da África nos centros de treinamento.
"Não há plano para a introdução de cotas", disse Blanc. "É mentira dizer que o técnico da França está envolvido", completou o campeão da Copa-98, integrante de um time chamado de "Black- -Blanc-Beur" (negros, brancos e árabes) pela mídia francesa e cujo maior astro era Zidane, de origem argelina.
"Você não pode estabelecer cotas no futebol. Isso não existe. Futebol é feito de diversidade", afirmou Blanc.
O presidente da federação, Fernand Duchaussoy, negou que "instruções" tenham sido dadas oficialmente.
"Porém há discussões informais. Não posso estar em todo lugar", disse o dirigente, que anunciou uma investigação interna sobre o assunto. "Estou confiante [de que não haja nada errado]."
A federação reconhece que discute o fato de o país ter muitos jovens jogadores com dupla nacionalidade.
"Enfrentamos uma situação que é única na Europa: quase 45% dos nossos jovens têm dupla nacionalidade", falou o diretor técnico da federação, François Blaquart.
"Entre esses jovens, quase 20% decidem atuar por outro país depois que nós os treinamos. É realmente a função da federação desenvolver jogadores para outros países?"
O assunto extrapolou os círculos esportivos, assim como já havia acontecido na Copa do Mundo-2010.
Após a França ser eliminada na primeira fase, a crise na seleção foi tratada pelo governo como uma "questão racial". A quantidade de negros e imigrantes na equipe, racismo e até falta de patriotismo entraram no debate.
Agora, com eleições presidenciais marcadas para 2012, o país vê a Frente Nacional, de extrema direita, ganhar espaço, defendendo o rígido controle da imigração.


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